Certa
manhã, eu andava descalça pela grama do jardim, quanto mais pisava naquele
verde de felicidade e ternura, sentia o Cristo em mim. Tudo significava amor em
mim, tudo o que mais queria sentir estava ao meu alcance. De repente,
deparei-me com um pássaro ao meu lado, pisando calmamente na grama macia,
parecíamos parceiros de caminhada. Quanto mais admirava-o, mais sentia aquele imenso
amor tomar conta de mim. Seguia meu caminho
em silêncio e o pássaro também parecia estar sentindo o mesmo amor
silencioso, unindo-nos com a natureza. Bruscamente, lembrei-me de três jovens
amigas que me escreveram uma carta pedindo orientação espiritual. Ceci, Fani e
Graci estavam desmotivadas para a vida profissional e pessoal, pois fazia pouco
tempo que suas mães que eram também amigas, desencarnaram num acidente de
avião, após terem passado as férias no Sul da França, ao lado de suas queridas
filhas.
Sem
rumo na vida, as três amigas reconheceram que haviam perdido parte da presente
existência, com assuntos frívolos, nunca tiveram uma religião nem se
interessavam pelo verdadeiro sentido da vida. Queriam multiplicar a fortuna que
seus pais deixaram, tão logo nasceram. Estudaram em bons colégios mas fugiam
das aulas para namorar às escondidas.
Na
carta, a emoção estava viva em cada linha, e eu sentia uma enorme vontade de
chorar e de auxiliá-las, com orações e com a resposta à carta que certamente viria
do guia espiritual Abel Monsenhor.
Ceci
lembrou da cara, que conversava muito com sua mãe dona Rafaela, sobre o desejo
de ser professora de crianças deficientes mas acabou tornando-se alto executiva
de uma empresa espanhola e mudou-se para a Espanha, perdendo o contato diário
com a mãe e as amigas.
Logo em
seguida, foi a vez de Fani escrever sobre sua mãe, dona Maria Eduarda, que lhe
dizia, que era muito fechada e tinha um jeito sério de encarar a vida e que
isso a faria mais sujeita à solidão e á falta de visão profissional. Contudo,
até que se deu em, depois de prestar vestibular para Ciência Políticas, indo
estudar no Canadá, e lá teve o inesperado sucesso profissional. “Minha mãe,
sempre que podia, fazia surpresa, passava algumas semanas comigo, o que me
proporcionava imensa alegria.”
Na vez
de Graci comentar sobre sua adorada mãe, dona Georgia, pareceu-me trêmula para
fazer o relato, porém conseguiu expressar sobre o companheirismo da mãe,
dizendo que tudo nela, revelava descontração, alegria de viver e de estar
sempre disposta a ajudar Graci nas tarefas da faculdade de Ciências econômicas.
Dona Georgia e Graci sonhavam com uma grande empresa de informática, e, acabou
acontecendo, porém Graci precisou ir morar na Inglaterra, a convite de um
escritório de contabilidade.
Trechos
da carta: “ Nas férias ou no natal, procurávamos ficar todas juntas como uma
família unida, a alegria redobrava com os presentes, festas e passeios. Tudo
era muito divertido para todas nós. Entretanto, nossas mães se preocupavam
demais conosco, pois não pensávamos em formar família, queríamos projeção
profissional, viagens ao redor do mundo e, muito, muito amor das nossas mães.
Agora,
estamos nos sentindo derrotadas, desequilibradas emocionalmente, pretendemos
abandonar nossos empregos e assumirmos a direção das lojas de artesanatos de
nossas mães, pois era o que mais nos pediam. Não conseguimos até o momento, fazer orações, pois não temos
nenhum vínculo religioso, no entanto, estamos desejosas por uma orientação
espiritual, quem sabe nossas mães manifestem-se através da psicografia.”
Com
esses pensamentos, procurei aumentar os passos e o pássaro voou para uma árvore
bem alta do meu jardim. Resolvi então, parar a caminhada matinal, recolhendo-me
para ler as outras cartas sobre a mesa e encontrei uma nova carta das três
amigas, aliás, três longos relatos de Ceci, Fani e Graci.
Antes
de dar início à leitura, reclinei-me timidamente sobre a mesa de trabalhos,
como uma súplica aos céus, e senti vagarosamente, a chegada da luz e do cântico
de pensamentos elevados como sinfonias, que não tem limite nem medida. É a voz
dos Grandes Espíritos em humildade e simplicidade, que nos trazem as suas
ternuras e as suas experiências. E assim nasceu esta oração para as três amigas
procurarem aprender a amar a vida e compreenderem os desígnios de Deus Pai.
ORAÇÃO DA MOTIVAÇÃO
Cristo!
Tu és a bondade que acaricia,
O amor
que inflama,
A luz
que guia.
És
também a prova que me cabe,
Para
meu bem
A dor
que me liberta,
A morte
que me restitui a vida.
Tudo Tu
és, ó Senhor!
Seja
por meio da dor,
Da
alegria, do amor,
- É
sempre a Tua mão que me guia
Para a
única meta, que és Tu.
Que
animes ou castigues,
Que nos
dá amor ou dor,
Sempre
atrais tudo a Ti,
Como
suprema razão de vida.
Ó
Cristo!
O que
esperamos de nós mesmos?
Estamos
buscando por Ti,
Como
motivação para continuarmos vivendo.
Nosso
trabalho interior
Será motivado
Pelo
Teu Supremo amor.
Com o
Senhor, vamos iniciar
Um novo
processo de conhecimento do amor
Que
exigirá força de vontade,
Obediência,
fé e ação.
Ó
Cristo!
O
senhor é o sinal sensível
Do
nascimento da nossa motivação.
É
contigo que aprenderemos
O
progresso espiritual e moral.
Cada
dor
Não nos
será uma derrota,
Mas a
lenta marcha
Para a
familiarização com as leis Morais,
Nossas
maiores riquezas
A serem conquistadas
De hoje
em diante.
Tentaremos
rasgar o véu
Do
nosso templo interior.
Na
verdade, Tu és
A nossa
contínua motivação,
Porque
estás acima
De
todas as ascensões humanas.
Assim
se realize em nós!
Soou
forte o grito das três amigas, Ceci, Fani e Graci. O grito e a resposta do
Cristo com uma inicial surpresa sinceramente agradável.
As
amigas, nas dores, nos momentos da alma, nas referências miúdas, como grãos de
areia, nas grandes confissões de suas vidas, na ausência de fé; mas o
compromisso sério assumido na mente, no coração e na alma, afloram nas páginas
da longa carta. Tudo pode ser identificado e compartilho com o Plano Espiritual
com uma semelhante sensibilidade e marcante vontade de motivá-las a pronunciar
“sim” para a renovação íntima, sem medo de percorrer as montanhas do próprio
ser, tropeçar nos declives do ego, desesperar-se pela dor da saudade,
surpreender-se com a violência das luxúrias, querer esmagar com as próprias
mãos as ruínas emocionais, sentir o tom irado da inteligência por não saber
adaptar-se ao convite para orar em silêncio, conversar com o Cristo vivo e
silencioso que nos diz sobre o amor com expressiva convicção de fé. Um Cristo
silencioso que deve ser a alegria para nós. E porque Ele fala e fala de tantas
maneiras hoje também, como sempre.
Esta é
a nossa tarefa urgente, dentro do Espiritismo Cristão. Todos nós precisamos
tanto reencontrar a motivação na oração, hoje, nossa oração de cada dia, a
oração pessoal, a oração comunitária, a oração que surge com a vida e se
compromete com o mundo.
Graças
ao trabalho intenso e disciplinar do nosso Guia Espiritual Abel Monsenhor, pude
ter a satisfação de psicografar , mais de 1.500 mensagens que compuseram o
Livro “A Voz do Cristo Dentro de Ti”, e fizeram com que eu pudesse aprender a aproximar-me
do Cristo, o que na verdade, continuo aprendendo. Mas não resta dúvida, é difícil aproximar-se
do Cristo, sempre revestidos de festa, de diversões; há dias de luto, de morte,
de guerra. Há gritos de desesperos. Há lágrimas que correm e feridas que
sangram. Há festa na vida, há alegria, há paz, mas tudo se mistura com a dor e
com a insegurança dos pobres. No entanto, necessitamos acreditar nas mudanças
do progresso e na esperança que me faz achar que o sol de manhã será mais luminoso e brilhante do que o de hoje. Essa é
a motivação que encontro na oração,
na qual, sinto-me feliz, compreendida, amada por Cristo e amando-O. Reencontrando-O como se estivesse
espelhando-me numa límpida e clara lagoa, descobrindo-O, vendo refletidos os
traços do seu rosto e do seu coração.
Através
da meditação das orações, saibamos sentir a mão do Cristo que nos convida ao
TEA DO MOMENTO – MOTIVAÇÃO, e assim poderemos nos encontrar com o Cristo dentro
de nós, e ao mesmo tempo a sua mão forte que nos empurra, sem possibilidade de
fuga, na luta cotidiana, onde muitos são chamados e poucos escolhidos. Para esclarecer melhor, deixamos aqui um
trecho do Evangelho Segundo o
Espiritismo: - “Mas não basta ser convidado; não basta levar o nome de cristão,
nem se assentar à mesa para tomar parte no baquete celestial; é preciso, antes
de tudo, e como condição expressa, estar revestido com a roupa nupcial, quer
dizer, ter pureza de coração e praticar a Lei segundo o Espírito; ora, essa lei
está inteiramente nestas palavras: Fora da Caridade não há salvação. Mas, entre
todos aqueles que ouvem a palavra do
Cristo, quão poucos há que a guardam e a praticam! Quão poucos se tornam dignos
de entrar no reino dos céus! Por isso, o Cristo disse: Haverá muitos chamados e
poucos escolhidos.”
Ouvimos
e aprendemos que, com a chegada do Cristo, o divino escancara as portas, e se
despeja em jorros pela terra, os diques ruem e a inundação começa. Será
continua. Os opostos, Terra e Céu, se atraem, são campos de forças contrárias
que têm necessidade de se equilibrar compensando-se e fundindo-se. A maré da dor humana saia de baixo, prostada e
invocante, alta e terrível, devorado distâncias, destruindo obstáculos
interpostos sobre a rota. A dor eleva o destino dos povos, motivando-os e os
torna mais dignos. O Amor Divino sentiu este levantamento do desejo, este crescer de aspirações e o turbilhão celeste
se projetou, ansioso pelo contato; as duas espirais tocaram-se e Cristo apareceu
como um raio entre o Céu e a Terra; o Divino desceu no homem, para que o humano
fosse arrebatado ao Divino.
Assim
Cristo se introduz, como força cósmica, no centro da evolução humana, influi
decisivamente sobre o desenvolvimento do fenômeno espiritual – e se inicia uma
fase de evolução que se dirige ao Divino. Um mundo novo, feito de sentimentos e
de aspirações, antes ignoradas, começa a revelar-se, saindo da profundidade da
ala. É a manifestação divina á qual Cristo dera o impulso inicial.
O
Espiritismo Cristão é o motor que faz gerar a força divina do Cristo, para que
o homem se renove interiormente para senti-Lo, amá-Lo de verdade e viver sem
fronteiras, as aspirações da alma motivada
pelas revelações espíritas no rumo do verdadeiro aperfeiçoamento – o sentido da
vida na Terra.
Foi com
esta motivação, que oferecemos nossos serviços mediúnicos para auxiliar essas
três amigas – irmãs Ceci, Fani e Graci, a se reequilibrarem no amor e na
esperança de uma vida farta de dignidade e bens morais, para sentirem alegria e
praticarem a caridade, de modo a melhor viver e ir aperfeiçoando-se. Olhando o
Céu e crendo no amor divino que as une em Espírito com suas mães. Acreditarem
com o passar do tempo, que a doutrina Espírita faz com que a palavra dos
Espíritos Desencarnados – manifeste-se e ofereça uma nova luz no caminho,
culminando com a vida eterna, com o reencontro pela pluralidade das
existências.
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