Na minha infância, lá pelos 5 e 6 anos de idade, queria muito
poder escrever sobre o que via, sentia, ouvia e pensava; mas, nem tinha ainda
aprendido o A, B, C, D. Imaginações não me faltavam e rodeava a mamãe para
pedir um lápis e um pedaço de papel, aquele que o padeiro embrulhava os pães.
- Mamãe, será que posso pegar esse papel
para brincar de escritora?
- Se você ficar bem comportada pode sim.
- Oba! Oba! Vou sentar lá na cadeira da
sala de jantar e começar a rabiscar o que sinto sobre a vida e dos adultos
quando conversam e choram.
O lápis tocará o papel como minha varinha
mágica e os anjinhos lá do céu farão com que eu me torne uma escritora.
Ali passava a tarde inteira rabiscando o
papel, mas em voz alta contando estórias.
Quando o papai chegava em casa depois de
seu trabalho no Campo de Marte em São Paulo, ele era militar, ai então, eu
mostrava todas as estórias, lendo em voz alta.
- É, minha filha, acho que você está
ouvindo muitas novelas nas estações do rádio. Vou lhe ensinar as primeiras
letras do alfabeto, enquanto não pode frequentar o curso primário na escola das
freiras, onde a Neusa, sua irmã mais velha já estuda.
- Oba! Oba! Papai, o senhor pode corrigir
as estórias e depois eu copio com minha própria letra. Daí para frente fui
armazenando no meu inconsciente frases sem talento algum, mas com o foco do meu
espírito para que eu pudesse com o passar dos anos, cristalizar em ideias conscientes
fazendo nascer o que já era concebido e andava em gestação.
Durante os últimos 30 anos, vim escrevendo
contos, crônicas e poesias nos meus cadernos (infelizmente não pude e não posso
utilizar os recursos maravilhosos do computador para agilizar todo esse
trabalho), e guardando como relíquias da minha Varinha Mágica. Pensando se
teria sido uma boa antena ultrassensível apanhando as mais ligeiras ondas
espirituais que percorrem o universo humano.
A Fé é o mais puro e pleno Amor!
Eu sou apenas uma pequenina alma
caminhando na difícil jornada evolutiva, tentando desenvolver o que aprendo.
Esse percurso é interminável e sempre oferece grandes chances de disciplina,
renúncia, paz e novos conhecimentos sobre a verdade de servir, doar e amar.
Eu sou o meu ideal, o meu sincero querer que pede sem cessar a
REFORMA ÍNTIMA, ainda que não atinja os longínquos ideais do meu espírito.
É por isso, que me sinto como aquela mulher peregrina que fez a
escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores.
Ó Alma humana! Canta, canta as alegrias do teu voo. Tuas asas
batem felizes na direção de novos ares, novas praias, novos montes e planícies.
Siga em frente, vá beber das águas cristalinas que frescas jorram
das Fontes Divinas.
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