segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

MOMENTOS DE REFLEXÃO


Meu amigo, minha amiga – alegro-me com vocês ao sentir que se empenham nas realizações da vida material como complemento às realizações íntimas do Espírito. Porém, não se esqueçam de que só purificando a nascente, que é o Espírito, garantiremos a salubridade do leio do rio, no qual simbolizamos a alma em atividade benfazeja.
Sejam pacientes na introspecção, na análise e na renovação, porque de sua aplicação a esses valores positivos resultará a felicidade que lhes chegará com a alegria de ver concretizados seus sonhos de paz. Lembrem-se, no entanto, que esta paz é o prêmio do exercício constante de vigilância contra os erros que nos assediam, pondo à prova a nossa capacidade de resistência.
Agradeçamos a Luz Divina que orienta o Espírito para seus altos objetivos, renovando sempre a oportunidade de perseverar na busca da paz.
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É verdade que muito se fala de altruísmo, nova denominação do Amor da Humanidade, e se pretende que esse sentimento deve bastar. Mas, como se fará do Amor da Humanidade uma coisa vivida, realizada, quando não chegamos, não direi a amar-nos, porém somente a suportar-nos uns aos outros? Para se gruparem os sentimentos e as aspirações, é necessário um ideal poderoso. Pois bem! Esse ideal não o encontrareis nas coisas deste mundo, todas efêmeras, transitórias. Ele não existe senão no SER Infinito, Eterno. Somente Ele é bastante vasto para recolher, absorver todos os transportes, todas as forças, todas as aspirações da alma humana, para reconhecê-los e fecundar. Esse ideal é DEUS!
Mas que é o ideal? É a perfeição.
Deus, sendo a perfeição realizada, é ao mesmo tempo o ideal objetivo, o ideal vivo!
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Se a inteligência existe no ser humano, deve encontrar-se nesse Universo de que faz parte integrante. O que existe na parte deve encontrar-se no Todo.
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A linguagem humana é imponente para exprimir a ideia do SER Infinito. Desde que nos servimos de nomes e de termos, limitamos o que é sem limites. Todas as definições são insuficientes e, de certo modo, induzem a erro. Entretanto, o pensamento para se exprimir precisa de termo.
O menos afastado da realidade é aquele pelo qual os padres do Egito designavam DEUS: EU SOU, isto é, eu sou o SER por excelência, absoluto, eterno, e do qual emanam todos os seres.
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Não procureis DEUS nos templos de pedra e de mármore, ó homem que O queres conhecer, e sim no Templo Eterno da Natureza, no espetáculo dos mundos a percorrer o Infinito, os esplendores da vida que se expande em sua superfície, na vista dos horizontes variados: planícies, vales, montanhas e mares que a tua morada terrestre te oferece.
Por toda parte, à luz brilhante do dia ou sob o manto constelado das noites, à margem dos oceanos tumultuosos, e assim na solidão das florestas, se te sabes recolher, ouvirás as vozes da natureza e os sutis ensinamentos que murmuram a ouvido daqueles que frequentam suas solidões e estudam seus mistérios.
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A razão de ser da nossa encarnação consiste que a nossa alma encontre resistência material; porque sem resistência não há evolução. As ternas Leis Cósmicas exigem de nós essa evolução.
Resistência é oposição, dificuldade, tensão, tentação, sofrimento. Quando o nosso EU se reveste do invólucro do Ego, encontra ele resistência.
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O sofrimento vem ou das adversidades da Natureza ou das perversidades dos homens. E estas últimas representam a parte principal dos sofrimentos do homem que se revestiu de um corpo físico/material
Em face desse invólucro material e desse ambiente hostil, duas atitudes são possíveis; ou derrota – ou vitória. Se a nossa alma for mais fraca que o ambiente externo, material, será derrotada. Se, porém, a nossa alma intensificar a sua força, será vitoriosa e se servirá do próprio mundo material para aumentar a sua força. Neste caso, os sofrimentos causados pelo mundo e pelos homens reverterão em benefício e evolução ascensional da alma. Por isto, é feliz aquele que sofre perseguição, suposto que não sucumba a ela, mas se sirva dela para intensificar a sua voltagem espiritual.
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Quando nossa alma entrou neste mundo e se revestiu do corpo era ela carta branca, sem virtude nem vício, em estado neutro.
Quando a nossa alma sair deste mundo, não levará consigo um átomo sequer do seu corpo, nem um centavo da sua fortuna. Mas ai da alma que sair do mundo como entrou no mundo! Ouvirá de Deus as palavras que ouviu aquele servo inoperante da parábola dos talentos: “Servo mau e preguiçoso”.
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A razão porque a alma se revestiu do corpo é para se enriquecer e adquirir experiência através desse corpo. No ponto zero a alma entrou, mas ai dela se sair no ponto zero!
As Leis Cósmicas não dão potencialidade para não serem atualizadas. Quem recebe potencialidades evolutivas tem obrigação de atualizar ou fazer frutificar essas possibilidades. Do contrário, se torna culpado, pois “Deus criou o homem o menos possível, para que o homem se possa criar o mais possível”.
As dificuldades da vida são um meio para que o homem possa alcançar o fim da sua encarnação terrestre.
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Três atitudes humanas são possíveis em face do sofrimento e das adversidades da vida: revolta, resignação, regeneração.
O homem totalmente materialista se revolta contra os sofrimentos, porque os considera somente como inimigos.
O homem espiritualizado tolera resignadamente os sofrimentos, sem se revoltar nem os aceitar; mantém-se numa atitude de passiva neutralidade, uma vez que não pode evitar as adversidades; não se torna melhor nem pior em face do sofrimento.
O homem crístico, porém, pergunta para o Mestre – “não devia eu sofrer tudo isto para assim entrar em minha glória?” Esse homem clarividente vê no sofrimento um amigo, um anjo, vestido de luto, sim, mas com o sorriso da redenção nos lábios, e a esperança da imortalidade nos olhos.
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Não é verdade que o sofrimento redima o homem, como alguns pensam. Há sofredores que se tornam piores pelo sofrimento; alguns acabam no suicídio; outros criam dentro de si um inferno de revolta e amargura. Não é o sofrimento em si que redime o homem; é a atitude que o homem assume em face do sofrimento que o modifica para melhor ou para pior.
Felizes são os famintos de uma vida superior, já enfastiados da vida materialista. O próprio corpo desses famintos do espírito participará da plenificação espiritual.
É necessário saber querer o Céu para possuir também a Terra.
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Serenidade significa Fé e Confiança nos desígnios do Eterno; provem da paz de uma consciência tranquila que renova os recursos espirituais para a longa jornada rumo ao infinito.
Não transborda orgulho nem prepotência.  Permanece no campo da luta pacientemente à espera de que a força do bem maior tudo possa renovar.
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A serenidade não destrói o erro, mas tolera-o enquanto o compreende que ele não possui forças para transformar-se, porém não se perturba, pois crê firmemente que o erro é produto da ignorância e que toda treva será desfeita pela luz.
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Na jornada evolutiva um princípio de autoconfiança deve manter o servo na atitude serena, pois o erro procura sem cessar destruir a base de sustentação de virtude, que é a serenidade, produto da certeza na vitória do bem.
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A alma serena sabe suportar porque tem esperança e é humilde, confiando no BEM MAIOR, embora conheça a realidade de ser ainda imperfeita. Tem a sabedoria de suportar com paciência os vendavais porque conquistou a dupla força que a sustenta: a confiança na vitória do bem e a consciência dos seus poucos méritos, que a faz suportar a luta necessária do aprendizado.
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A serenidade é fruto da conquista do equilíbrio emocional e só é consolidada através das lutas, nas quais a alma necessita recompor-se inúmeras vezes, como o lutador que para a fim de haurir a força do oxigênio renovador.
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Serenidade é persistência por amor a Deus e ao próximo. É compaixão diante dos erros alheios, é esperança na renovação do semelhante desviado, é fraternidade enfim! É humidade, é tolerância, é paciência.
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Em sã consciência não somos ainda capazes de alcançar realizações virtuosas de forma espontânea e que o esforço excessivo torna-se artificial, pouco real e menos produtivo para a harmonia do ser imperfeito que constituímos.
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A conquista da serenidade exclui por completo a auto recriminação, que sensibiliza de maneira negativa, predispondo mal o espírito para a luta. A alma serena é capaz de observar os próprios erros sem perturbação. Dissolve-os, pouco a pouco, no esforço da renovação de suas atitudes.
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Serenidade é humildade e amor. Vamos praticá-la com vontade firme. Pode e deve ser conquistada como prova de que já sentimos o perdão do Senhor para os nossos males e que esperamos, imperturbáveis, que esse mesmo perdão atinja a alma aflita de nossos irmãos de jornada.
           
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O equilíbrio emocional ou serenidade é produto da aquisição de uma arte. Como todas as artes, exige uma predisposição ou tendência, expressa num desejo, numa procura constante de atingir a realização. Sem essa base, nada poderá ser feito. Não se espera que, de uma alma avessa à disciplina e ao esforço, possa surgir o “talento” indispensável à aquisição dessa arte. Embora as tendências atuais do progresso artístico deem plena liberdade ao gênio criador, o artista não poderá dispensar os pinceis, as tintas, o instrumento especial para gravar e esculpir, enfim, todo aparelhamento tradicional para a evolução de sua obra. Da mesma forma, a conquista do equilíbrio emocional não implica na submissão rígida a valores classicamente estereotipados. Há largueza e flexibilidade suficientes para que cada um chegue a externar suas aptidões, firmando o quadro individual de sua criação, sem, no entanto dispensar os instrumentos dessa realização:
1º - A vontade firmemente dirigida e utilizada como elemento de libertação dos próprios valores positivos, pois à semelhança do instrumento especial para gravar e esculpir, a vontade se encarregará de burilar as arestas indesejáveis, se prejudicar, por golpes violentos, a harmonia do conjunto que se molda;
2º Aliada ao esclarecimento pela aplicação ao estudo das melhores diretrizes poderá ser comparada à tela colocada com firme determinação diante do artista cujo pincel, manipulado esclarecidamente, formará a obra de arte, com o auxílio das tintas vivas do Amor que é a expressão mais da beleza na vida!
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Não vale a vida pela extensão que ocupa no tempo ou espaço – vale pela intensidade com que é vivida. Quem vive como deve, vive a sua vida em toda a plenitude. Viva feliz!
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A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY





                       



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