Mal o príncipe entrara na sala do trono, o Rei foi
perguntando, com voz meio triste e abatido:
- Encontrou o homem feliz, meu filho?
- Cheguei a encontra-lo, meu pai.
- E trouxe, assim como recomendou o Sábio da Corte, a
camisa do homem feliz, para que eu possa vesti-la e curar-me desta tristeza,
aprendendo a sorrir de novo?
O príncipe baixou a cabeça e disse:
- Foi impossível trazê-la, meu pai.
O Rei ficou aborrecido com a resposta.
Como impossível? – Ele trovejou mal-humorado.
- Acaso não lhe disse que era um pedido meu? Ou será que
esse homem feliz não vive no meu reino?
O filho, muito cuidadoso, informou:
- O homem feliz não usa camisa, meu pai, meu Rei!
Aquela revelação surpreendeu o Rei, pois ele aguardava
ansioso, a vinda da camisa que o faria sentir-se feliz, bom e justo. Mas o
príncipe lhe dizia que o homem feliz não usava camisa.
Decorreram algumas horas de silêncio e finalmente, o Rei
voltou a falar: - Compreendi a lição, meu filho!
Um homem, para ser feliz, não precisa ter camisa, não é
isso?
- Exatamente, meu pai!
O Rei levantou-se do trono e anunciou: - Assim sendo, a
partir de hoje não mais usarei camisas!
Deste dia em diante, o Rei apresentava-se sem camisa em
toda parte. Isto deixava uma desagradável impressão de que estava desajustado
por estar sem camisa, diante de seus visitantes, inclusive reis de outros
reinos.
Nos salões do reino ferviam os comentários: “O Rei estava
de miolo mole!” ou “O nosso Rei estava exagerando!” ou “Talvez esteja velho
coroca!”.
Um dia, o príncipe tomou coragem e falou com o pai sobre
o respeito devido aos que iam ao palácio real e pediu que voltasse a usar camisas.
- Qual nada, meu filho! Eu quero ser feliz. E, se minha
camisa há de fazer-me triste e aborrecido, prefiro viver sem ela.
O príncipe amargurava com os cochichos sobre o Rei,
decidiu abrir seu coração para sua noiva, que lhe deu uma ideia: - Convide o
homem feliz, que não usa camisa a fazer parte da corte. E, então, serão dois a
viverem felizes sem camisa. O príncipe concordou e ordenou para que o homem
feliz, com toda sua família, viesse ao palácio, para viverem perto do Rei.
O príncipe agora suspirava mais tranquilo, porque o homem
feliz fez diminuir o disse-que-disse em torno do Rei. Porém, aos poucos, alguns
dos que frequentavam o palácio real começaram a perceber que o homem feliz se
tornara o preferido do Rei. Os dois estavam sempre juntos. Bastava que o homem
feliz falasse sobre qualquer assunto, e o Rei o transformava em lei para todo o
Reino.
Os mais interesseiros começaram a fazer amizade com o
homem feliz e a bajulá-lo, para conseguir alguns favores reais. Mandavam-lhe
presentes, carruagem e joias. Certa vez, foi até levado ao palácio de um
fidalgo e acabou se mudando, com a família e tudo, para lá. Completando o
quadro, um mercador, que precisava das graças reais, doou-lhe uma das mais
ricas coleções de roupas confeccionadas com deslumbrantes tecidos orientais de
ouro e prata.
Então, o homem feliz vestiu uma camisa!
O príncipe, quando viu o homem feliz passeado pelos
jardins com as suas novas roupas, correu para anunciar o fato ao Rei.
- O homem feliz, meu pai, está vestido.
- Vestido? – espantou-se o rei – O home feliz está de
camisa?
Sim meu pai! Eu
mesmo o vi, esta manhã, vestido com roupas ricas. Foram naturalmente, presentes
de alguém que deseja conquistar as preferências dele, para que ele possa
pedir-lhe um favor real.
- Não acredito! Não acredito!
- Creia ou não, meu pai, é a verdade.
O Rei gesticulando muito que o homem feliz fosse vê-lo
assim como estivesse: vestido ou despido.
Diante do Rei, o homem feliz baixava a cabeça, humilde e -
Pois então, não resistiu à tentação?
- Não, Majestade!
- E por que se vestiu como todos?
- Você não era feliz como estava?
- Meu Rei, nos primeiros dias, em que aqui cheguei, eu me
sentia tão feliz com as outras pessoas, eu quis ser igual a todas elas. Eu quis
algumas facilidades e ser dono de alguma coisa!
- Ora, ora... e com essa roupa você continua feliz?
0 homem feliz ficou sem fala.
A noiva do príncipe, que estava próxima a ele, falou
baixinho:
- Agora é sua hora, príncipe. Fale com seu pai.
- Meu pai, aí está outra lição para nós. Se um homem
aprendeu a ser feliz quando quase tudo lhe faltava, sendo feliz até sem camisa,
também o será na riqueza, na fortuna.
O rei ouviu pensativo.
- Pai, os momentos felizes não nascem do que se tem e sim
do que se faz de bem ao nosso semelhante. Quando o senhor se despiu, passou a
dar mais atenção para os menos felizes e a atendê-los. Isso é que fez a sua
felicidade!
Imediatamente, o rei pediu que a sua futura nora, a noiva
do príncipe, fosse buscar algumas camisas.
Quando ela voltou, o Rei vestiu uma camisa, distribuiu
outras para o povo que governava e continuou a reinar feliz e fazer os outros felizes.
*
O sofrimento compreendido conduz à glória da felicidade –
o sofrimento incompreendido, leva a uma infelicidade.
*
Cada dia que você vive é um presente do amor de Deus Pai.
Portanto, viva todo esse amor para garantir cada vez mais a saúde em seu corpo
e em sua mente, e tudo o que está tendo de experiências deve senti-las com
otimismo.
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O usuário de drogas ilícitas vive um inferno. O inferno
do vício, o inferno da escravidão. Traz sofrimentos, perturbações mentais que
acabam atraindo espíritos maldosos. Por isso prevenir é tão importante. Quando o
problema surge, é preciso paciência, muito amor, perseverança. Não se retira um
filho das drogas com espancamentos nem com expulsões.
Quando o vício já faz parte da vida de um jovem, é
preciso mais cuidado ainda, mais amor ainda para que uma nova vida possa
surgir. Uma vida iluminada.
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Quem realmente deseja ser feliz, não deve viver
angustiado, triste, desanimado, entregue à preguiça física e mental, mas
trabalhar constantemente, com vontade de vencer, empregando parte do seu tempo
em trabalhos de beneficência, recorrer à prece e a boa leitura, e sempre que
possível, fazer uma viagem astral para dentro de si mesmo, através do silêncio
e do recolhimento.
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A alegria é uma toalha de luz que deve permanecer sempre
acesa, iluminando todos os nossos atos e servindo de guia aos que se chegam a
nós.
*
MOTIVAÇÃO – “VIVER BEM É SABER VIVER A VIDA” – POR LUÍZA
CONY