É assim que
ele nos liberta das preocupações vulgares e faz com que esqueçamos as dores da
vida: O livro é um amigo sincero que nos ensina orienta e conforta, tanto nos
dias felizes, quanto nos tristes. Falamos do livro sério e útil que instrui,
consola e eleva, não do livro leviano,
que diverte e, com frequência, corrompe. Não se dá bastante consideração ao
verdadeiro valor de um bom livro: Ele é como uma voz que fala através dos
tempos e conta-nos o trabalho, as lutas, as descobertas daqueles que nos precederam
a estrada da vida e aplainaram, para nosso proveito, as asperezas do caminho.
Não é,
talvez, uma das poucas felicidades deste mundo a poder comunicar-se com os espíritos de todos
os séculos e de todos os países: Eles, que colocaram nos livros o melhor de sua
inteligência e de seu coração, conduzem-nos pela mão através dos labirintos da
História, guiando-nos para chegar aos pontos mais altos da ciência, da arte, da
literatura. Lendo as obras que constituem o mais precioso depósito da
humanidade, estudando nos sagrados arquivos, sentimos que nos agigantamos,
sentimo-nos felizes de pertencer a raças que produziram tais gênios cujo
pensamento ilumina sempre nossas almas, inflama-as e eleva-as. Saibamos,
portanto, escolher bons livros, viver em meio deles, em constante relação com
os eleitos; eliminemos com cuidado os livros imundos, feitos para louvar as
baixas paixões, evitemos aquela leitura doentia, fruto do sensualismo, que
semeia a imoralidade, a corrupção e a obsessão.
A maioria
dos seres humanos pretende amar o estudo, mas muitos se desculpam por não
encontrar tempo para aplicar-se a ele, enquanto consagram noites inteiras ao
jogo às palestras levianas. Diz-se também que os livros são caros, e gasta-se, em prazeres fúteis e de mau gosto,
mais do que seria preciso para compor uma rica biblioteca.
Afinal, o
estudo da Natureza, que é o mais confortador, não exige nenhuma despesa; a
ciência não nos falha nunca. Nas horas de incerteza e de desencorajamento
voltemo-nos para a Natureza, que nos acolhe como mãe, sorri-nos, abrigando-nos
em seu seio, e nos falará com linguagem simples e suave onde a Verdade transparece
sem véus. Mas esta linguagem de paz poucos sabem escutá-la e compreendê-la: O
homem traz com ele, mesmo na mais profunda solidão, as paixões, as lutas
internas, cujos clamores confundem o ensinamento íntimo da Natureza. Para ouvir
a voz das coisas é preciso impor silêncio às fantasias da Terra, às lutas
turbulentas que agitam nossa sociedade; é preciso mergulhar no recolhimento e
silenciar, dentro e fora de nós. Então todos os ecos da vida pública calam-se,
a e alma reencontrando-se, reconquista o sentimento da Natureza e das Leis Eternas,
e entra em comunicação com a Razão Suprema.
Se o estudo
da Natureza terrena eleva e fortifica o pensamento, que diremos das visões dos
céus?
Quando a
serena noite desenrola seu manto estrelado e tem início o desfile dos astros,
quando os conglomerados estelares e, das nebulosas perdidas no fundo dos
espaços, a luz trêmula e difusa desce sobre nós, envolve-nos misteriosa influência
e um profundo sentimento religioso nos conquista. Calam-se então as passageiras
preocupações, os sentimentos do imenso
penetra-nos, apodera-se de nós, dobra nossos joelhos, enquanto em nosso coração
irrompe muda adoração.
A Terra
navega, barco frágil, nos campos da imensidão, e foge rápida em seu curso, do
poderoso sol. De toda parte à volta dela, abrem-se abismos que ninguém pode
sondar sem vertigem, por toda parte, as distâncias enormes, mundos e depois
outros mundos, ainda, ilhas flutuantes embaladas por ondas etéreas, o olhar
recusa-se a enumerar os astros, mas nosso espírito observa-os com admiração e
com amor, atraído por seu sutil esplendor.
Por que
duvidar e recear? Outros mundos são a nossa herança, somos destinados a
percorrê-los, a habitá-los; visitaremos aqueles arquipélagos siderais e
penetramos os seus mistérios. Nenhum obstáculo impedirá nossa caminhada, nosso
impulso, nosso progresso, se soubermos conciliar
nossa vontade às Leis Divinas, e conquistar, com nosso trabalho, a plenitude da
vida e de suas celestiais delícias.
A “SENTINELA
DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY
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