segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A UTILIDADE DOS SOFRIMENTOS


A grandeza do espírito humano consiste em elevar-se da confusão, do caos das continências à concepção da ordem geral. Ele pode então sentir-se em segurança no meio dos perigos do mundo, porque compreendeu as grandes leis que, à custa de alguns acidentes, asseguram o equilíbrio da vida e a salvação das raças humanas.
O homem em que o sentido profundo, o sentido das coisas divinas ainda não despertou, o cético, em uma palavra, quaisquer que sejam sua inteligência e seu saber em outras matérias, recusa-se a admitir estas coisas. Seria tão supérfluo insistir,          quanto explicar a um cego de nascença as cores do sol e das auroras, os jogos da luz sobre as águas ou sobre as geleiras. Ser-lhe-ão necessários choques da adversidade, o concurso das circunstâncias dolorosas, que o colocarão em contato direto com o seu destino e lhe farão sentir juntamente com a utilidade dos sofrimentos, essas noções de sacrifício e de esperança pelas quais a vida toma o seu sentido real e elevado.
Somente, então, poderá penetrar o grande mistério do universo, e compreender que tudo tem sua razão de ser, que a dor tem seu papel, e que podemos tirar proveito de tudo, da provação, da moléstia e da morte, porque tudo, segundo o uso que fazemos, pode concorrer para o nosso adiantamento, para o nosso melhoramento moral. Desde então, a confiança e a fé o ajudarão a suportar pacientemente o inevitável, a abolir a desventura presente, a sofrer em paz. O conhecimento da Lei lhe dá a certeza de melhores dias e de um futuro sem-fim.
A partir desse dia, sua vida, tão obscura, tão vulgar, incolor que é, iluminar-se-á de um raio de luz e de poesia, porque a poesia mais verdadeira é feita da ressonância íntima da sinfonia eterna e do acordo de nossos pensamentos, de nossos sentimentos e de nossos atos com a pauta de nosso destino.
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” POR LUÍZA CONY


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