A grandeza do espírito humano consiste em elevar-se da
confusão, do caos das continências à concepção da ordem geral. Ele pode então
sentir-se em segurança no meio dos perigos do mundo, porque compreendeu as
grandes leis que, à custa de alguns acidentes, asseguram o equilíbrio da vida e
a salvação das raças humanas.
O homem em que o sentido profundo, o sentido das coisas
divinas ainda não despertou, o cético, em uma palavra, quaisquer que sejam sua
inteligência e seu saber em outras matérias, recusa-se a admitir estas coisas. Seria
tão supérfluo insistir, quanto
explicar a um cego de nascença as cores do sol e das auroras, os jogos da luz
sobre as águas ou sobre as geleiras. Ser-lhe-ão necessários choques da
adversidade, o concurso das circunstâncias dolorosas, que o colocarão em
contato direto com o seu destino e lhe farão sentir juntamente com a utilidade
dos sofrimentos, essas noções de sacrifício e de esperança pelas quais a vida
toma o seu sentido real e elevado.
Somente, então, poderá penetrar o grande mistério do
universo, e compreender que tudo tem sua razão de ser, que a dor tem seu papel,
e que podemos tirar proveito de tudo, da provação, da moléstia e da morte,
porque tudo, segundo o uso que fazemos, pode concorrer para o nosso
adiantamento, para o nosso melhoramento moral. Desde então, a confiança e a fé
o ajudarão a suportar pacientemente o inevitável, a abolir a desventura
presente, a sofrer em paz. O conhecimento da Lei lhe dá a certeza de melhores
dias e de um futuro sem-fim.
A partir desse dia, sua vida, tão obscura, tão vulgar,
incolor que é, iluminar-se-á de um raio de luz e de poesia, porque a poesia
mais verdadeira é feita da ressonância íntima da sinfonia eterna e do acordo de
nossos pensamentos, de nossos sentimentos e de nossos atos com a pauta de nosso
destino.
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” POR LUÍZA CONY
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