O quanto poderia ir longe um movimento de pessoas que se
dizem cansadas? Eis a questão. Para demonstrar indignação, paciência esgotada
ou inconformismo com alguma coisa em minha vida, sinceramente eu não diria que
cansei.
No meu entender, dizer-se cansado é entregar os pontos,
reconhecer-se impotente para mudar algo que incomoda. “Cansei” tem mais a ver
com desistir do que com lutar. Traduz resignação, não atitude. E como parece que tem gente cansada neste
mundo. O que mais vemos são pessoas que reclamam das adversidades da vida, e
desistem de seus objetivos ao encontrar obstáculos que consideram incapazes de
superar. Talvez por isso, no
desenvolvimento humano, venha sendo tão enaltecida ultimamente a capacidade de
atravessar crises e dificuldades sem se entregar, sem abrir mão daquilo que se
deseja, sem se desestruturar.
Estudiosos do comportamento humano têm investigado porque
certas pessoas (a minoria) tem essa capacidade, enquanto outras (a maioria) não
têm. Estudam a psique e o modo de vida de gente “dura na queda”, que, por
exemplo, vai à falência nos negócios, mas dá a volta por cima e logo já está
abrindo outra empresa; perde tudo em guerras ou catástrofes naturais, às vezes
até a família, e recomeça a vida; sofre acidentes ou doenças gravíssimas e,
contraindo todos os prognósticos médicos, consegue recuperar-se.
Os estudiosos tentam entender o que torna as pessoas resilientes:
se é um fator genético, o ambiente familiar e social, o perfil psicológico ou o
sistema de crenças do indivíduo, por exemplo. A impressão que dá e que essa
capacidade de atravessar graves crises e reorganizar a vida é considerada um
traço incomum, um “plus” que alguns possuem. Mas eu me pergunto: será que não
se trata de um potencial que o ser humano de fato tem, mas que nem todos usam? Penso
que pode ser isso.
Se observarmos a Natureza, veremos que todos os seres vivos,
desde os mais elementares, têm a capacidade de se adaptar a mudanças,
sobreviver a crises e se reorganizar. Vírus e bactérias mutam para resistir a
ambientes hostis. Plantas brotam depois de ter galhos cortados. Animais migram
quando as condições do habitat dificultam sua sobrevivência. Enquanto ser biológico, o homem não destoa da
Natureza: seu organismo reconstitui tecidos, seu cérebro recupera as funções
executadas por uma área que foi lesionada, seus demais sentidos se aguçam para
compensar a perda da visão... Enquanto ser racional, porém o homem reclama! Ele
encara essas circunstâncias como ameaças à sua estabilidade e vontade, por isso
protesta, esperneia, reclama... Só que isso não produz nada, a não ser
desperdício de energia. O homem por fim se cansa, se resigna com a situação e “deixa
para lá”. E tudo continua como está.
Como seres racionais, na verdade, o que deveríamos fazer
ante a adversidade ou a crise é nos perguntar: “Por que estou passando por
isso? O que essa situação pode me ensinar?”. Porque enquanto os outros seres
vivos sobrevivem e evoluem por sua própria natureza, devemos fazê-lo por vontade
e consciência. Não gostamos de adversidades, problemas e crises porque eles
desestabilizam nossa vida, interrompem nosso curso, trazem desconforto e dor. E
se há alguma coisa que tentamos a todo custo evitar é a dor! É para não torna-la
mais intensa que muitas vezes evitamos ir fundo nas causas dos nossos problemas
ou atravessar nossas crises. Tentamos nos convencer de que “isso não tem jeito
mesmo” e entregamos os pontos. A dor continua lá, incomodando, mas vamos
tentando conviver com ela, nos distraindo com outras coisas para ver se quem
sabe ela passa... Mas será que passa? Em
nosso íntimo, sabemos que não.
O problema que resistimos a resolver, e a crise que tentamos
ignorar se aprofundam... Chega um momento em que a situação fica insuportável,
e somos obrigados a tomar uma atitude. Por isso, em vez de dizer que cansei,
prefiro partir logo para o “decidi agir”. Quanto mais cedo tomarmos uma atitude
com relação ao que nos prejudica ou incomoda, melhor.
Precisamos viver na automotivação. A motivação de dentro
para fora, e não de fora para dentro! O que podemos fazer é não nos
desmotivarmos, mas querer motivar alguém não é nossa função, nem direito, nem
realidade, nem poder...
Pode até ser considerada manipulação, mas podemos ensinar as
pessoas como se manter auto motivadas, o que depende de auto dependência, autoconfiança,
autoconhecimento, autoestima e principalmente de saber seu sentido de vida, sua
relevância nesse mundo!
Se você está cansado de uma situação incômoda de sua vida,
olhe para ela. Que sentimentos ela provoca em você? Que prejuízos está lhe
trazendo? Que aprendizado ela pode lhe proporcionar? Que atitude você deve
tomar para acabar com isso logo?
Coragem, sacuda esse cansaço. Decida agir!!!
A “VARINHA MÁGICA” DE LUÍZA CONY