A superação do sofrimento é, sem dúvida, o grave desafio da
existência humana, que a todos cumpre conseguir.
Nos estudos que fiz durante os últimos 30 anos, senti uma
grande necessidade de avaliar os sofrimentos humanos relatados na maioria das
correspondências recebidas e nos atendimentos mediúnicos.
Por exemplo: - Buda considerou a vida como uma forma de
sofrimento e que a sua finalidade era, exclusivamente, encontrar a maneira de
libertar-se do sofrimento. Para o Budismo, a vida é constituída de misérias que
geram o sofrimento; por sua vez, o sofrimento é causado pelos desejos
insatisfeitos ou pelas emoções perturbadoras e que deixa de existir se forem
eliminados os desejos, sendo necessário, para tanto, uma conduta moderada, e a
entrega à meditação em torno das aspirações elevadas do Ser. A fim de
transmitir adequadamente suas lições, Buda utilizou-se de parábolas, conforme
fez Jesus mais tarde.
O fundamento essencial dos ensinamentos de Buda se encontra
na Lei do Carma, graças à qual o homem é construtor de sua infelicidade ou
felicidade, mediante o comportamento, adotado no período da sua existência
terrena. Em uma etapa, a aprendizagem equipa-o para a próxima, sendo que a soma
das experiências e ações positivas anula aquelas que constituem débito
propiciador de sofrimento.
O sofrimento se apresenta na criatura humana, como uma
enfermidade, que necessita de tratamento conveniente, em que se invistam todos
os valores ao alcance, pela primazia de lograr-se o bem estar e o equilíbrio fisiopsíquico.
Deste modo, o sofrimento pode decorrer
do desgaste orgânico ou mental, que é um processo degenerativo do instrumento
material do homem.
As doenças campeiam, e a receptividade daqueles que se
encontram incursos nos códigos da Justiça divina sofrem-nas, mediante os danos
dos mecanismos genéticos, ou por contaminação posterior, escassez alimentar,
traumatismos físicos e psicológicos, num emaranhado de causas próximas
decorrentes dos compromissos negativos do passado mais remoto.
Numa outra situação, o sofrimento resulta a transitoriedade
da própria vida física e da fragilidade de todos os bens que proporcionam
prazer por um momento, convertendo-se em razão de preocupação, de
arrependimento, de amargura.
A busca do prazer é inata, instintiva, e o homem se lhe
aferra na condição de meta prioritária. Não raro ao consegui-lo, frui da
satisfação momentânea, e, por insatisfação psicológica, propõe-se a prolonga-lo
indefinidamente, sofrendo ante a possibilidade de mantê-lo, pelas alterações naturais
que se derivam da impermanência de tudo, pela saturação e, finalmente, pela
perda de objetivo após conseguido o anelo por fim, surge o sofrimento dos
condicionamentos de ordem física e mental.
Os hábitos arraigados constituem uma segunda natureza, com
prevalência na conduta psicológica do homem. As alterações e transformações
produzem o sofrimento, pela necessidade de ajustamento, pelo esforço da
adaptação, e os altos e baixos da emoção que tende a reagir às mudanças que se
devem operar na conduta. Encontrado o sofrimento, o homem tem o dever de
identificar as suas causas, que procedem dos atos degenerativos próximos ou
remotos, referentes às suas reencarnações.
Ao lado daqueles que ressumam das dívidas cármicas, estão os
decorrentes das suas emoções desequilibradas, que têm nascentes no egoísmo, no
apego, na imaturidade psicológica. Dentre outros, apresentam-se em plano de
destaque, o medo, o ciúme, a ira, que explodem facilmente engendrando
sofrimento.
Chega o momento de buscar-se a cessação deles, qual ocorre
com as enfermidades que devem ser tratadas com carinho, porém com disciplina. De
um lado, é imprescindível ir-se às causas, a fim de fazê-las parar, ao mesmo
tempo evitar novos fatores desencadeantes. Conhecidas as origens, mais fáceis
se tornam as terapias que, aplicadas convenientemente, resultam favoráveis ao
clima de saúde e de bem-estar.
O esforço empreendido para o término do sofrimento
apresenta-se em etapas que se vão incorporando ao dia a dia do indivíduo cioso
da sua necessidade de paz. Impõe-se lhe o
trabalho de condicionar a mente à necessidade da harmonia, recorrendo à
meditação em torno das finalidades altruísticas da vida, disciplinando a
vontade, exercitando a tranquilidade diante dos acontecimentos que não podem
ser evitados, das ocorrências denominadas tragédias, das quais podem retirar
excelentes resultados para o comportamento e a auto realização. O processo de
cessação do sofrimento dá-se ainda através do sofrimento que propicia
satisfação pela certeza que advém de se estar liberando da sua áspera
constrição.
Enfrentar, portanto, o sofrimento, sem válvulas
psicológicas, escapistas, é uma atitude saudável. Muito distante da distonia
masoquista habitual. Também resulta de uma disposição consciente para o homem
enfrentar-se desnudado, com uma visão otimista em torno do futuro por
conquistar. Realmente o sofrimento faz parte do mecanismo da evolução na Terra.
Varinha Mágica de Luíza Cony
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