CAPÍTULO III - UMA LUZ DE AMOR
TERCEIRA PARTE
QUATRO HORAS SEGUIDAS DE CONVERSA
Dr. Fontoura e Dra. Elza revezaram-se falando com a Érica enquanto
Claudio gravava trechos e vídeo. Volta e meia,
Érica chamava pela mãe. E ouvia com nitidez, ela dizer: “estou aqui”, -
Érica repetia.
Dra. Elza procurava acalmar Érica, porém via sua
mãe sorrindo para a filha. Claudio também médium vidente, estava presenciando
tudo. Após anos de silêncio, Érica estava despertando e falando quase quatro
horas seguidas. Após o período de catatonia, ela não queria dormir naquela
noite, mas finalmente adormeceu, segurando o Evangelho na mão esquerda e na
outra, o roteiro da rotina disciplinar.
Na manhã seguinte animou-se de novo. Falou mais uma
vez, porém bem menos do que no dia anterior. Estava concentrada nas palavras de
sua mãe desencarnada, que fora sua obsessora durante muito anos; mas agora se
encontrava nos domínios da Luz e do Amor,
por isso veio visitar a filha para que soubesse que já não a maltratava. Dra. Elza pega umas folhas de
papel e obtém uma orientação psicográfica com a seguinte mensagem: “Se cremos
em Deus, precisamos crer na sua Misericórdia e Justiça. Não há sofrimento vão. Assim como nenhum
estudante é obrigado a estudar a lição que já aprendeu, nós jamais precisamos
repetir a experiência, se o conteúdo que ela nos ensina já estiver incorporado
aos nossos arquivos espirituais. Se a lição é presente é que algo ainda a
aprender com ela. Seja pois resignada,
mas não passiva. Busque as reflexões que
te possam indicar o cerne do ensinamento que a experiência difícil te
transmite. Procure agir com serenidade na correção dos desequilíbrios íntimos
que ainda conserva. Oração e passe são recursos de inestimável valia, mas a
prática dos ensinamentos de Jesus é a chave da libertação. “
Com tal orientação veio a certeza de que a Érica
estava se posicionando no caminho certo da recuperação, e tudo estava indicando
que se dispunha a pacificar o seu íntimo na procura do incansável trabalho do
autoconhecimento.
A semana passou rapidamente. Todos da equipe do Dr.
Fontoura , inclusive ele, estavam muito ocupados com os preparativos de uma
importante Palestra que seria dada pelo eminente Neurocientista Dr. Terry
Bresley, no domingo à tarde. Claudio
saiu da clínica para comprar roupas
novas para Érica, pois ela iria estar presente como convidada especial do Dr.
Fontoura. O auditório bem equipado comportaria cerca de trezentas pessoas,
entre convidados da área da saúde pública, amigos e pacientes internados na
clínica.
Chegou
o dia da palestra, Claudio estava radiante porque a Érica achou melhor ir ao cabelereiro da
Clínica. Saiu de lá, linda e os dois dirigiram-se para o auditório: Logo após,
Dr. Terry dá início à palestra com o tema: - Por uma medicina que se envolva.
Claudio
começa a gravar trechos do vídeo. Dr. Terry ajusta o microfone e diz: - Para a
medicina ampliar seus horizontes e neles inserir o impacto das emoções,
devem-se levar a sério duas grandes implicações das descobertas cientifícicas:
1 – Ajudar as pessoas a lidar melhor com sentimentos incômodos como a raiva,
ansiedade, depressão, pessimismo e sensação de solidão é uma forma de prevenir
doenças. Como os dados mostram que a toxicidade dessas emoções, quando
crônicas, equivale ao hábito de fumar, ajudar as pessoas a lidar melhor com
elas tem, potencialmente, uma ganho clínico tão grande quanto conseguir que os fumantes deixem de fumar. Uma das
maneiras de fazer isso e que se refletiria na saúde pública seria transmitir as
mais básicas aptidões da inteligência
emocional às crianças, de modo a torna-las hábitos para toda a vida. Outra estratégia preventiva e que geraria
dividendos seria ensinar o controle de emoção a pessoas que, idosas, vão se
aposentar, uma vez que o bem estar emocional é um dos fatores que determinam se
a pessoa idosa declina ou floresce. Um terceiro alvo seriam as chamadas populações de risco – os
muito pobres, as mães solteiras que trabalham fora, os moradores de bairros com
alto índice de criminalidade e outros tais, - que vivem sob extraordinária
pressão no dia a dia, e que por isso poderiam obter ganhos, do ponto de vista
clínico, se soubessem lidar com o custo emocional dessas tensões.
2 –
Muitos pacientes podem auferir imensos
benefícios quando a assistência clínica é acompanhada de assistência
psicológica. Embora o fato de um médico ou enfermeiro oferecer conforto e
consolo a um paciente angustiado já seja um grande passo em direção a uma
assistência mais humana, é possível fazer mais. Acontece que, muitas vezes, a
oportunidade de prestar assistência emocional se perde na maneira como, hoje, é
praticada a medicina, este é um ponto cego para a medicina. Apesar dos
crescentes dados sobre a utilidade clínica do atendimento a carências
emocionais, além dos indícios que sugerem a ligação entre o centro emocional do cérebro e o sistema
imunológico, muitos médicos continuam céticos acerca a importância das emoções
de seus pacientes em termos clínicos, descartando qualquer sinal a favor como
sendo trivial, folclórico, como “periférico” ou, pior, como exageros de alguns
poucos que querem se promover.
Embora
cada vez mais aumente a procura por uma medicina mais humana, esta está em vias
de extinção. É claro que ainda há médicos e enfermeiros dedicados, que
dispensam aos pacientes uma atenção carinhosa e sensível. Mas a própria cultura em mudança da medicina,
à medida que se submete cada vez mais a imperativos empresariais, faz com que
esse tipo de assistência seja cada vez mais difícil de ser encontrado. Mas pode
haver um ganho comercial na medicina humanística: Há indícios de que tratar perturbações
emocionais nos pacientes é economicamente vantajoso – sobretudo na medida em
que impede ou retarda o início da doença, ou ajuda os pacientes a obter alta
mais depressa.
Acrescente-se,
finalmente, que a ética médica exige uma abordagem humanística. O fato de a
depressão aumentar cinco vezes a probabilidade de morte após o tratamento de um
ataque cardíaco, observa-se a clara demonstração de que fatores psicológicos
como depressão e isolamento social distinguem os pacientes de doenças cardíacas
como de alto risco significa que seria antiético não começar a tratar esses
fatores.
O que
as constatações sobre emoções e saúde estão a dizer é que não é mais adequada a
assistência médica que ignora como as
pessoas se sentem quando convivem com uma doença crônica ou séria. É hora de a
medicina tirar um proveito mais metódico da estreita ligação que existe entre
emoção e saúde. O que hoje é exceção poderia – e deveria – se a tendência
geral, de forma que uma medicina verdadeiramente assistencial esteja ao alcance
de todos. No mínimo, isso tornaria a medicina mais humana. E, para alguns, pode
apressar o curso da recuperação. “Ter compaixão”, disse a paciente Érica, “ É
uma Luz de Amor”, “ é mais do que segurar a mão”. É o equivalente a um bom
remédio. É o que encontrei aqui nesta clínica.
Todos
os presentes, ficam em pé e aplaudem o Dr. Terry Bresley e a paciente Érica.
Dr. Terry pede para o Dr. Fontoura fazer
algumas colocações finais. Este, aproxima-se do microfone e pede silêncio
porque fará uma oração espírita para encerrar o evento:
ORAÇÃO DA COMUNHÃO DA VIDA
-
Passemos a nos sentir envolvidos na imensa comunhão
da vida, os eflúvios da ALMA
UNIVERSAL nos penetram e fazem vibrar nosso pensamento e nosso coração;
forças poderosas nos sustentam, reanimam nossa existência. Por toda parte a que
nossa inteligência se transporta, vemos, contemplamos a grande harmonia que
rege os seres, e, por vias diversas, os faz rumar para um fim único e sublime. Por toda parte
vemos irradiar a Bondade, o Amor, a justiça!
Ó Pai!
Ó Deus! Fonte de toda a sabedoria, de todo o Amor, Espírito Supremo cujo nome é
LUZ, nós te oferecemos nossos louvores e nossas aspirações!
Que
subam a Ti, qual um perfume de flores. Ajuda-nos a avançar na senda sagrada do
conhecimento, para uma compreensão mais alta de Tuas Leis. Ajuda-nos a desprendermo-nos da vida material,
a compreender, a sentir o que é a vida superior, a vida infinita. Dissipa a
obscuridade que nos envolvem. Que Tua
Serena Luz e, com ela, os sentimentos de Concórdia e de Paz se derramem sobre
todos os seres!
Ao
final desta oração, todos os presentes abraçam-se num ato de fraternidade e
despedem-se. As luzes apagam-se, as portas do auditório fecham-se. A noite
chega e o céu estrelado estende-se sobre a Terra. Claudio e Érica observam a
harmonia, a quietude, como um livro grandioso, aberto aos olhos de todos, mas
só o observador paciente pode ler nele a palavra do enigma, o segredo da vida
externa. Claudio segura as mãos de Érica, e ambos fixam os olhos na imensidão
estrelada. Claudio muito comovido faz a Oração da Noite, antes de dormir, sob a
claridade do luar:
ORAÇÃO DA NOITE
A noite
se estende acima de nossas cabeças para que nosso pensamento se recolha e
procure a luz serena do Pai.
Ó Alma!
Lê a história da tua criação. Depois, escuta as esperanças como ventos soprando
para aliviar tuas ruidosas dores. Quando teus queixumes se estenderem por muito
tempo, pede em segredo ao pai os esforços para se libertar dos males.
Ó Alma!
Como é bom caminhar na Terra tendo o espetáculo da Criação. Estender o olhar ao
nosso redor neste final de noite, nos dá a sensação de mocidade eterna.
Ó minha
Alma! Falo contigo imerso em tuas profundezas, e o pensamento nos orienta que é
nosso dever aquecer a compreensão da Grande Lei!
Não
haverá insônia nesta noite, porque o teu foco, ó minha doce alma, é uma Luz de
Amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário