Ao encontrar-me frente a um casal discutindo o relacionamento, procurei acalmar o Sr. Geraldo, que me pedia insistentemente para orientar a esposa Sra. Clarice. Ele dizia-me com veemência que era um bom marido, trabalhador e que a amava loucamente, mas percebia nela uma certa arrogância, ironia, porque queria ter um outro tipo de convivência.
Abri o Evangelho e fiz uma prece para que ambos entrassem
numa frequência de serenidade; pois, o que vieram buscar na consulta espiritual
os levaria a um melhor entendimento.
Então, disse-lhes: O Amor deve ser uma constante na
existência terrena. Há em tudo e em todos os seres a presença do Amor.
Em um lugar revela-se como ordem, noutro beleza, e
sucessivamente, harmonia, renovação, progresso, vida, convocando à reflexão.
O Amor é o antidoto mais eficaz contra quaisquer males. Age nas
causas e altera as manifestações, mudando a estrutura dos conteúdos negativos
quando estes se exteriorizam. Revela-se no instinto e predomina durante o período
da razão responsabilizando-se pela plenificação da criatura.
O Amor instaura a Paz e irradia a confiança, promove a não
violência e estabelece a fraternidade que une e solidariza os homens, uns com
os outros, anulando as distâncias e as suspeitas. É o mais poderoso vínculo com
a Causa Geradora da Vida. É o motor que conduz à ação bondosa, desdobrando o sentimento
de generosidade, ao mesmo tempo estimulando à paciência. Graças à sua ação, a
pessoa doa realizando o gesto de generosa oferta de coisas, até o momento em
que é levada à autodoação, ao sacrifício com naturalidade.
O Amor é o rio onde se afogam os sofrimentos pela
impossibilidade de sobrenadarem nas fortes correntezas dos seus impulsos
benéficos. Sem Amor a vida perderia o sentido, o significado. Puro, expressa,
ao lado da Sabedoria, a mais relevante conquista humana.
Olhando firmemente para o casal, pude observar que o Sr. Geraldo
estava mais controlado e a Sra. Clarice muito comovida, chorava e me pedia para
falar mais sobre o amor, porque á tempos, o marido não lhe dirigia uma sentença
sequer sobre o Amor; somente falava palavras grosseiras e sempre perturbado.
Amar torna-se um hábito edificante que leva à renúncia sem
frustração, ao respeito sem submissão humilhante, à compreensão dinâmica, por
revelar-se uma experiência de alta magnitude, sempre melhor para quem o
exterioriza e dele se nutre.
Foi necessário fazer um comentário sobre relacionamentos
perturbadores, para que o Sr. Geraldo se posicionasse com Humildade e sem
criticar a esposa Sra. Clarice.
Os indivíduos de temperamento neurótico tornam-se incapazes
de manter um relacionamento estável. Pela própria constituição psicológica, são
portadores de afetividade obsessiva, e, porque inseguros, são desconfiados,
ciumentos, por consequência depressivos ou capazes de inesperadas irrupções de
agressividade. Os conflitos de que são portadores os levam a uma atitude
isolacionista, resultado da insatisfação e constante irritabilidade contra tudo
e todos. creem não merecer o amor de outrem, e, se tal acontece, assumem o
estranho comportamento de acreditar que os outros não lhe merecem afeição,
podendo traí-los ou abandoná-los na primeira oportunidade. Quando se vinculam,
fazem-se absorventes, castradores, exigindo que os seus afetos vivam em caráter
de exclusividade para eles. São desse modo, relacionamentos egocêntricos,
perturbadores.
O Amor é uma conquista do Espírito maduro, psicologicamente
equilibrado; usina de forças para manter os equipamentos emocionais em
funcionamento harmônico. É uma forma de negação de si mesmo e autodoação
plenificadora. Não se escora em suspeitas, nem exigências infantis; elimina o
ciúme e a ambição de posse, proporcionando inefável bem-estar ao ser amado que,
descomprometido com o dever de retribuição, também ama. Quando, por acaso, não
correspondido, não se magoa, nem se irrita, compreendendo que, o seu, é o
objetivo de doar-se, não de exigir. Permite a liberdade do outro, que a si
mesmo se faculta, sem carga de ansiedade ou de compulsão.
Quando estas características estão ausentes, o amor é uma
palavra que veste a memória condicionada da sociedade, em torno dos desejos
lúbricos, e não do real sentimento que ele representa.
Esse relacionamento perturbador faz da outra pessoa um
objeto possuído, por sua vez, igualmente possuidor, gerando a desumanização de
ambos.
Pode-se dizer que, no amor, quando alguém se identifica com
a pessoa a quem supõe amar, está, apenas, realizando um ato de prolongamento de
si mesmo, portanto, amando-se e não à outra pessoa. Esta identificação se
baseia na memória do prazer e da dor, das alegrias e dos insucessos, portanto,
amando o passado e as suas concessões, e não a pessoa em si, neste momento,
como é. É habitual dizer-se: “– Amo, porque ela (ou ele) tem compartilhado da
minha vida, das minhas lutas; ajudou-me, sofreu ao meu lado, etc.”
O sentimento que predomina ai é o de Gratidão, e gratidão,
infelizmente, não é amor, é reconhecimento que deve retribuir, compensar,
quando em verdade, o Amor, é só doação.
A solução para os relacionamentos perturbadores, não é a
separação, como supõem muitos. Rompendo-se com alguém, não pode o individuo
crer-se livre para um outro compromisso, que lhe resultaria feliz, porquanto o
problema não é da relação em si, mas do seu estado íntimo psicológico. Para tanto,
como forma de equacionamento, só a doação do amor com toda a sua estrutura
renovadora, saudável, de plenificação, consegue o êxito almejado, saudável,
para onde ou para quem o indivíduo se transfira, conduzirá toda a sua memória
social, o seu comportamento e o que é. Desse modo, transferir-se não resolve
problemas. Antes, deve solucionar-se para mudar-se, se for o caso, depois.
O amor entre duas pessoas somente será pleno, se elas
estiverem no mesmo nível.
Ao terminar estas explicações, pude sentir o alívio na Sra.
Clarice e também no Sr. Geraldo. Mas disse-lhes sobre a necessidade de passarem
por uma Terapia de Casais, depois de um certo tempo, para sentirem as palavras
que lhes dediquei, como uma nova esperança e confiança no Amor de Deus,
trazendo benefícios e alegria, com alta carga de energia vitalizadora.
A Varinha Mágica de Luíza Cony
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