No dicionário do pensamento Cristão, sucesso é vitória
sobre si mesmo e sobre as paixões primitivas. O mundo convencionou que sucesso,
porém, é triunfo nos negócios, nas profissões sociais, com destaque da
personalidade, aplausos e honrarias, todos eles de efêmera duração.
No primeiro caso, ninguém toma conhecimento, embora
transpareçam, no convívio com a pessoa, as alterações emocionais e
comportamentais, proporcionadas pela paz, sensibilidade afetiva, docilidade no
trato.
No segundo, a exaltação e a glória chamam a atenção,
despertam a inveja, a cobiça, provocam comentários, intrigas, competições.
O indivíduo que experimenta o sucesso interno torna-se
gentil, quanto afável, irradiando bondade, e conquista em profundidade, sem
excentricidades, àqueles que se lhes cercam. Quando, no entanto, é externo esse
triunfo, torna-se ruidoso, impondo preocupação manter o status, chamar a
atenção, atrair os refletores da fama.
A plenitude domina aquele que se domou e trabalha pelo
crescimento íntimo, sem pressa nem perturbação. Já aquele que desfruta da projeção
externa, sofre solidão, vazio, frustrações e tédio. O convencional indivíduo de
sucesso não é, necessariamente, uma pessoa feliz. Persegue-se, no entanto, na
Terra, esse sucesso convencional, com sofreguidão perturbadora, com objetivos
imediatistas e sobrecargas de emoções em desgastes. Para conquista-lo e
mantê-lo surgem desgostos causados por doença, guerras surdas e declaradas são
acionadas, ódios sangrentos se propõem pelo caminho do ponto mais elevado, e,
quando se alcança o topo, receios injustificáveis, artifícios complexos de
irritação e de escândalos são reunidos para a preservação do lugar conquistado.
O sucesso sobre si mesmo acentua a harmonia e aumenta a
alegria do ser, que se candidata a contribuir em favor do grupo social mais
equilibrado e feliz, levando o indivíduo a doar-se ao trabalho.
*
O sucesso de Júlio Cesar, conquistador do mundo, entrando
em Roma em carro dourado e sob aplausos da multidão, não o isentou do punhal de
Brutus nas escadarias do Senado.
O sucesso de Nero, suas conquistas de homem vilão, não o
impediu da morte infamante a que se entregou desesperado.
O sucesso de Hitler, em batalhas cruéis nos campos da
Europa e da África, não alterou a sua covardia moral, que o conduziu ao
suicídio vergonhoso.
O sucesso, porém, de Gandhi, o fez enfrentar a morte
proferindo o nome de Deus.
O sucesso de Pasteur auxiliou-o a aceitar a tuberculose com
serenidade.
O sucesso dos mártires e dos santos, dos cientistas e
pensadores, dos artistas e cidadãos que amaram, ofereceu-lhes resistência para
suportarem as afrontas e crueldades com espírito de abnegação, de coragem e de
fé.
Todos aqueles que transitam na forma física, no Educandário
terrestre, de breve duração, deixam um dia o carro material, levando, no
entanto, dos depósitos da alma, os tesouros obtidos com os seus sucessos...
Avalie, de sua parte, qual o sucesso mais valioso, aquele
que realmente merece a sua entrega total. Sem que se afaste do mundo, ou
abandone a luta do convívio social, busque o sucesso – a vida correta, os
valores de manutenção do lar, da arte e do amor – descobrindo que, nesse
trabalho, terá tempo e motivo para o outro sucesso, o de natureza interior.
Quem visse o sucesso de Pilatos, de Anás e de Caifás na
política e na religião, encarcerando Jesus traído por um amigo e crucificado
entre bandidos comuns, certamente não os lamentaria, constatando depois que,
aparentemente vencido, foi o Mestre o conquistador do real sucesso,
permanecendo até hoje como símbolo e modelo de vitória sobre si mesmo,
chamando-nos para imitá-LO.
***
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” POR LUÍZA CONY
Nenhum comentário:
Postar um comentário