quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

A FÉ VEIO VISITAR O MEU CORAÇÃO – PARTE I


Inácio, sem fortuna e preguiçoso para trabalhar mas com uma certa astúcia, sempre quis ocupar uma posição de destaque. Achando-se inteligente e influente abusou do poder que lhe fora conferido na empresa do amigo Ademar. Viciado no orgulho, na vaidade e na cobiça, arrastou Ademar e outros amigos para uma casa noturna, local preferido para fazer uso da maconha e da cocaína. Muito duro se excedeu nas perseguições daqueles que tinham a coragem de censurar seus atos. E por isso Ademar o demitiu por justa causa. Sem fé, Inácio se torturou e a luxúria o perseguia devorando o seu coração.
Certo dia, Ademar encontrou Inácio drogado e falando compulsivamente sobre o ódio que tinha do amigo. Seu comportamento era exagerado na violência. E aos gritos ofendeu Ademar e a todos que lhe dirigissem o olhar ou quisessem oferecer ajuda. Nunca se arrependia de nada.
O tempo foi passando e Inácio não tinha sequer força para andar e para comer. Continuava recusando qualquer tipo de auxílio e sua família o expulsou de casa; pois ele batia nos filhos pequenos, na esposa e nos cunhados que sempre foram bons, aconselhando-o a buscar ajuda psiquiátrica. Quando Ademar quis leva-lo ao Centro Espírita que frequentava na infância, Inácio nem sequer teve força para falar a palavra Deus. Seu cérebro parecia mergulhado na brutalidade e todos os piores vícios eram como feridas sangrando e gritando sofrimentos terríveis.
Sem fé, não tinha medo de nada ou o nada era a sua fé, Ademar se afastou, bem como toda a família. Vivia  jogado em qualquer canto escuro e fétido, roubando comida dos moradores de rua e participando de estupros em prostitutas de rua quando se recusavam a repartir com ele, craque e cocaína. Nesse estado lastimável Inácio parecia cada vez mais perto da morte. Até que numa noite de chuva forte e muito vento, ele se viu sendo arrastado pela enxurrada ao ponto de cair num córrego. E num estalo, sua inteligência abre um espaço e acende uma luz para o emocional. Consegue nadar e alcançar um tronco de árvore,  agarra-se firmemente e diz para si mesmo: Não posso morrer. Não chegou a minha hora. Quero viver! Inicia-se uma ferrenha luta na regulação da emoção. Parecia bastante competente para  proteger-se contra os sentimentos negativos. Por um instante, lembrou-se que as agitações e as ansiedades eram suas estratégias. Era tão ruim para consigo mesmo que se declarava hipertenso fervilhando perturbações  fisiológicas e depressivo, em termos de atividade do cérebro suas realidades eram angustiantes. Sua consciência disparava torpedos de ódio. Sua depressão estava no estágio avançado se nutrindo de ruminações e preocupações com o ego. Ele precisava ser socorrido antes de morrer, antes que o seu espírito continuasse a expiação nos domínios do umbral, perseguido pelos maus espíritos. E pensava: - “Todos os elementos se obstinam contra mim”. Mas muitos horrores seu espírito registrou, como por  exemplo as aspirações dos devoradores fluídicos por causa dos vícios das drogas e de ações maldosas.
Inácio, envolvido naquele desespero todo, continuou negando Deus, seu espírito blasfemante e exalando sofrimentos exclama: “ O Mestre é surdo aos meus gritos. Justiça?!”. Nessa hora de profundo medo da morte, lembra-se das palavras de Ademar sobre o Centro Espírita e o que aprendera com a Evangelização Infantil, e exclama: - “Dentro de mim, aos sobressaltos a verdade religiosa surge. Agora  vou sair da melancolia espiritual; estou me voltando para um poder transcendente. Bons espíritos orem por mim. Eu sei, eu sinto que a prece, quando se é muito religioso, funciona para todos os estados de espírito, sobretudo a depressão.
E continuava ali  preso ao tronco da árvore, a correnteza ainda era assustadora, parecia que as poucas forças que ainda lhe restava, logo acabariam. Mas seu pensamento soletrava este pedido de salvação: - “Deus é infinito em sua Misericórdia; tudo pode ter um fim, quando Ele o quer. E eu posso querer ter Fé Nele. Tenho certeza de que Deus me vê no caminho do arrependimento. Eu tinha instrução espiritual e a Luz para me guiar. Como o socorro da prece a brandura virá até mim porque verei o fim de todos os sofrimentos e a esperança me sustentará. Ainda praticarei o bem no lugar do mal que fiz”.
Inesperadamente, a oração plantou boas sementes no coração de Inácio. Invadiu num rápido instante e formulou uma quantidade de bens que sugeriram auto avaliações mais profundas sobre si mesmo. Abriram-se as portas da fé com a chave poderosa e abençoada do Espiritismo Consolador, tão sublime e sábio com suas instruções iluminadas. Embora estivesse beirando já a margem do córrego e a água cobrindo-o quase que por inteiro, Inácio sentiu a força renovadora de um silêncio tão benéfico tocar-lhe e disse:  “Que Graça hoje recebi. A fé veio visitar o meu coração. Uma fé serena e segura com o poder de me fazer enxergar os segredos escondidos em minha alma. A fé já está instalada em mim. Creio e confesso que a partir de hoje, tudo muda na minha consciência e na compreensão da vida da matéria e do espírito. Pedi e obtive o que mais precisava: o entendimento da Lei do Amor para o meu espírito libertar-se do mal, do ódio e das obsessões.
Ó Senhor! Que a Vossa Santa Vontade seja feita para todo sempre. Ainda não sou perfeito, mas farei todo o bem que me for possível para colher a felicidade.
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A “VARINHA MÁGICA” DE LUÍZA CONY

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