quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A CONSCIÊNCIA CRIATIVA


Há diversos exemplos de homens que adquiriram um estado de consciência ética aplicada em favor da Humanidade, como São Vicente de Paulo, Madre Tereza de Calcutá, Allan Kardec, Nietzsche, Chico Xavier, Schweitzer, porque é a conquista da iluminação, da lucidez intelecto-moral, do dever solidário e humano. Ela proporciona uma criatividade construtiva ilimitada que conduz à santificação, na fé e na religião; ao heroísmo, na luta cotidiana e nas batalhas profissionais; ao apogeu na arte, na ciência, na filosofia, pelo empenho que enseja em favor de uma plena identificação com o ideal esposado.
O homem é o único “animal ético” que existe. Não obstante, um exame da sociedade nas suas variadas épocas, face à agressividade bélica, à indiferença pela vida, à barbárie em inúmeras ocasiões, nos demonstre o contrário. Somente ele pode apresentar uma “consciência criativa”, pensar em termos de abstrações como a beleza, a bondade, a esperança e cultivar ideais de enobrecimento. Essa consciência ética nele existe em potencial, aguardando que seja desenvolvida mediante e após o autodescobrimento, a aquisição de valores que lhe proporcionem o senso de liberdade para eleger as experiências que lhe cabe vivenciar. Atavicamente  receoso, experimenta conflitos que o atormentam, dificultando-lhe discernir entre o certo e o errado, o bem e o mal, o bom e o pernicioso. Ainda dominado pelo egocentrismo da infância, de que não se libertou, pensa que o mundo existe para que ele o desfrute e as pessoas a fim de que o sirvam, disputando e tomando à força, o que supõe pertencer-lhe por direito ancestral.
Diversos caminhos, porém, deverá ele percorrer para que a autoconsciência lhe descortine as aquisições éticas indispensáveis: a afirmação de si mesmo, a introspecção, o amadurecimento psicológico e a autovalorização entre outros... O “negar a si mesmo” do Evangelho, que faculta a personalidades patológicas o mergulho no abandono do corpo e da vida, em reação cruel, destituído de objetivo libertador, aqui aparece como mecanismo de fuga da realidade, medo de enfrentar a sociedade e de lutar para conseguir o seu “lugar ao sol”, como membro atuante e útil da Humanidade, que necessita crescer graças à sua ajuda. Este conceito cristão mantém as suas raízes na necessidade de “negar-se” ao ego prepotente e dominador, a submissão do próximo, em favor das suas paixões, a fim de seguir o Cristo, aqui significando a verdade que liberta. O desprezo a si mesmo, literalmente considerado, constitui reação de ódio e ressentimento pela vida e pela Humanidade, mortificando o corpo ante a impossibilidade de castigar a Sociedade.
O homem que se afirma pela ação bem direcionada, conquista resistência para preservar na busca das metas que estabelece, amadurecendo a consciência ética de responsabilidade e dever, o que o credencia a logros mais audaciosos. Ele rompe as algemas da timidez, saindo do calabouço da preocupação, às vezes, patológica, de parecer bem, de ser tido como pessoa realizada ou viver fugindo do contato social. Ou pelo contrário, canaliza a agressividade, a impetuosidade de que se vê possuído para superar os impulsos ansiosos, aprendendo a conviver com o equilíbrio e em grupo, no qual há respeito entre os seus membros, sem dominadores nem dominados. Consegue o senso de planejamento das suas ações, criando um ritmo de trabalho que o não exaure no excesso, nem o amolece na sociedade, participando do esforço geral para o seu progresso e o da comunidade. Adquire um conceito lógico de tempo e oportunidade para a realização dos seus empreendimentos, confiando com tranquilidade no resultado dos esforços dispendidos.
Mediante a autoconsciência aplica de modo salutar as experiências passadas, sem saudosismos, sem ressentimentos, planejando as novas com um programa bem delineado que resulta do processamento dos dados já vividos e adicionados às expectativas em pauta a viver. Por sua vez, o fenômeno da autoconsciência consiste no conhecimento lógico do que fazer e como executá-lo, sem conceder-lhe demasiada importância, que se  transforme numa obsessão, pelos minuciosos detalhes e face ao excesso de cuidados, correndo o risco de lamentável perfeccionismo. Ele resulta de uma forma de dilatação do que se sabe, de uma consciência vigilante e lúcida do que se realiza, expandindo a vida e, como efeito, graças ao dinamismo adquirido, sentir-se liberado de tensões, fora de conflitos.  Esta conquista de si mesmo enseja maior soma de realizações, um campo mais amplo de criatividade e mais espontaneidade.

A “VARINHA MAGICA” DE LUÍZA CONY

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