segunda-feira, 17 de julho de 2017

OS EXTREMOS DA RIQUEZA E DA POBREZA


No livro de Jó está escrito: Os pobres como manadas de animais, vagueiam pelas campinas, o dia todo à cata de alimento, juntando migalhas para seus filhos.
Nus, sem um abrigo, tiritam no frio lancinante.
Quando chove, encharcam-se até a alma, e carregam o grão para os vis e vergam as costas para os ricos.
Esmagam azeitonas e morrem de fome, espremem uvas e morrem de sede.
                                                           ***
Jesus tem toda razão quando diz que é muito difícil para os ricos entrarem no REINO DE DEUS. Mas é difícil em ambos os extremos de riqueza e de pobreza involuntária. (não que seja fácil no meio termo).
Também é verdade que aqueles que renunciam a toda riqueza e segurança materiais tomam a trilha mais direta para o REINO. Não estou me referindo, aqui, a monges e freiras cristãos ou budistas, os quais, afinal tem um teto sobre suas cabeças e a garantia de que não faltará alimento em seus estômagos. Mas um tipo mais radical de renunciador. Como o luminoso exemplo de Francisco de Assis.
Na China, há o exemplo menos passional  mas mais equilibrado de LAYMAM P’ANG (c.74—808), um abastado negociante que mais tarde viria a se tornar um MESTRE ZEN famoso e magnificamente divertido. Depois de sua iluminação, P’ANG doou sua casa para servir como um templo budista e, depois, ficou pensando o que faria com todo o seu dinheiro. “Como sua fortuna era imensa” diz o relato antigo, “ela lhe causava preocupação. Se eu a der a outras pessoas,  pensou, elas poderão ficar apegadas o quanto eu costumava ser. O melhor é dar tudo para a terra do nada”.
Então, ele colocou todo o dinheiro e pertences dentro de um barco, num lago próximo, e o afundou. Depois disso, ele, sua esposa, seu filho e sua filha passaram a ganhar seu sustento fazendo e vendendo utensílios de bambu.
Temos a oportunidade também, de dispor do testemunho de RAMANA MAHARISHI sobre a primeira vez em que pediu esmolas pelas ruas  depois de sua iluminação, quando era um adolescente de 16 anos: - não podes imaginar a nobreza e a dignidade que senti no tempo em que pedia esmolas. No primeiro dia, quando pedi à esposa do GURUKAL, me senti envergonhado, em consequência dos hábitos da minha criação, mas depois não houve mais qualquer sensação de humilhação. Eu e sentia como um rei, mais que um rei. Não foram poucas  as vezes em que recebi de alguma casa um mingau azedo e o comi sem sal ou qualquer outro condimento, no meio da rua, na frente de grandes pânditas e outros homens ilustres costumavam prostrar-se diante de mim no templo, e então limpava minhas mãos em minha cabeça, e continuava andando, extraordinariamente feliz e num estado de espírito em que até imperadores, na minha visão, eram simples ninharias. Não podes imaginar o que é isso. É por essa razão que reis renunciam a seus tronos e escolhem este caminho.

A “VARINHA MÁGICA” DE LUÍZA CONY


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