terça-feira, 14 de abril de 2015

QUATRO HORAS SEGUIDAS DE CONVERSA.CAPÍTULO III - UMA LUZ DE AMOR TERCEIRA PARTE

CAPÍTULO III - UMA LUZ DE AMOR
TERCEIRA PARTE
QUATRO HORAS SEGUIDAS DE CONVERSA

Dr. Fontoura e Dra. Elza  revezaram-se falando com a Érica enquanto Claudio gravava trechos e vídeo. Volta e meia,  Érica chamava pela mãe. E ouvia com nitidez, ela dizer: “estou aqui”, - Érica repetia.
Dra. Elza procurava acalmar Érica, porém via sua mãe sorrindo para a filha. Claudio também médium vidente, estava presenciando tudo. Após anos de silêncio, Érica estava despertando e falando quase quatro horas seguidas. Após o período de catatonia, ela não queria dormir naquela noite, mas finalmente adormeceu, segurando o Evangelho na mão esquerda e na outra, o roteiro  da rotina disciplinar.
Na manhã seguinte animou-se de novo. Falou mais uma vez, porém bem menos do que no dia anterior. Estava concentrada nas palavras de sua mãe desencarnada, que fora sua obsessora durante muito anos; mas agora se encontrava nos domínios da Luz e do Amor,   por isso veio visitar a filha para que soubesse que já não a  maltratava. Dra. Elza pega umas folhas de papel e obtém uma orientação psicográfica com a seguinte mensagem: “Se cremos em Deus, precisamos crer na sua Misericórdia e Justiça.  Não há sofrimento vão. Assim como nenhum estudante é obrigado a estudar a lição que já aprendeu, nós jamais precisamos repetir a experiência, se o conteúdo que ela nos ensina já estiver incorporado aos nossos arquivos espirituais. Se a lição é presente é que algo ainda a aprender com ela.  Seja pois resignada, mas não passiva. Busque  as reflexões que te possam indicar o cerne do ensinamento que a experiência difícil te transmite. Procure agir com serenidade na correção dos desequilíbrios íntimos que ainda conserva. Oração e passe são recursos de inestimável valia, mas a prática dos ensinamentos de Jesus é a chave da libertação. “
Com tal orientação veio a certeza de que a Érica estava se posicionando no caminho certo da recuperação, e tudo estava indicando que se dispunha a pacificar o seu íntimo na procura do incansável trabalho do autoconhecimento.
A semana passou rapidamente. Todos da equipe do Dr. Fontoura , inclusive ele, estavam muito ocupados com os preparativos de uma importante Palestra que seria dada pelo eminente Neurocientista Dr. Terry Bresley,  no domingo à tarde. Claudio saiu da clínica  para comprar roupas novas para Érica, pois ela iria estar presente como convidada especial do Dr. Fontoura. O auditório bem equipado comportaria cerca de trezentas pessoas, entre convidados da área da saúde pública, amigos e pacientes internados na clínica.

Chegou o dia da palestra, Claudio estava radiante porque  a Érica achou melhor ir ao cabelereiro da Clínica. Saiu de lá, linda e os dois dirigiram-se para o auditório: Logo após, Dr. Terry dá início à palestra com o tema: - Por uma medicina que se envolva.
Claudio começa a gravar trechos do vídeo. Dr. Terry ajusta o microfone e diz: - Para a medicina ampliar seus horizontes e neles inserir o impacto das emoções, devem-se levar a sério duas grandes implicações das descobertas cientifícicas: 1 – Ajudar as pessoas a lidar melhor com sentimentos incômodos como a raiva, ansiedade, depressão, pessimismo e sensação de solidão é uma forma de prevenir doenças. Como os dados mostram que a toxicidade dessas emoções, quando crônicas, equivale ao hábito de fumar, ajudar as pessoas a lidar melhor com elas tem, potencialmente, uma ganho clínico tão grande quanto conseguir  que os fumantes deixem de fumar. Uma das maneiras de fazer isso e que se refletiria na saúde pública seria transmitir as mais básicas aptidões da  inteligência emocional às crianças, de modo a torna-las hábitos para toda a vida.  Outra estratégia preventiva e que geraria dividendos seria ensinar o controle de emoção a pessoas que, idosas, vão se aposentar, uma vez que o bem estar emocional é um dos fatores que determinam se a pessoa idosa declina ou floresce. Um terceiro alvo  seriam as chamadas populações de risco – os muito pobres, as mães solteiras que trabalham fora, os moradores de bairros com alto índice de criminalidade e outros tais, - que vivem sob extraordinária pressão no dia a dia, e que por isso poderiam obter ganhos, do ponto de vista clínico, se soubessem lidar com o custo emocional dessas tensões.

2 – Muitos  pacientes podem auferir imensos benefícios quando a assistência clínica é acompanhada de assistência psicológica. Embora o fato de um médico ou enfermeiro oferecer conforto e consolo a um paciente angustiado já seja um grande passo em direção a uma assistência mais humana, é possível fazer mais. Acontece que, muitas vezes, a oportunidade de prestar assistência emocional se perde na maneira como, hoje, é praticada a medicina, este é um ponto cego para a medicina. Apesar dos crescentes dados sobre a utilidade clínica do atendimento a carências emocionais, além dos indícios que sugerem a ligação  entre o centro emocional do cérebro e o sistema imunológico, muitos médicos continuam céticos acerca a importância das emoções de seus pacientes em termos clínicos, descartando qualquer sinal a favor como sendo trivial, folclórico, como “periférico” ou, pior, como exageros de alguns poucos que querem se promover.
Embora cada vez mais aumente a procura por uma medicina mais humana, esta está em vias de extinção. É claro que ainda há médicos e enfermeiros dedicados, que dispensam aos pacientes uma atenção carinhosa e sensível.  Mas a própria cultura em mudança da medicina, à medida que se submete cada vez mais a imperativos empresariais, faz com que esse tipo de assistência seja cada vez mais difícil de ser encontrado. Mas pode haver um ganho comercial na medicina humanística: Há indícios de que tratar perturbações emocionais nos pacientes é economicamente vantajoso – sobretudo na medida em que impede ou retarda o início da doença, ou ajuda os pacientes a obter alta mais depressa.

Acrescente-se, finalmente, que a ética médica exige uma abordagem humanística. O fato de a depressão aumentar cinco vezes a probabilidade de morte após o tratamento de um ataque cardíaco, observa-se a clara demonstração de que fatores psicológicos como depressão e isolamento social distinguem os pacientes de doenças cardíacas como de alto risco significa que seria antiético não começar a tratar esses fatores.
O que as constatações sobre emoções e saúde estão a dizer é que não é mais adequada a assistência médica  que ignora como as pessoas se sentem quando convivem com uma doença crônica ou séria. É hora de a medicina tirar um proveito mais metódico da estreita ligação que existe entre emoção e saúde. O que hoje é exceção poderia – e deveria – se a tendência geral, de forma que uma medicina verdadeiramente assistencial esteja ao alcance de todos. No mínimo, isso tornaria a medicina mais humana. E, para alguns, pode apressar o curso da recuperação. “Ter compaixão”, disse a paciente Érica, “ É uma Luz de Amor”, “ é mais do que segurar a mão”. É o equivalente a um bom remédio. É o que encontrei aqui nesta clínica.

Todos os presentes, ficam em pé e aplaudem o Dr. Terry Bresley e a paciente Érica. Dr. Terry pede para o Dr. Fontoura  fazer algumas colocações finais. Este, aproxima-se do microfone e pede silêncio porque fará uma oração espírita para encerrar o evento:

ORAÇÃO DA COMUNHÃO DA VIDA

- Passemos a nos sentir envolvidos na imensa comunhão da vida, os eflúvios da ALMA UNIVERSAL nos penetram e fazem vibrar nosso pensamento e nosso coração; forças poderosas nos sustentam, reanimam nossa existência. Por toda parte a que nossa inteligência se transporta, vemos, contemplamos a grande harmonia que rege os seres, e, por vias diversas, os faz rumar  para um fim único e sublime. Por toda parte vemos irradiar a Bondade, o Amor, a justiça!
Ó Pai! Ó Deus! Fonte de toda a sabedoria, de todo o Amor, Espírito Supremo cujo nome é LUZ, nós te oferecemos nossos louvores e nossas aspirações!
Que subam a Ti, qual um perfume de flores. Ajuda-nos a avançar na senda sagrada do conhecimento, para uma compreensão mais alta de Tuas Leis.  Ajuda-nos a desprendermo-nos da vida material, a compreender, a sentir o que é a vida superior, a vida infinita. Dissipa a obscuridade que nos envolvem.  Que Tua Serena Luz e, com ela, os sentimentos de Concórdia e de Paz se derramem sobre todos os seres!

Ao final desta oração, todos os presentes abraçam-se num ato de fraternidade e despedem-se. As luzes apagam-se, as portas do auditório fecham-se. A noite chega e o céu estrelado estende-se sobre a Terra. Claudio e Érica observam a harmonia, a quietude, como um livro grandioso, aberto aos olhos de todos, mas só o observador paciente pode ler nele a palavra do enigma, o segredo da vida externa. Claudio segura as mãos de Érica, e ambos fixam os olhos na imensidão estrelada. Claudio muito comovido faz a Oração da Noite, antes de dormir, sob a claridade do luar:

ORAÇÃO DA NOITE

A noite se estende acima de nossas cabeças para que nosso pensamento se recolha e procure a luz serena do Pai.
Ó Alma! Lê a história da tua criação. Depois, escuta as esperanças como ventos soprando para aliviar tuas ruidosas dores. Quando teus queixumes se estenderem por muito tempo, pede em segredo ao pai os esforços para se libertar dos males.
Ó Alma! Como é bom caminhar na Terra tendo o espetáculo da Criação. Estender o olhar ao nosso redor neste final de noite, nos dá a sensação de mocidade eterna.
Ó minha Alma! Falo contigo imerso em tuas profundezas, e o pensamento nos orienta que é nosso dever aquecer a compreensão da Grande Lei!

Não haverá insônia nesta noite, porque o teu foco, ó minha doce alma, é uma Luz de Amor.

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