Inácio, sem
fortuna e preguiçoso para trabalhar mas com uma certa astúcia, sempre quis
ocupar uma posição de destaque. Achando-se inteligente e influente abusou do
poder que lhe fora conferido na empresa do amigo Ademar. Viciado no orgulho, na
vaidade e na cobiça, arrastou Ademar e outros amigos para uma casa noturna,
local preferido para fazer uso da maconha e da cocaína. Muito duro se excedeu
nas perseguições daqueles que tinham a coragem de censurar seus atos. E por
isso Ademar o demitiu por justa causa. Sem fé, Inácio se torturou e a luxúria o
perseguia devorando o seu coração.
Certo dia,
Ademar encontrou Inácio drogado e falando compulsivamente sobre o ódio que
tinha do amigo. Seu comportamento era exagerado na violência. E aos gritos
ofendeu Ademar e a todos que lhe dirigissem o olhar ou quisessem oferecer
ajuda. Nunca se arrependia de nada.
O tempo foi
passando e Inácio não tinha sequer força para andar e para comer. Continuava recusando
qualquer tipo de auxílio e sua família o expulsou de casa; pois ele batia nos
filhos pequenos, na esposa e nos cunhados que sempre foram bons, aconselhando-o
a buscar ajuda psiquiátrica. Quando Ademar quis leva-lo ao Centro Espírita que
frequentava na infância, Inácio nem sequer teve força para falar a palavra
Deus. Seu cérebro parecia mergulhado na brutalidade e todos os piores vícios
eram como feridas sangrando e gritando sofrimentos terríveis.
Sem fé, não
tinha medo de nada ou o nada era a sua fé, Ademar se afastou, bem como toda a
família. Vivia jogado em qualquer canto
escuro e fétido, roubando comida dos moradores de rua e participando de
estupros em prostitutas de rua quando se recusavam a repartir com ele, craque e
cocaína. Nesse estado lastimável Inácio parecia cada vez mais perto da morte. Até
que numa noite de chuva forte e muito vento, ele se viu sendo arrastado pela
enxurrada ao ponto de cair num córrego. E num estalo, sua inteligência abre um
espaço e acende uma luz para o emocional. Consegue nadar e alcançar um tronco
de árvore, agarra-se firmemente e diz
para si mesmo: Não posso morrer. Não chegou a minha hora. Quero viver! Inicia-se
uma ferrenha luta na regulação da emoção. Parecia bastante competente para proteger-se contra os sentimentos negativos. Por
um instante, lembrou-se que as agitações e as ansiedades eram suas estratégias.
Era tão ruim para consigo mesmo que se declarava hipertenso fervilhando
perturbações fisiológicas e depressivo,
em termos de atividade do cérebro suas realidades eram angustiantes. Sua consciência
disparava torpedos de ódio. Sua depressão estava no estágio avançado se nutrindo
de ruminações e preocupações com o ego. Ele precisava ser socorrido antes de
morrer, antes que o seu espírito continuasse a expiação nos domínios do umbral,
perseguido pelos maus espíritos. E pensava: - “Todos os elementos se obstinam
contra mim”. Mas muitos horrores seu espírito registrou, como por exemplo as aspirações dos devoradores fluídicos
por causa dos vícios das drogas e de ações maldosas.
Inácio,
envolvido naquele desespero todo, continuou negando Deus, seu espírito
blasfemante e exalando sofrimentos exclama: “ O Mestre é surdo aos meus gritos.
Justiça?!”. Nessa hora de profundo medo da morte, lembra-se das palavras de
Ademar sobre o Centro Espírita e o que aprendera com a Evangelização Infantil,
e exclama: - “Dentro de mim, aos sobressaltos a verdade religiosa surge. Agora vou sair da melancolia espiritual; estou me voltando
para um poder transcendente. Bons espíritos orem por mim. Eu sei, eu sinto que
a prece, quando se é muito religioso, funciona para todos os estados de
espírito, sobretudo a depressão.
E continuava
ali preso ao tronco da árvore, a
correnteza ainda era assustadora, parecia que as poucas forças que ainda lhe
restava, logo acabariam. Mas seu pensamento soletrava este pedido de salvação:
- “Deus é infinito em sua Misericórdia; tudo pode ter um fim, quando Ele o
quer. E eu posso querer ter Fé Nele. Tenho certeza de que Deus me vê no caminho
do arrependimento. Eu tinha instrução espiritual e a Luz para me guiar. Como o
socorro da prece a brandura virá até mim porque verei o fim de todos os
sofrimentos e a esperança me sustentará. Ainda praticarei o bem no lugar do mal
que fiz”.
Inesperadamente,
a oração plantou boas sementes no coração de Inácio. Invadiu num rápido
instante e formulou uma quantidade de bens que sugeriram auto avaliações mais
profundas sobre si mesmo. Abriram-se as portas da fé com a chave poderosa e
abençoada do Espiritismo Consolador, tão sublime e sábio com suas instruções
iluminadas. Embora estivesse beirando já a margem do córrego e a água
cobrindo-o quase que por inteiro, Inácio sentiu a força renovadora de um
silêncio tão benéfico tocar-lhe e disse:
“Que Graça hoje recebi. A fé veio visitar o meu coração. Uma fé serena e
segura com o poder de me fazer enxergar os segredos escondidos em minha alma. A
fé já está instalada em mim. Creio e confesso que a partir de hoje, tudo muda
na minha consciência e na compreensão da vida da matéria e do espírito. Pedi e
obtive o que mais precisava: o entendimento da Lei do Amor para o meu espírito
libertar-se do mal, do ódio e das obsessões.
Ó Senhor!
Que a Vossa Santa Vontade seja feita para todo sempre. Ainda não sou perfeito,
mas farei todo o bem que me for possível para colher a felicidade.
*****
A “VARINHA
MÁGICA” DE LUÍZA CONY
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