No caminho
evolutivo, a alma submete-se sucessivamente a três fases de aprendizado:
1 – Controle
das reações externas diante das situações;
2 – Domínio mental;
3 – Domínio emocional.
Através dos
milênios, vínhamos habituados a agir
cegamente. No momento em que tomamos conhecimento do EVANGELHO e dele nos
enamoramos, sentimos a necessidade de controlar nossas reações diante do meio. Sucede
como se todo nosso ser recebesse uma ordem de alerta e passamos a viver
conscientemente, sentindo a realidade de nossas falhas e das deficiências dos
semelhantes.
Começamos a
refrear nossos impulsos, embora sem sabermos dominar adequadamente as
situações. Com o senso de responsabilidade despertado pelos esclarecimentos
cristãos, num esforço extraordinário de autodisciplina, colocamo-nos na posição
de “seres humanos de boa vontade” lutando com imensas dificuldades interiores. Compreendemos,
inclusive, que nossa boa conduta é insatisfatória porque fruto de um esforço
consciente e não reflexo de uma alma esclarecida e justa.
Resta-nos,
porém, o consolo de sabermos que não cometeremos voluntariamente novos erros
conscientes.
Com o tempo,
entretanto, sentimos que não poderemos ser úteis aos nossos objetivos se
permanecermos simplesmente como sentinelas cuidadosas do nosso “EU” e decidimos
que, em virtude de já cultivarmos o BEM há algum tempo, estaremos aptos a
exercer maior atividade benfeitora, expandindo as noções de amor evangélico. Procuramos
agir como os cristãos primitivos que, após a resistência heroica do mal em suas
catacumbas, eram levados à luz do dia, a combater as feras da incompreensão. Através
de uma nova fase de erros e acertos à Luz do Evangelho, procuramos nos colocar
valorosamente na posição de servos ativos do bem.
O pensamento
elevado é como uma claridade a abrir os caminhos e, saindo do abrigo em que nos
ocultávamos receosos, decidimos fazer nossa caminhada à plena luz do dia,
colocando a alma a descoberto, a enfrentar os ventos contrários e antifraternos.
Como é deslumbrante a luminosidade do dia após a noite das catacumbas! No
entanto, estaria nossa alma suficientemente valorosa para sustentar-se sem
quedas ao ouvir os apelos horripilantes do circo e suas feras?
A visão do
luxo e do prazer em contraste com o testemunho do sacrifício por uma fidelidade
ao bem considerada absurda, o convite à deserção da fé em troca das facilidades
de uma vida, pretensamente vitoriosa,
seriam por nós enfrentados com a devida coragem? Eis o teste final! Longe da
arena, no isolamento da prece e da meditação, quando o calor dos valores
humanos não nos tinham ainda envolvido com seus apelos ardentes, nossa mente
nos mantinha no caminho. Era possível então conservar o domínio do SER, pois o
problema emocional nos era facilitado pelo recolhimento às vibrações restritas
de nossa catacumba interior, repleta de sons audíveis somente à alma em prece.
Mas o Senhor
nos abre os caminhos e nós aceitamos a prova decisiva. Surge a fase final do
testemunho. As feras incontroláveis dos instintos são chamadas à arena em nosso
panorama interior, e eis que é exigida de nós a atitude de serenidade de uma fé
inabalável.
Senhores do
controle das reações externas, do domínio mental das instruções, através de uma
aplicação incansável ao estudo das diretrizes norteadoras da vida, resta-nos a
parte decisiva: incorporar-nos ao panorama da existência, no contato permanente
com o erro que nos persegue e sair dele são e salvo na fé que abraçamos.
Eis que
nessa fase decide-se o aproveitamento final, como o exame definitivo em que o
discípulo enfrenta só o mestre. Nessa situação, o único recurso é colocar todo
o ser à prova, dando de si o melhor, esquecido de tudo o mais à volta.
O DOMÍNIO
EMOCIONAL, a prova decisiva, será vencida
quando conseguirmos calar os ouvidos da alma em todos os ecos exteriores. Então,
embora em plena arena de lutas, sentiremos o chamado interior da PAZ com o
MESTRE dos Mestres.
Toda a nossa
sensibilidade estará NELE que jamais nos decepcionará. Feridos, humilhados,
derrotados aparentemente, nenhum desses choques conseguirá humilhar a nossa
alma, pois só refletimos o que nos vem DELE – a Paz, recompensa do amor com que
nos dedicamos à VERDADE pregada pelo SEU exemplo divino.
Seja este o
nosso prêmio espiritual.
***
A vida nos
reserva Bênçãos de Paz e muito Amor, que poderemos sentir inebriados,
exercitando-nos na conquista destas duas virtudes: a paciência que traz a Paz e
a compaixão que traz o Amor.
***
A “SENTINELA
DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY
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