Édipo, na tragédia de Sófocles, deseja conhecer a própria
origem. Levado pela mais pela curiosidade do que pela coragem, ao ser informado
que era filho do Rei Laio, a quem matara, casando-se com Jocasta, sua mãe,
desequilibra-se e arranca os olhos. Cegando-se, foge à sua realidade, ao
autodescobrimento e perde-se, incapaz de superar a dura verdade.
A verdade é o encontro com o fato que deve ser digerido, de
modo a retificar o processo quando danoso ou prosseguir vitalizando-o, para que
se o amplie a benefício geral. Ignorando-se, o homem se mantem inseguro. Evitando
aceitar a sua origem tomba no fracasso, na desdita. O reforço de coragem para
levantar-se, quando cai, o ânimo de prosseguir, se surgem conspirações
emocionais que o intimidam, faz parte de seu programa de enriquecimento
interior.
O auto encontro enseja satisfações estimuladoras; saudáveis.
Esse esforço deve ser acompanhado pela inevitável confiança no êxito, porquanto
é ambição natural do ser pensante investir para ganhar, esforçar-se para colher
resultados bons.
Certamente, não vem prematuramente o triunfo, nem se torna
necessário. Há ocasiões para semear, compreender, e momento outro para colher,
ter resposta. O que não se deve temer é o atraso dos resultados, perder o
estímulo porque os frutos não se apresentam ou ainda não trazem o agradável
sabor esperado. Repetir o tentame com a lógica dos bons efeitos, conservar o
entusiasmo, são meios eficazes para identificar as próprias possibilidades,
sempre maiores quanto mais aplicadas.
Ao lado do recurso da confiança no êxito, aprofunda-se o
sentimento de amor, de interesse humano, de participação no grupo social, com
resultado em forma de respeito por si mesmo, de afeição á própria pessoa como
ser importante que é no conjunto geral. Discute-se muito, na atualidade, a
questão das conquistas éticas e morais, intentando-se explicar que a falta de
sentimento e de amor responde pelos desatinos que aturdem a sociedade. Tem razão,
aqueles que pensam desta forma. Todavia, parece-nos que a causa mais profunda
do problema se encontra na dificuldade do discernimento, em torno dos valores
humanos. O questionamento a respeito do que é essencial e do que é secundário
inverteu a ordem das aspirações, confundindo
os sentimentos e transformando a busca das sensações em realização
fundamental, relegando-se a plano inferior as expressões da emoção elevada, na
qual, o belo, o ético, o nobre se expressam em forma de amor, que não embrutece
nem violenta.
A experiência do amor é essencial ao autodescobrimento, pois
que, somente através dele se rompem as couraças do ego, do primitivismo, predominante
ainda em a natureza humana. O amor se expande como força criadora, estimulando
todas as expressões e formas de vida. Possuidor de vitalidade multiplica-a
naquele que o desenvolve quanto na pessoa a quem se dirige. Energia viva, pulsante,
é o próprio hálito da vida a sustenta-la. A sua aquisição exige um bem
direcionado esforço que deflui de uma ação mental equilibrada.
A “VARINHA MÁGICA” DE LUÍZA CONY
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