O sentimento de Fé anula o sentimento de culpa. Como poderá
manter-se envolvido na sensação de ser culpado quem crê na necessidade de
renovação da vida?
A contemplação da Obra de Deus em sua evolução constante
neutraliza a sensação do estacionamento junto ao erro, que dá ao Espírito a
impressão de regredir. Na realidade, quem estaciona junto às suas culpas
regride, pois não acompanha o movimento progressivo de evolução. Quem para e vê
tudo deslocar-se à sua frente, tem a impressão de andar para trás.
Ter Fé não é crer em coisas fantasiosas e impossíveis. É simplesmente
compreender e aceitar o mecanismo de evolução da vida sem entravá-la com a
própria incompreensão. É aceitar a própria necessidade de reajustamento constante. Por isso tanto se
recomenda a Humildade a quem deseja progredir. Como aceitará a necessidade de
reajustamento diante de uma vida superior que ainda não pode compreender, quem não sente quão pequenas e acanhadas são
as próprias diretrizes?
O sentimento de Humildade vem aliado ao de Fe, não porque
haja necessidade de nos anularmos para progredir. Seria um contra senso. Há necessidade,
sim, de compreendermos bem que a Humanidade deve se basear num sentimento positivo.
Não significa a anulação do EU, mas do seu ajustamento à grandiosidade do
conjunto. É um sentimento alegre de união com a Obra do nosso Criador, no qual,
diante da grandeza e sabedoria que vibra na Criação, o Espírito se felicita por
construir uma parcela mínima deste conjunto, embora também grandiosa de suas
probabilidades. Essa atitude mental proporciona renovações sucessivas,
reajustamentos constantes. O ser que sentiu a beleza do conjunto, compara-a com
a sua condição e vê que, embora faça parte desta grandeza, não a atingiu em
todas as suas facetas. É também grandioso, mas é aprendiz da imensidão desta
Obra! Contemplando-a e procurando adaptar-se a ela, vem-lhe a convicção da
vitória que o espera e não há mais lugar para o sentimento negativo de culpa. Quem
poderá sentir-se culpado junto à vida generosa que o espera?
Meu amigo, minha amiga – Sinto que vocês dirão que há
demasiado otimismo nessas afirmações. Mas é uma questão de atitude mental. Ai está
o segredo da Fé e do otimismo por ela gerado. A sensibilidade ferida pela dor
da dificuldade temporária de ajustamento, tende a envolver o Espírito na ilusão
de que a dor e não a vitória é o objetivo da luta. Nesta substituição gradual
de valores, o Espírito se sente submerso nas sensações temporárias, com
prejuízo da compreensão completa e absoluta dos problemas da vida. Há uma programação
de conjunto na qual a vitória está destinada a cada pequenino ser. É para esta
circunstância que devemos voltar nossa atenção.
Consideramos aqueles que se negam a alimentar o sentimento
de Fé como almas que se comprazem na autoflagelação. Quem assim procede é o
pior inimigo de si mesmo. Descrê de si, entravando seu progresso e impede que
prossiga harmonioso o ritmo da Criação na parte que lhe diz respeito!
Tão descrentes se deixam ficar as almas que lutam e só
veem o momento presente, que não aceitam
facilmente a ideia de serem possuidoras de uma constituição espiritual dotada
de tesouros da vida celestial a espera de um polimento. Compreendem, mas não conseguem se sentir na posse das capacidades
que lhe darão a vitória. Rejeitam sua filiação divina e esperam que a divindade
se manifesta em contraposição às suas
próprias Leis de Sabedoria, as quais se negam a compreender.
Em Sua Sabedoria, o SUPREMO SENHOR se revela no íntimo de
cada um através da consciência que desperta no espírito imortal, de ser ele
próprio um criador, um Deus, um pequeno senhor da vida e de suas leis
harmoniosas.
Quando a criatura se une a esta certeza não mais se preocupa
com seus erros. Eles serão vencidos pela
convicção de uma capacidade infinita de recuperação e vitória. É este o “toque
mágico” da Fé: dar ao ser a consciência do conjunto grandioso do qual faz
parte, transmitindo-lhe a convicção de possuir em si uma parcela desta
grandiosidade, á sua disposição, podendo manobra-la na conquista de uma
participação maior com a beleza do conjunto que ama.
A Fé não é propriedade de Espíritos privilegiados; é o único
antidoto eficiente no combate aos males do Espírito. Não é monopólio das almas
que já venceram; é a cura racional para quem se certifica da necessidade de
vencer os males do Espírito. Em todas as graduações espirituais a Fé é
necessária. Isto se torna perfeitamente compreensível
quando percebemos que, assim como toda a viagem tem um rumo pré traçado, todo
Espírito precisa conhecer para onde dirige seus esforços. Assim, conhecer a
vida espiritual superior e nossa inclusão nos Planos da Criação é indispensável
a fim de sentirmos a razão da luta e a vitória que lhe é subsequente.
É PRECISO SENTIR QUE A VIDA SUPERIOR NOS PERTENCE!
Não transferimos a conquista da Fé para o futuro, quando já
seremos iluminados. Estaríamos colocando a luz no final da estrada e pouco
provável será que a pudéssemos trilhar. A Fé em nosso destino glorioso é
sentimento que devemos e precisamos urgentemente cultivar no momento presente. Sem
ela não há felicidade possível, pois não há Confiança e, consequentemente, não
há Paz para que o Amor verdadeiro possa ser desfrutado!
Nos menores detalhes de nossa vida diária, confiemos em que
cumpriremos a vontade do Senhor o melhor possível e estaremos construindo, aos
poucos, o sentimento vigoroso de nossa Fé na felicidade espiritual indestrutível
– patrimônio que não se pode transferir que é de todos os Espíritos da Criação.
***
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY
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