A avaliação
do Cristo –Jesus convidando o homem a
ser perfeito como o Pai, indica-lhe a meta definitiva e venturosa, pois há de
ser tão feliz como feliz deveríamos conceber a Natureza Divina. Embora não
possamos dizer que Deus é feliz, porque não dispomos de uma unidade de medida
exata que nos proporcione a ideia do oposto “infeliz”, sabemos, através de
Jesus, que o “homem perfeito” é o homem absolutamente feliz, porque ele já
desenvolveu em si mesmo o fundamento divino de Deus.
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Tomas de Aquino
é considerado o maior teólogo do Cristianismo Eclesiástico; escreveu volumosos
tratados de Teologia. Mas, pelo fim da vida, teve uma visão ou revelação e
nunca mais escreveu nada, dizendo “tudo que escrevi é palha”.
Quando então
aparece no meio do povo iludido um
verdadeiro Avatar (nome dado na Índia às encarnações de um Deus, sobretudo às
de transformação de um ser em outro) – vide dicionário da língua portuguesa. Um
mensageiro de Deus iniciado nos mistérios do Reino dos Céus todas as almas
sedentas de luz e força, respiram aliviadas e cheias de esperança, dizendo a si
mesmas: “Nunca ninguém falou como este homem... – Fala como tem poder e
autoridade, e não como os escribas e sacerdotes”.
Os ouvintes
não sabem definir o estranho sortilégio que lhes acontece; sentem algo que não
podem nomear... Têm a impressão de sair de um escuro subterrâneo escassamente
iluminado por fumegantes lâmpadas, e entrar subitamente na imensa claridade
solar.
Não há maior
crime do que arvorar-se alguém em guia espiritual de outros sem ter experiência
pessoal de Deus e do mundo invisível. O homem profano não pertence a religião;
é oposto ao respeito que se deve ter a coisas sagradas; pouco mal faz a seus
semelhantes, porque ninguém o toma por guia nas veredas incertas do Universo
espiritual; mas o homem profano que se arvora em iniciado é um perigo para
outros profanos que o tomam por um iluminado. Agem como “guias cegos conduzindo
outros cegos”.
O que leva
um pseudo-iluminado a se apresentar como iluminado é quase sempre, a ambição do
prestígio, a cobiça do dinheiro ou o orgulho mental.
A América
Cristã continua sendo invadida por gurus orientais, que se cercam de mistérios
e vestem roupagens iniciáticas, desorientando principalmente a juventude; usam
certas técnicas exóticas e termos sânscritos fazendo crer aos ingênuos que com
isto entram em contato direto com Deus. Alguns chegam a recomendar o uso de
drogas para produzir experiência do mundo espiritual. Todos eles “roubam a
chave do conhecimento do Reino de Deus”. Essa chave consiste numa experiência
interna, não condicionada por nenhuma formalidade externa. O poder vem de
dentro, a fraqueza vem de fora.
O ritual dá
prestígio externo – o espiritual dá força interna,
“A letra
mata – mas o espírito dá vida”.
Quem exerce
o ritual sem possuir o espiritual é falso profeta; roubou a chave do
conhecimento do Reino de Deus. Iludido, ilude os outros.
Cego, conduz
outros cegos, e acabarão todos por cair na cova.
Ignorância do
mundo espiritual é treva – experiência é luz.
Só pode
iluminar quem foi iluminado.
Só pode dar
aos homens quem recebeu de Deus.
Só pode
distribuir aos homens quem possui os tesouros da Divindade.
É necessário
que o Guia Espiritual compreenda que a única possibilidade de guiar os outros
está em que ele se deixe guiar por Deus, e que nenhuma igreja ou seita lhe pode
dar essa experiência. Todas as igrejas e seitas são como outros tantos marcos
colocados à beira do caminho da vida, nas encruzilhadas dúbias; quem parasse ao
pé desses marcos ou se contentasse com olhar na direção indicada pelas flechas,
não chegaria jamais ao final da jornada. O marco não deve ser adorado como fim,
deve apenas ser olhado como meio de orientação, e depois ultrapassado. Quem não
ultrapassa os marcos dogmáticos da sua
seita não cumpre o seu destino.
A Alma do
Cristianismo não é algo que se possa ensinar ou aprender intelectualmente, num
curso de teologia ou de interpretação minuciosa de um texto; é algo que deve
ser vivido e sentido, e até sofrido, em profundo silêncio e fecunda solidão. Podem,
na melhor das hipóteses, outros guiar-me até ao limiar do santuário, mas só EU
é que posso transpor esse limiar e encontrar a Deus, face a face.
Ninguém pode
me dispensar da experiência pessoal que devo ter de Deus.
Ninguém pode
ser bom e santo em meu lugar.
Ninguém pode
ser meu procurador ou vice- gerente perante Deus.
Não existe
essa ilegalidade ou esse contrabando no Reino de Deus.
A única
entrada legítima é a entrada honesta pela experiência própria.
Todo e qualquer guia que não me prepare para que eu
possa um dia, ter, por mim mesmo e sem ninguém esse encontro pessoal com Deus,
é guia cego, não é condutor, mas sedutor.
O dia mais
glorioso para o verdadeiro mestre, é o
dia em que ele se torna supérfluo e dispensável, o dia glorioso em que a alma
por ele guiada já não necessite de guia, por se ter tornado espiritualmente autônoma
e independente, para andar segura e firme nos caminhos de Deus.
*
Entrega a
aflição de cada dia ao silêncio de cada noite.
*
Ninguém praticaria
o mal se antes conhecesse o fruto das amarguras.
*
Hoje,
talvez, poderás censurar os erros dos semelhantes. Mas, amanhã, mendigarás o
perdão dos outros pelos teus desatinos.
***
A “SENTINELA
DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY