Podemos dizer
que os temas mais importantes da psicologia moderna são o inconsciente e o
subconsciente, objetos principais da psicologia de profundidade. A participação
do subconsciente na vida psíquica é tão grande que, embora nem sempre o
possamos perceber, nossos gestos e atitudes são dirigidos e orientados pelos
impulsos mais profundos que vêm dos recantos mais íntimos do nosso ser. E impossível a compreensão psicológica de nós mesmos e dos
nossos semelhantes se não tivermos o conhecimento desses fenômenos. Muitos de
nossos gestos são inconscientes, mas expressam intenções, que frequentemente
desconhecemos.
Entretanto,
fantásticas especulações foram feitas, nesse terreno e muitas afirmativas foram
produto de precipitações de toda espécie, a ponto de se chegar a afirmar que os
fenômenos conscientes eram totalmente regidos pelos inconscientes. Nem sempre
na vida, se tem uma consciência intensa. Há fatos que estão como que
obscurecidos, enevoados, enquanto outros são mais límpidos e nítidos, assim
como sucede com as nossas recordações, que ora são mais nítidas, ora mais
escuras, ora conseguimos trazê-las da obscuridade para a luz. Nossas recordações,
sofrem também modificações, pois quando
encontramos novamente uma pessoa, vem-nos à memória uma série de fatos que
acompanharam o primeiro encontro. Então essa pessoa já não é propriamente a
mesma da primeira vez, quando nos era estranha. Agora é uma pessoa conhecida e
a tratamos segundo as recordações que nos deixou e as ligações afetivas, que a
primeira impressão e as outras marcaram na nossa memória. Toda nossa vida
anterior influi sobre os atos de nossa vida atual. O ser humano tem memória e
cada coisa traz a memorização de outras. Essa a razão porque sempre fomos
diferentes, porque cada experiência não somente acrescenta mais uma experiência,
como também modifica qualitativamente, as experiências anteriores.
Toda a nossa
vida está governada pelas experiências do passado. Tem o nosso subconsciente
uma função ordenadora especial. O que não somos capazes de fazer no presente,
que é o campo de ação da consciência, o faz o subconsciente de maneira
extraordinária. Basta citarmos um exemplo, que é típico. Quem estuda uma língua
em 40 lições de uma hora, uma por dia ou uma por semana, adquire muito mais
conhecimento dessa língua do que quem a estudasse em 40 horas, divididas em 5
por dia. No primeiro caso, o trabalho ativo e ordenador do subconsciente
permite uma melhor fixação e sedimentação dos elementos apreendidos.
O nosso
subconsciente, ativa de maneira coordenadora e daí, sua grande influência no
consciente. Por isso é que dizemos que o nosso passado influi poderosamente no
nosso presente. Eis, então, a razão principal que nos leva a estudar e a
conhecer o “passado”. Esse o motivo
porque tanto nos interessa o passado dos grandes homens.
Sabemos que
o passado muito nos pode explicar, muito embora os fatos puramente sucedidos, e
que foram exteriormente averiguados por outros, não sejam suficientes para nos
dar a ideia precisa de uma personalidade. Sabemos o quanto é difícil conhecer o
nosso passado, quanto mais o passado de uma pessoa que nos é estranha . Há certos acontecimentos decisivos,
que transformam a personalidade e muitos deles, quase sempre se processam em silêncio.
Há fatos
passados que a pessoa não quer recordar, quer esquecer, precisa esquecer. Eles,
propriamente, não desaparecem, mas se ocultam no subconsciente, ou são “mascarados”,
encobertos por outras manifestações, que fazem esquecê-los. Esse esquecimento
pode ter um caráter passivo ou um caráter ativo. São reprimidos. E essa
repressão é um dos temas mais importantes da psicologia inaugurada por Freud. Quando
reprimidos, desaparece totalmente a recordação dos mesmos do campo da
consciência, mas são retidos no subconsciente, onde permanecem latentes e
influem de forma daninha no comportamento vital.
A “VARINHA
MÁGICA” DE LUÍZA CONY
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