Meu amigo, minha amiga – alegro-me com vocês ao sentir
que se empenham nas realizações da vida material como complemento às
realizações íntimas do Espírito. Porém, não se esqueçam de que só purificando a
nascente, que é o Espírito, garantiremos a salubridade do leio do rio, no qual simbolizamos
a alma em atividade benfazeja.
Sejam pacientes na introspecção, na análise e na
renovação, porque de sua aplicação a esses valores positivos resultará a felicidade
que lhes chegará com a alegria de ver concretizados seus sonhos de paz. Lembrem-se,
no entanto, que esta paz é o prêmio do exercício constante de vigilância contra
os erros que nos assediam, pondo à prova a nossa capacidade de resistência.
Agradeçamos a Luz Divina que orienta o Espírito para seus
altos objetivos, renovando sempre a oportunidade de perseverar na busca da paz.
*
É verdade que muito se fala de altruísmo, nova
denominação do Amor da Humanidade, e se pretende que esse sentimento deve
bastar. Mas, como se fará do Amor da Humanidade uma coisa vivida, realizada,
quando não chegamos, não direi a amar-nos, porém somente a suportar-nos uns aos
outros? Para se gruparem os sentimentos e as aspirações, é necessário um ideal
poderoso. Pois bem! Esse ideal não o encontrareis nas coisas deste mundo, todas
efêmeras, transitórias. Ele não existe senão no SER Infinito, Eterno. Somente Ele
é bastante vasto para recolher, absorver todos os transportes, todas as forças,
todas as aspirações da alma humana, para reconhecê-los e fecundar. Esse ideal é
DEUS!
Mas que é o ideal? É a perfeição.
Deus, sendo a perfeição realizada, é ao mesmo tempo o
ideal objetivo, o ideal vivo!
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Se a inteligência existe no ser humano, deve encontrar-se
nesse Universo de que faz parte integrante. O que existe na parte deve
encontrar-se no Todo.
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A linguagem humana é imponente para exprimir a ideia do
SER Infinito. Desde que nos servimos de nomes e de termos, limitamos o que é
sem limites. Todas as definições são insuficientes e, de certo modo, induzem a
erro. Entretanto, o pensamento para se exprimir precisa de termo.
O menos afastado da realidade é aquele pelo qual os
padres do Egito designavam DEUS: EU SOU, isto é, eu sou o SER por excelência,
absoluto, eterno, e do qual emanam todos os seres.
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Não procureis DEUS nos templos de pedra e de mármore, ó
homem que O queres conhecer, e sim no Templo Eterno da Natureza, no espetáculo
dos mundos a percorrer o Infinito, os esplendores da vida que se expande em sua
superfície, na vista dos horizontes variados: planícies, vales, montanhas e
mares que a tua morada terrestre te oferece.
Por toda parte, à luz brilhante do dia ou sob o manto constelado
das noites, à margem dos oceanos tumultuosos, e assim na solidão das florestas,
se te sabes recolher, ouvirás as vozes da natureza e os sutis ensinamentos que
murmuram a ouvido daqueles que frequentam suas solidões e estudam seus
mistérios.
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A razão de ser da nossa encarnação consiste que a nossa
alma encontre resistência material; porque sem resistência não há evolução. As ternas
Leis Cósmicas exigem de nós essa evolução.
Resistência é oposição, dificuldade, tensão, tentação,
sofrimento. Quando o nosso EU se reveste do invólucro do Ego, encontra ele
resistência.
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O sofrimento vem ou das adversidades da Natureza ou das
perversidades dos homens. E estas últimas representam a parte principal dos
sofrimentos do homem que se revestiu de um corpo físico/material
Em face desse invólucro material e desse ambiente hostil,
duas atitudes são possíveis; ou derrota – ou vitória. Se a nossa alma for mais
fraca que o ambiente externo, material, será derrotada. Se, porém, a nossa alma
intensificar a sua força, será vitoriosa e se servirá do próprio mundo material
para aumentar a sua força. Neste caso, os sofrimentos causados pelo mundo e
pelos homens reverterão em benefício e evolução ascensional da alma. Por isto,
é feliz aquele que sofre perseguição, suposto que não sucumba a ela, mas se
sirva dela para intensificar a sua voltagem espiritual.
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Quando nossa alma entrou neste mundo e se revestiu do
corpo era ela carta branca, sem virtude nem vício, em estado neutro.
Quando a nossa alma sair deste mundo, não levará consigo
um átomo sequer do seu corpo, nem um centavo da sua fortuna. Mas ai da alma que
sair do mundo como entrou no mundo! Ouvirá de Deus as palavras que ouviu aquele
servo inoperante da parábola dos talentos: “Servo mau e preguiçoso”.
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A razão porque a alma se revestiu do corpo é para se
enriquecer e adquirir experiência através desse corpo. No ponto zero a alma
entrou, mas ai dela se sair no ponto zero!
As Leis Cósmicas não dão potencialidade para não serem
atualizadas. Quem recebe potencialidades evolutivas tem obrigação de atualizar
ou fazer frutificar essas possibilidades. Do contrário, se torna culpado, pois “Deus
criou o homem o menos possível, para que o homem se possa criar o mais possível”.
As dificuldades da vida são um meio para que o homem
possa alcançar o fim da sua encarnação terrestre.
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Três atitudes humanas são possíveis em face do sofrimento
e das adversidades da vida: revolta, resignação, regeneração.
O homem totalmente materialista se revolta contra os
sofrimentos, porque os considera somente como inimigos.
O homem espiritualizado tolera resignadamente os
sofrimentos, sem se revoltar nem os aceitar; mantém-se numa atitude de passiva
neutralidade, uma vez que não pode evitar as adversidades; não se torna melhor
nem pior em face do sofrimento.
O homem crístico, porém, pergunta para o Mestre – “não
devia eu sofrer tudo isto para assim entrar em minha glória?” Esse homem
clarividente vê no sofrimento um amigo, um anjo, vestido de luto, sim, mas com
o sorriso da redenção nos lábios, e a esperança da imortalidade nos olhos.
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Não é verdade que o sofrimento redima o homem, como
alguns pensam. Há sofredores que se tornam piores pelo sofrimento; alguns
acabam no suicídio; outros criam dentro de si um inferno de revolta e amargura.
Não é o sofrimento em si que redime o homem; é a atitude que o homem assume em
face do sofrimento que o modifica para melhor ou para pior.
Felizes são os famintos de uma vida superior, já
enfastiados da vida materialista. O próprio corpo desses famintos do espírito
participará da plenificação espiritual.
É necessário saber querer o Céu para possuir também a
Terra.
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Serenidade significa Fé e Confiança nos desígnios do
Eterno; provem da paz de uma consciência tranquila que renova os recursos
espirituais para a longa jornada rumo ao infinito.
Não transborda orgulho nem prepotência. Permanece no campo da luta pacientemente à
espera de que a força do bem maior tudo possa renovar.
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A serenidade não destrói o erro, mas tolera-o enquanto o
compreende que ele não possui forças para transformar-se, porém não se
perturba, pois crê firmemente que o erro é produto da ignorância e que toda
treva será desfeita pela luz.
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Na jornada evolutiva um princípio de autoconfiança deve
manter o servo na atitude serena, pois o erro procura sem cessar destruir a
base de sustentação de virtude, que é a serenidade, produto da certeza na
vitória do bem.
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A alma serena sabe suportar porque tem esperança e é
humilde, confiando no BEM MAIOR, embora conheça a realidade de ser ainda
imperfeita. Tem a sabedoria de suportar com paciência os vendavais porque
conquistou a dupla força que a sustenta: a confiança na vitória do bem e a
consciência dos seus poucos méritos, que a faz suportar a luta necessária do
aprendizado.
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A serenidade é fruto da conquista do equilíbrio emocional
e só é consolidada através das lutas, nas quais a alma necessita recompor-se
inúmeras vezes, como o lutador que para a fim de haurir a força do oxigênio
renovador.
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Serenidade é persistência por amor a Deus e ao próximo. É
compaixão diante dos erros alheios, é esperança na renovação do semelhante
desviado, é fraternidade enfim! É humidade, é tolerância, é paciência.
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Em sã consciência não somos ainda capazes de alcançar
realizações virtuosas de forma espontânea e que o esforço excessivo torna-se
artificial, pouco real e menos produtivo para a harmonia do ser imperfeito que constituímos.
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A conquista da serenidade exclui por completo a auto recriminação,
que sensibiliza de maneira negativa, predispondo mal o espírito para a luta. A alma
serena é capaz de observar os próprios erros sem perturbação. Dissolve-os,
pouco a pouco, no esforço da renovação de suas atitudes.
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Serenidade é humildade e amor. Vamos praticá-la com
vontade firme. Pode e deve ser conquistada como prova de que já sentimos o
perdão do Senhor para os nossos males e que esperamos, imperturbáveis, que esse
mesmo perdão atinja a alma aflita de nossos irmãos de jornada.
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O equilíbrio emocional ou serenidade é produto da
aquisição de uma arte. Como todas as artes, exige uma predisposição ou
tendência, expressa num desejo, numa procura constante de atingir a realização.
Sem essa base, nada poderá ser feito. Não se espera que, de uma alma avessa à
disciplina e ao esforço, possa surgir o “talento” indispensável à aquisição
dessa arte. Embora as tendências atuais do progresso artístico deem plena
liberdade ao gênio criador, o artista não poderá dispensar os pinceis, as
tintas, o instrumento especial para gravar e esculpir, enfim, todo
aparelhamento tradicional para a evolução de sua obra. Da mesma forma, a
conquista do equilíbrio emocional não implica na submissão rígida a valores
classicamente estereotipados. Há largueza e flexibilidade suficientes para que
cada um chegue a externar suas aptidões, firmando o quadro individual de sua
criação, sem, no entanto dispensar os instrumentos dessa realização:
1º - A vontade firmemente dirigida e utilizada como
elemento de libertação dos próprios valores positivos, pois à semelhança do
instrumento especial para gravar e esculpir, a vontade se encarregará de
burilar as arestas indesejáveis, se prejudicar, por golpes violentos, a
harmonia do conjunto que se molda;
2º Aliada ao esclarecimento pela aplicação ao estudo das
melhores diretrizes poderá ser comparada à tela colocada com firme determinação
diante do artista cujo pincel, manipulado esclarecidamente, formará a obra de
arte, com o auxílio das tintas vivas do Amor que é a expressão mais da beleza
na vida!
*
Não vale a vida pela extensão que ocupa no tempo ou
espaço – vale pela intensidade com que é vivida. Quem vive como deve, vive a
sua vida em toda a plenitude. Viva feliz!
***
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY
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