É um fato
bastante extraordinário e maravilhoso que todas as qualidades basicamente belas
como a humildade, simplicidade, pureza e outras que são inomináveis fundam-se
em uma condição de mente e de coração. Igualmente, todos os vícios estão
vinculados reciprocamente, sendo todos eles a geração de autoafirmação
egoística e de desejo; constituem um grupo estreitamente associado, enquanto
que as virtudes consideradas separadamente, constituem uma única constelação.
É o desejo
por aquilo que se quer e se gosta, ou busca possuir e reter, que nos torna tão
positivos. Mas será que não pode haver o movimento puro do coração, semelhante
ao desejo embora não possamos denomina-lo desejo, sem um Eu que se vincula ao
objeto desejado, possui a mesma qualidade que o amor. Surge de uma mudança no
nosso coração, de uma inclinação da vontade, que faz com que a beleza de algo,
seja uma pessoa, um objeto, fenômeno ou ideia, flua dentro do coração.
Tal movimento
surge, não da memória de uma experiência precedente, como ocorre com o desejo
comum, porém como uma qualidade que pertence ao livre fluxo da vida. A afirmação
e o desejo que busca possuir andam juntos. Podemos não ter compreendido quão
estreitamente estão ligados. Quanto mais exigências e impulsos a pessoa tiver,
tanto mais dominadora e positiva ela certamente será. Quando digo “eu quero
isto”, o modo afetado de se expressar, por mais inconsciente que seja, está
centrado no EU.
As vidas de
tantas pessoas são inexpressivas e tristes, não pela falta de acontecimentos
interessantes e fenômenos, mas por causa de um pesado véu sob o qual as pessoas
vivem e têm a sua existência. Pode-se viver em meio a um turbilhão de excitações,
mas quando se desgasta a novidade de uma coisa após outra, a vida passa a ser
inexpressiva, perde o seu impulso, e destitui-se de alegria; as excitações,
então, apenas somam para a infelicidade. Constitui uma experiência bastante
diferente viver sem um véu obscurecedor sobre as nossas vidas.
É a nuvem
impregnada com nossas memórias que sobrecarrega o céu da consciência pura. As memórias
precisam necessariamente existir como impressões recebidas no passado, mas elas
podem existir sem se transformarem em
nuvens carregadas com reações que afetam o presente. Quando este é o caso, elas
desaparecem do nosso horizonte. Sem obstruir a luz que flui de cima. É memória
carregada com paixões, com anseios, ressentimentos e assim por diante, que cria
os nossos diferentes estados de humor, para usar a língua do alquimista, a cólera,
a melancolia, etc; são todas aflições do eu psíquico, o corpo de nossa mente,
dando origem a complicações e desordens que ocasionam diferentes tipos de
disfunções.
Quando se
estuda isso de uma forma puramente intelectual, está-se apenas manuseando um
mapa; o mapa não é o País. É necessário viajar pessoalmente pelo País, e a viagem
é muito diferente de ver o mapa e de observar as suas características. A questão
prática que então se nos apresenta é a seguinte: Como se pode eliminar
completamente estes estados de humor, o céu cheio de nuvens, a geração contínua
de reações que obscurecem a nossa existência?
***
Um método duro
e de caminho longo é a filosofia da resignação que pode ser útil, porque o mal
está feito e a dor é inevitável. A filosofia é sempre um conforto e uma
esperança. Isso significa que é muito mais vantajoso ter de suportar a dor, quando lhe semeamos as
causas.
Ninguém pode,
hoje, afirmar a que evolução o estudo da Lei de Deus conduzirá. O amadurecimento
é vertiginoso e o salto é arriscado. Trata-se de uma mudança evolutiva para uma
civilização mais alta, mas estamos otimistas.
***
O nosso
semelhante iluminado e bondoso, em si já representa uma Obra do Pai, através do
qual O conhecemos e admiramos; o nosso semelhante ignorante ou infeliz, porém,
é uma Obra que o Céu nos convida a amparar e embelezar, no rumo da perfeição,
me nome do TODO MISERICORDIOSO.
Se amas a
Deus no semelhante que te atende e ajuda, não te esqueças de honrá-lo e
querê-lo no semelhante que ainda não te pode amar.
***
“Digo-vos
que não sabeis o que acontecerá amanhã”. – (Tiago, 4:14_ - Diz o preguiçoso: “Amanhã
farei”. Exclama o fraco: “Amanhã terei forças”. Afirma o delinquente: “Amanhã,
regenero-me”.
É imperioso
reconhecer, porém, que a criatura, adiando o esforço pessoal, não alcançou,
ainda, em verdade, a noção real do tempo.
Quem não
aproveita, a benção do dia, vive distante da glória do século.
Alma sem
coragem de avançar cem passos, não caminhará mil.
É no
trabalho do BEM e do AMOR ao próximo que em nosso coração se fará sentir a
verdadeira alegria de viver, a verdadeira felicidade, que nenhuma palavra
conseguirá traduzir, que não se apagará do nosso coração, que não deixará um
vazio depois, porque é um tesouro que nenhum ladrão poderá roubar, que jamais
enferruja e que a traça não corrói.
A “SENTINELA
DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY
Nenhum comentário:
Postar um comentário