Disse Jesus: Muitos estão
diante da porta – mas somente os solitários é que entram na sala nupcial.
A suprema experiência
espiritual aparece sempre na forma de núpcias místicas com o divino Esposo.
A alma humana é como uma
virgem que se entrega totalmente a Deus.
Muitos desejariam celebrar
estas núpcias divinas, mas não conseguem cruzar o limiar da porta que conduz ao
interior desse casamento místico.
Que é que os impede se
estão diante da porta, por que não entram? Por que não se entregam ao divino esposo?
Qual o seu obstáculo? O seu obstáculo é a sua falta de solidão. Não são almas
suficientemente solitárias. Andam mancomunadas com outros amores. Não são almas
virgens, puras; estão cheias de desejos e compromissos profanos. Não são monogâmicas
– vivem nas poligamias do ego.
Os que entram na sala e
celebram as suas núpcias divinas são as almas solitárias, as que disseram adeus
aos amantes mundanos, que se afastaram dos ruídos da multidão, perderam de
vistas todos os litorais da sociedade e todas as praias dos interesses do ego,
e se deixaram empolgar pelas ondas bravias dos mares de Deus.
Todo ser humano realmente
espiritual verifica que a sua solidão aumenta na razão direta da sua
espiritualização.
O homem profano é rodeado
de muitos, o iniciado é cada vez mais isolado – até que a sua solidão atinge o cume do Everest, onde a alma se
encontra com Deus em total solidão e silêncio, em absoluta nudez espiritual. Nem
pai nem mãe, nem filho nem filha, nem irmão nem irmã, nem esposo nem
esposa, nem amigo algum nos pode acompanhar
nesse último trecho da nossa jornada à silenciosa Divindade. A alma a sós com
Deus...
Na razão direta que o
homem se espiritualiza, mais se incompatibiliza com a sociedade em que vive. Os
assuntos dos seus amigos de outrora não o interessam mais; e o que o interessa
não interessa aos outros.
Quanto mais o homem se
aproxima de Deus, mais se distancia dos homens que não se aproximam de Deus. Mas,
por outro lado, o homem espiritual encontra o seu mundo de afinidade interior
mil vezes mais belo que todas as sociedades profanas de outrora. Ele vive na “Comunhão
dos Santos”.
Vemos também que na vida
de Jesus aparece essa progressiva solidão: No domingo de Ramos, milhares de
amigos o ovacionaram. Na Santa Ceia, ainda são doze. Pouco depois onze. No Horto
das Oliveiras, são apenas três que acompanham o solitário sofredor. No Calvário
só lhe resta um dos seus discípulos, e deste único discípulo fiel Jesus se
desfaz, entregando-o à sua mãe. E assim, em total solidão e desnudez, pôde Ele
dizer: “Está consumado... Pai em Tuas Mãos entrego o meu Espírito”...
Muitos estão diante da
porta – poucos entram no interior do santuário – são os grandes solitários.
***
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO
HUMANA” – POR LUÍZA CONY
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