sexta-feira, 10 de abril de 2015

“QUANTO TEMPO FIQUEI FORA DO AR?” CAPÍTULO III - UMA LUZ DE AMOR SEGUNDA PARTE


A primavera chegara trazendo alegria para os jardins que rodeavam os aposentos da Érica. O canto dos pássaros naquela manhã estava próximo da sua janela. Ela olhava para o lado de fora e vê que as árvores floresciam. A grama estava bem verde. Flores  se espalhavam por todos os canteiros. Borboletas pousavam em cada uma delas e depois faziam seus voos de liberdade. A natureza se mostrava feliz. O sol sorria e seus raios enfeitavam aquela paisagem primaveril.
Pela primeira vez, depois de cinco anos de internação, aquela paciente tão especial para Claudio  dava seus primeiros sinais rumo à cura psíquica. Seus olhos irradiavam um brilho contagiante e não se cansavam  de avaliar aquela beleza da Criação Divina. Depois de ter passado todo esse tempo deitada numa cama hospitalar ou sentada numa cadeira de rodas, mesmo estranhando seu corpo, sentiu-se voltando de uma longa viagem pelo deserto árido. Não conseguia decifrar se estava ansiosa ou atenta aos sinais de que os sentimentos transpuseram o limite patológico e são tão intrusos que esmagam outro pensamento, sabotando continuamente as tentativas de dar atenção à tarefa que tem de cumprir. Ainda clinicamente deprimida, os pensamentos de autopiedade e desespero, desesperança e desamparo se sobrepõem a qualquer outro.
Quando as emoções dominam a concentração, o que está sendo soterrado de fato é a memória funcional, isto é, a capacidade de ter em mente toda a informação relevante para a execução de uma determinada tarefa.  O que ocupa a memória funcional pode ser banal como os algarismos de um número de telefone, ou complicado como as intrincadas linhas da trama que o romancista tenta juntar. E isso possibilita todos os outros esforços intelectuais, desde pronunciar uma frase até enfrentar uma complicada proposição de lógica. Do córtex pré-frontal executa a memória funcional e, é ali onde os sentimentos e emoções se encontram.
E na medida em que a Érica é motivada por sentimentos de entusiasmo e prazer no que vê e no que faz – ou mesmo por um grau ideal de ansiedade, - esses sentimentos levam-na ao êxito. É nesse sentido que a inteligência emocional é um aptidão mestra, uma capacidade que afeta profundamente todas as outras, facilitando ou interferindo nelas.
O Dr. Fontoura e toda sua equipe se reuniu na porta estupefatos. Após passar o impacto inicial, Érica diz: Não sei como contar o que está se passando comigo, mas acho que Deus abençoou minha vida e de todos vocês. Á medida que todos teciam comentários a seu respeito, Érica perguntou sobre o Claudio. Imediatamente a Dra. Elza foi buscá-lo. Ele estava lendo na biblioteca sobre terapia ocupacional, pois pretendia preparar um grupo de pacientes jovens para expor suas pinturas a óleo sobre tela, e um outro grupo  para dar aula de artesanato, na comunidade carente assistida por ele e por alguns membros da equipe do Dr. Fontoura , inclusive contando com o apoio de Dona Isaura, esposa do Dr. Fontoura.
Assim que Claudio soube da boa notícia, foi imediatamente até o quarto da Érica. Entrou bem devagar e foi aproximando-se dela com um imenso sorriso. Todos deram-se as mãos, e a Dra. Elza mediunizada pronunciou esta orientação espiritual: - O convite do mestre Jesus é sempre válido e oportuno para que busquemos sempre a suavidade e leveza de sua mensagem para penetrar nosso coração, ensinando-nos a amar até mesmo a dificuldade e a dor que nos fazem crescer espiritualmente.
Irmã Érica, crê que o amor é a energia capaz de fortalecer-te para a superação da doença psíquica e espiritual. O amor ainda te fará feliz. Quanto mais se integrar no grupo que aqui te auxilia, mais poderás aspirar novas forças e assimilar, com mais segurança, a mensagem renovadora do Evangelho Consolador. Mantém a oração em grupo ou individual, a cada noite e a cada manhã. Coloca um copo d´água para fluidificar, tomando-o ao longo doa dia. Toma passes continuamente como vens recebendo. Prepara-te assim, afim de que energias novas te fortaleçam, possibilitando o amparo do Alto, que está incessantemente ao teu lado. Não duvides disso.
Érica emociona-se, até chegar às lágrimas. Bom sinal para a sua recuperação. A afetividade, já está voltando ao normal. Resta, ainda, ouvir seu coração quanto ao amor por Claudio. Todos saem do recinto, em silêncio. Mas Claudio fica para a leitura do Evangelho, porém Érica pede para ler um trecho e testemunhar seu entendimento. Ambos tomam a água fluidificada, encerrando aquele momento de fé, ternura e agradecimento.
Ao final da tarde, Érica pede ao Claudio para leva-la para passear no jardim para ver o pôr do sol. Ele aproveita para declarar seu imenso amor e beija as mãos delicadas e ainda, um pouco  trêmulas de sua amada. Ela fica feliz e aceita carinhosamente, o gesto afetivo do claudio e pergunta:
- “ Quanto tempo eu estive fora do ar?”
- “ Muito tempo”, meu amor. Era tudo o que Claudio conseguia dizer por enquanto.
 O rosto de Érica, magro, mas ainda bonito, passou da serenidade para a surpresa. Claudio tranquiliza-a com um abraço caloroso. Ela insiste:
- Quanto tempo fiquei fora do ar?
- Ele segurando as lágrimas, responde:
- Bastante tempo. Cinco anos.
Ao ouvir isso, e percebendo que estava com 31 anos de idade, Érica começou a chorar.

                                  

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