sábado, 6 de fevereiro de 2016

O AMOR É UMA CONQUISTA DO ESPÍRITO MADURO



Ao encontrar-me frente a um casal discutindo o relacionamento, procurei acalmar o Sr. Geraldo, que me pedia insistentemente para orientar a esposa Sra. Clarice. Ele dizia-me com veemência que era um bom marido, trabalhador e que a amava loucamente, mas percebia nela uma certa arrogância, ironia, porque queria ter um outro tipo de convivência.
Abri o Evangelho e fiz uma prece para que ambos entrassem numa frequência de serenidade; pois, o que vieram buscar na consulta espiritual os levaria a um melhor entendimento.
Então, disse-lhes: O Amor deve ser uma constante na existência terrena. Há em tudo e em todos os seres a presença do Amor.
Em um lugar revela-se como ordem, noutro beleza, e sucessivamente, harmonia, renovação, progresso, vida, convocando à reflexão.
O Amor é o antidoto mais eficaz contra quaisquer males. Age nas causas e altera as manifestações, mudando a estrutura dos conteúdos negativos quando estes se exteriorizam. Revela-se no instinto e predomina durante o período da razão responsabilizando-se pela plenificação da criatura.
O Amor instaura a Paz e irradia a confiança, promove a não violência e estabelece a fraternidade que une e solidariza os homens, uns com os outros, anulando as distâncias e as suspeitas. É o mais poderoso vínculo com a Causa Geradora da Vida. É o motor que conduz à ação bondosa, desdobrando o sentimento de generosidade, ao mesmo tempo estimulando à paciência. Graças à sua ação, a pessoa doa realizando o gesto de generosa oferta de coisas, até o momento em que é levada à autodoação, ao sacrifício com naturalidade.
O Amor é o rio onde se afogam os sofrimentos pela impossibilidade de sobrenadarem nas fortes correntezas dos seus impulsos benéficos. Sem Amor a vida perderia o sentido, o significado. Puro, expressa, ao lado da Sabedoria, a mais relevante conquista humana.
Olhando firmemente para o casal, pude observar que o Sr. Geraldo estava mais controlado e a Sra. Clarice muito comovida, chorava e me pedia para falar mais sobre o amor, porque á tempos, o marido não lhe dirigia uma sentença sequer sobre o Amor; somente falava palavras grosseiras e sempre perturbado.
Amar torna-se um hábito edificante que leva à renúncia sem frustração, ao respeito sem submissão humilhante, à compreensão dinâmica, por revelar-se uma experiência de alta magnitude, sempre melhor para quem o exterioriza e dele se nutre.
Foi necessário fazer um comentário sobre relacionamentos perturbadores, para que o Sr. Geraldo se posicionasse com Humildade e sem criticar a esposa Sra. Clarice.
Os indivíduos de temperamento neurótico tornam-se incapazes de manter um relacionamento estável. Pela própria constituição psicológica, são portadores de afetividade obsessiva, e, porque inseguros, são desconfiados, ciumentos, por consequência depressivos ou capazes de inesperadas irrupções de agressividade. Os conflitos de que são portadores os levam a uma atitude isolacionista, resultado da insatisfação e constante irritabilidade contra tudo e todos. creem não merecer o amor de outrem, e, se tal acontece, assumem o estranho comportamento de acreditar que os outros não lhe merecem afeição, podendo traí-los ou abandoná-los na primeira oportunidade. Quando se vinculam, fazem-se absorventes, castradores, exigindo que os seus afetos vivam em caráter de exclusividade para eles. São desse modo, relacionamentos egocêntricos, perturbadores.
O Amor é uma conquista do Espírito maduro, psicologicamente equilibrado; usina de forças para manter os equipamentos emocionais em funcionamento harmônico. É uma forma de negação de si mesmo e autodoação plenificadora. Não se escora em suspeitas, nem exigências infantis; elimina o ciúme e a ambição de posse, proporcionando inefável bem-estar ao ser amado que, descomprometido com o dever de retribuição, também ama. Quando, por acaso, não correspondido, não se magoa, nem se irrita, compreendendo que, o seu, é o objetivo de doar-se, não de exigir. Permite a liberdade do outro, que a si mesmo se faculta, sem carga de ansiedade ou de compulsão.
Quando estas características estão ausentes, o amor é uma palavra que veste a memória condicionada da sociedade, em torno dos desejos lúbricos, e não do real sentimento que ele representa.
Esse relacionamento perturbador faz da outra pessoa um objeto possuído, por sua vez, igualmente possuidor, gerando a desumanização de ambos.
Pode-se dizer que, no amor, quando alguém se identifica com a pessoa a quem supõe amar, está, apenas, realizando um ato de prolongamento de si mesmo, portanto, amando-se e não à outra pessoa. Esta identificação se baseia na memória do prazer e da dor, das alegrias e dos insucessos, portanto, amando o passado e as suas concessões, e não a pessoa em si, neste momento, como é. É habitual dizer-se: “– Amo, porque ela (ou ele) tem compartilhado da minha vida, das minhas lutas; ajudou-me, sofreu ao meu lado, etc.”
O sentimento que predomina ai é o de Gratidão, e gratidão, infelizmente, não é amor, é reconhecimento que deve retribuir, compensar, quando em verdade, o Amor, é só doação.
A solução para os relacionamentos perturbadores, não é a separação, como supõem muitos. Rompendo-se com alguém, não pode o individuo crer-se livre para um outro compromisso, que lhe resultaria feliz, porquanto o problema não é da relação em si, mas do seu estado íntimo psicológico. Para tanto, como forma de equacionamento, só a doação do amor com toda a sua estrutura renovadora, saudável, de plenificação, consegue o êxito almejado, saudável, para onde ou para quem o indivíduo se transfira, conduzirá toda a sua memória social, o seu comportamento e o que é. Desse modo, transferir-se não resolve problemas. Antes, deve solucionar-se para mudar-se, se for o caso, depois.
O amor entre duas pessoas somente será pleno, se elas estiverem no mesmo nível.
Ao terminar estas explicações, pude sentir o alívio na Sra. Clarice e também no Sr. Geraldo. Mas disse-lhes sobre a necessidade de passarem por uma Terapia de Casais, depois de um certo tempo, para sentirem as palavras que lhes dediquei, como uma nova esperança e confiança no Amor de Deus, trazendo benefícios e alegria, com alta carga de energia vitalizadora.
A Varinha Mágica de Luíza Cony


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