quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

RETIDÃO DE CARÁTER E A SEGURANÇA DERIVAM DO QUE SE É, JAMAIS DO QUE SE TEM.



Atende Senhor a minha prece – para que o meu pequeno querer humano seja inteiramente sintonizado com o Teu Grande Querer Divino!
Com 22 anos de idade, fui convidada para trabalhar como taquigrafa parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo, e ao mesmo tempo preparar algumas secretárias dos Deputados Estaduais. Confesso que não foi nada agradável, pois não conseguia visualizar aquele ambiente como saudável profissionalmente. Então, concentrei todos os meus esforços para reunir o grupo de secretárias e alguns deputados, para transmitir o que vinha aprendendo sobre os meus ideais de vida. E logo após, pedi demissão. O que expus naquela palestra, foi mais ou menos isto que hoje, beirado os 72 anos, deixo registrado com a minha “Varinha Mágica”.
A psicologia sociológica do passado recomendava a posse como forma de segurança. A felicidade era medida em razão dos haveres acumulados, e a tranquilidade de apresentava como sendo a falta de preocupação em relação ao presente como ao futuro.
Aguardar uma velhice descansada, sem problemas financeiros, impunha-se como a grande meta a conquistar.  A Escala de Valores mantinha como patamar mais elevado a fortuna endinheirada, como se a vida se restringisse a negócios, à compra e venda de coisas, de favores, de posições. Mesmo as religiões, preconizando a renúncia ao mundo e aos bens terrenos, reverenciavam os poderosos, os ricos, enquanto se adornavam de requintes, e seus templos se transformavam em verdadeiros bazares, palácios e museus frios, nos quais a solidariedade e o amor passavam desconhecidos.
A felicidade se apresentava possível, desde que se pudesse compra-la. Todos os programas traziam como impositivo prioritário o prestígio social decorrente da posse financeira ou do poder político.
Inventou-se o conceito irônico de que o dinheiro não dá felicidade, porém ajuda a consegui-la. Ninguém o contesta; no entanto, ele não é tudo.
O imediatismo substituiu os valores legítimos da vida, e houve uma natural subestima pelos códigos éticos e morais, as conquistas intelectuais, as virtudes, por parecerem de somenos importância. Não se cogitava muito, então, averiguar se as pessoas poderosas e possuidoras de coisas eram realmente felizes, ou se apenas fingiam sê-lo.
Não se indagava a respeito das reais ambições dos seres e o quanto dariam para despojar-se de tudo, a fim de serem outrem ou fazerem o que lhes apreciasse e não o que se lhes impunham. Embora, os avanços da psicologia profunda, na atualidade, ainda permanecem alguns bolsões de imposição para que o homem tenha, sem a preocupação com o que ele seja.
O prolongamento da idade infantil, em mecanismos escapistas da personalidade, faz que a existência permaneça como um jogo, e os bons, como as pessoas, tornem-se brinquedos nas mãos de seus possuidores.
Os homens, entretanto, não são marionetes de fácil manipulação. Cada indivíduo tem as suas próprias aspirações e metas, não podendo ser movido pelo prazer insano ou com bons propósitos que sejam por outras pessoas.
Essas heranças infantis não absorvidas pela idade adulta, impedindo o amadurecimento psicológico encarregado do discernimento são, igualmente, responsáveis pela insegurança que leva o indivíduo a amontoar coisas e cuidar do ego, em detrimento da sua identidade integral. Sem que se dê conta, desumaniza-se e passa à categoria de semideus, desvelando os caprichos infantis, irresponsáveis, que se impõem, satisfazendo as frustrações.
O amadurecimento psicológico equipa o homem de resistências contra os fatores negativos da existência, as ciladas do relacionamento social, as dificuldades do cotidiano.
A vida são todas as ocorrências, agradáveis ou não, que trabalham pelo progresso, em cuja correnteza todos  navegam na busca do porto da realização. Importante desse modo é manter-se o equilíbrio entre o Ser e exteriorizar o que se É, sem conflito comportamental, eliminando os estados de tensão resultantes da insatisfação ou do comodismo, assim, realizando-se, interior e exteriormente.
Nesta luta entre o Ego artificial, arquetípico, e o Eu Real, eterno e evolutivo, os conteúdos ético-morais da vida têm prevalência, devendo ser incorporados à conduta que os automatiza, não mais gerando áreas psicológicas resistentes auto realização, e liberando-as para um estado de plenitude relativa, naturalmente, em razão da transitoriedade da existência física.
Eis ai a importância do amadurecimento psicológico do indivíduo, que lhe proporciona os meios de gerir os recursos, sem lhes submeter aos impositivos. Quando se tem a sabedoria de administrar os valores de qualquer natureza, a benefício da vida e da coletividade, não apenas se possui, sobretudo se se é livre, nunca possuído pelas enganosas engrenagens dos metais preciosos, dos títulos de negociações, dos documentos de consagração e propriedade, todos afinal, perecíveis, que mudam de mão, que são fáceis de perder-se, destruir-se, queimar-se.
Vamos refletir a frase inicial, para marcar bem, os valores reais da vida humana: “A retidão de caráter e a segurança derivam do que se É, jamais do que se tem.”
Luíza Cony



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