No livro de
Jó está escrito: Os pobres como manadas de animais, vagueiam pelas campinas, o
dia todo à cata de alimento, juntando migalhas para seus filhos.
Nus, sem um
abrigo, tiritam no frio lancinante.
Quando chove,
encharcam-se até a alma, e carregam o grão para os vis e vergam as costas para
os ricos.
Esmagam azeitonas
e morrem de fome, espremem uvas e morrem de sede.
***
Jesus tem
toda razão quando diz que é muito difícil para os ricos entrarem no REINO DE
DEUS. Mas é difícil em ambos os extremos de riqueza e de pobreza involuntária.
(não que seja fácil no meio termo).
Também é
verdade que aqueles que renunciam a toda riqueza e segurança materiais tomam a
trilha mais direta para o REINO. Não estou me referindo, aqui, a monges e
freiras cristãos ou budistas, os quais, afinal tem um teto sobre suas cabeças e
a garantia de que não faltará alimento em seus estômagos. Mas um tipo mais
radical de renunciador. Como o luminoso exemplo de Francisco de Assis.
Na China, há
o exemplo menos passional mas mais
equilibrado de LAYMAM P’ANG (c.74—808), um abastado negociante que mais tarde
viria a se tornar um MESTRE ZEN famoso e magnificamente divertido. Depois de
sua iluminação, P’ANG doou sua casa para servir como um templo budista e,
depois, ficou pensando o que faria com todo o seu dinheiro. “Como sua fortuna
era imensa” diz o relato antigo, “ela lhe causava preocupação. Se eu a der a
outras pessoas, pensou, elas poderão
ficar apegadas o quanto eu costumava ser. O melhor é dar tudo para a terra do
nada”.
Então, ele
colocou todo o dinheiro e pertences dentro de um barco, num lago próximo, e o
afundou. Depois disso, ele, sua esposa, seu filho e sua filha passaram a ganhar
seu sustento fazendo e vendendo utensílios de bambu.
Temos a
oportunidade também, de dispor do testemunho de RAMANA MAHARISHI sobre a
primeira vez em que pediu esmolas pelas ruas depois de sua iluminação, quando era um
adolescente de 16 anos: - não podes imaginar a nobreza e a dignidade que senti
no tempo em que pedia esmolas. No primeiro dia, quando pedi à esposa do
GURUKAL, me senti envergonhado, em consequência dos hábitos da minha criação,
mas depois não houve mais qualquer sensação de humilhação. Eu e sentia como um
rei, mais que um rei. Não foram poucas as
vezes em que recebi de alguma casa um mingau azedo e o comi sem sal ou qualquer
outro condimento, no meio da rua, na frente de grandes pânditas e outros homens
ilustres costumavam prostrar-se diante de mim no templo, e então limpava minhas
mãos em minha cabeça, e continuava andando, extraordinariamente feliz e num
estado de espírito em que até imperadores, na minha visão, eram simples
ninharias. Não podes imaginar o que é isso. É por essa razão que reis renunciam
a seus tronos e escolhem este caminho.
A “VARINHA
MÁGICA” DE LUÍZA CONY
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