Produtos do inconsciente profundo, a se manifestarem como
comportamentos neuróticos, os fatores psicogênicos têm suas raízes na conduta
do próprio paciente em reencarnações passadas, nas quais se desarmonizou
interiormente. Fosse mediante conflitos de consciência ou resultados de ações
ignóbeis, os mecanismos propiciadores da reabilitação íntima imprimem no
inconsciente atual as matrizes que se exteriorizam como dissociações e
fragmentações da personalidade, alucinações, neuroses e psicoses.
Inseridas no individuo, essas causas originadas no interior
se associam às outras, de natureza externa, tornando-se desagregadores da
individualidade vitimada pelas pressões que experimenta. As pressões de qualquer
natureza são decisivas para estabelecer o clima comportamental da criatura. Por
formação antropológica, em luta renhida contra os fatores compressivos e
adversários, o homem aspira pela liberdade. Todos os seus esforços convergem
para uma atitude, uma atuação, um movimento, livres de aprisionamento. As pressões
que lhe limitam os espaços emocionais e físicos aturdem-no, dando margem a
evasões, agressividade, disfarces e violências, através dos quais tenta
escamotear o seu estado real. Isto quando não tomba na depressão, no
pessimismo. Vivendo sob estímulos, faculta-os à saciedade, que progride e age
conforme as energias que os constituem.
Quando estes estímulos são emuladores á felicidade, eis o
home atuante e encorajado, trabalhando pelo progresso próprio e geral, mediante
um comportamento otimista. No sentido oposto, quase nunca se motiva à reação,
para ascender aos sentimentos ideais que promovem a vida, libertando-se das
constrições naturalmente transitórias.
Equivocado quanto aos referenciais da existência, deixa-se
imbuir pelas sensações da posse, do prazer fugidio, caindo em depressões, seja
pela constituição psicológica fragmentária, ou porque estabelece como condição
de triunfo a aquisição das coisas que se podem amealhar e perdem o valor,
quando se não possui o essencial, que é a capacidade de administrá-las, não se
submetendo ao jugo enganoso.
Assim, apresentam-se os que se creem infelizes porque não
têm e os que se fazem desditosos porque tendo, não se contentam face à ausência
da plenitude interior.
O mito da ambição do Rei Midas, que tudo quanto tocava se
convertia em ouro, causa da sua felicidade e desgraça, tem atualidade no
comportamento neurótico dos possuidores – possuídos.
A experiência, no entanto, fazendo a pessoa aprofundar-se na
consciência dos valores altera-se o campo de compreensão, favorecendo o
entesouramento do equilíbrio. Todavia, tal ocorrência é resultado da luta que
deve ser travada sem cessar.
Assim a saúde psicológica decorre da autoconsciência, da
libertação íntima e da visão correta que se deve manter a respeito da vida, das
suas necessidades éticas, emocionais e humanas.
O comportamento neurótico, assustador, predominante na
sociedade consumista, procura esconder o desajuste e as fobias do homem
contemporâneo, que se afunda em mecanismos patológicos.
Receando ser ela mesma, torna-se pessoa-espelho a refletir
as conveniências dos outros, ou homem-parede a reagir contra todas as vibrações
que lhe são dirigidas, antes de examiná-las.
“Agredir antes, evitando ser agredido”, é a filosofia dos
fracos, fechando-se no círculo apertado dos receios e da não aceitação dos
outros, forma neurótica de ocultar a não aceitação de si mesmo.
São raros aqueles que preferem ser homens-pontes, colocados
entre extremos para ajudarem, facilitarem o trânsito, socorrerem nos abismos
existenciais...
O espírito de competição neurotizante vigente e estabelecido
como fomentador das riquezas, deve ceder lugar ao de cooperação responsável
pela solidariedade e pela paz, humanizando a sociedade e tornando a pessoa bem
identificada.
Competir não é negativo, desde que tenha por meta progredir,
e não vencer os outros; porém, superar-se cada vez mais, desenvolvendo
capacidades latentes e novas na individualidade. Competir, todavia, para
derrubar quem está à frente, em cima, é atitude neurótica, inconformista,
invejosa, que abre brecha àquele que vem atrás e repetirá a façanha em relação
ao aparente vencedor atual. Tal atitude responde pela insegurança que domina em
todas as áreas do relacionamento social.
Da mesma forma, deixar-se vivem sem se aventurar, no bom
sentido do termo, como se transitasse em um sonho cujos acontecimentos
inevitáveis se dão sem qualquer ingerência da pessoa, é uma atitude patológica,
irracional, em se considerando a capacidade de discernimento e a de realização
que caracteriza a criatura humana.
O homem-ação de equilíbrio gera os fatores do próprio
desenvolvimento, abandonando o conformismo neurótico, a fim de comandar o
destino sempre maleável a injunções novas e motivadoras.
Os seres humanos têm as suas matrizes em a natureza, com a
qual devem manter um relacionamento saudável, ao invés de evita-la. Sendo partes
integrantes da mesma, não se devem alienar, antes buscar lhe a cooperação e
auxiliá-la num intercâmbio de energias vigorosas, com o que sairão da gaiola
particular onde se ocultam e se acautelam.
Há personalidades neuróticas que a temem, receosas de serem
absorvidas pela sua grandiosidade e dando às suas expressões – céus, montanhas,
mares, florestas, etc. – determinados tipos de projeções humanas, poderosas e
devoradoras. Assim, anulam-na, matando-a no seu consciente através da negação
da sua necessidade.
Os comportamentos neuróticos são desgastantes, extrapolando
os limites das resistências orgânicas, que passam a somatizá-los abrindo campo
para várias enfermidades que poderiam ser evitadas.
A “Varinha Mágica” de Luíza Cony
Nenhum comentário:
Postar um comentário