sábado, 28 de março de 2015

CAPÍTULO II – O SILÊNCIO E A ORAÇÃO TERCEIRA PARTE A INTELIGÊNCIA ACENDE UMA LUZ PARA O EMOCIONAL



Inácio 40 anos, sem fortuna e preguiçoso para trabalhar mas com uma certa astúcia, sempre quis ocupar uma posição de destaque. Aceitando-se inteligente e influente abusou do poder que lhe fora conferido na empresa do amigo Ademar.  Viciado no orgulho, na vaidade e na cobiça, arrastou Ademar e outros amigos para uma casa noturna, local preferido para fazer uso da maconha e da cocaína. Muito  duro se excedeu nas perseguições daqueles que tinham a coragem de censurar seus atos. E por isso Ademar o demitiu por justa causa. Sem fé, Inácio torturou-se, e a luxúria o perseguia devorando seu coração. Certo  dia, Ademar encontrou-o drogado e falando compulsivamente sobre o ódio que tinha do amigo. Seu comportamento era exagerado na violência. E aos gritos ofendeu Ademar e a todos que lhe dirigissem o olhar ou quisessem oferecer ajuda. Nunca se arrependia de nada.
O tempo foi passando, e Inácio não tinha sequer força para andar e para comer. Continuava recusando qualquer tipo de auxílio, e sua família o expulsou de casa; pois ele batia nos filhos pequenos, na esposa e nos cunhados   que sempre foram bons, aconselhando-o a buscar ajuda psiquiátrica.
Quando Ademar quis leva-lo ao Centro Espírita que frequentavam na infância, Inácio nem sequer teve força para falar a palavra Deus.  Seu cérebro parecia mergulhado na brutalidade e todos os piores vícios eram como feridas sangrando e gritando sofrimentos terríveis.
Sem fé, não tinha medo de nada  ou o nada era a sua  fé. Ademar afastou-se dele, bem como toda a família. Vivia jogado em qualquer canto escuro e fétido, roubando comida dos moradores de rua e participando de estupros em prostitutas de rua quando se recusavam a repartir com ele, cocaína ou craque.  Nesse estado lastimável Inácio parecia cada vez mais perto da morte. Até que numa noite de chuva forte e muito vento, viu-se sendo arrastado pela enxurrada ao ponto de cair num córrego.  E num estalo, sua  inteligência abre um espaço e acende uma luz para o emocional.  Consegue nadar e alcançar um tronco de árvore,  agarra-se firmemente, e diz para si mesmo: “ Não posso morrer. Não chegou a minha hora. Quero viver!”  Inicia-se uma ferrenha luta na regulação da emoção. Parecia bastante competente para proteger-se contra os sentimentos negativos. Por um instante, lembrou-se que as agitações e as ansiedades eram suas estratégias. Era tão ruim para consigo mesmo que se declarava hipertenso fervilhando  perturbações fisiológicas e depressivo.
Em termos de atividade do cérebro suas realidades eram angustiantes. Sua consciência disparava torpedos de ódio. Sua depressão estava no estágio avançado se nutrindo de ruminações e preocupações com o ego.  Ele precisava ser socorrido antes de morrer, antes que seu espirito continuasse a expiação nos domínios do umbral, perseguido pelos maus espíritos. E pensava: - “Todos os elementos se obstinam contra mim’. Mas muitos horrores seu espírito registrou, como por  exemplo as aspirações dos devoradores de fluidos por causa dos vícios das drogas e de ações maldosas.
Inácio, envolvido naquele desespero todo, continuou negando Deus, seu espírito blasfemante  e exalando sofrimentos exclama: ‘”O Mestre é surdo aos meus gritos. Justiça? “ Nessa hora de profundo medo da morte, lembra-se das palavras de Ademar sobre o Centro Espírita e o que aprendera com a evangelização Infantil, e exclama: - “ Dentro de mim, aos sobressaltos a verdade religiosa surge. Agora vou sair da melancolia espiritual; estou me voltando para um poder transcendente. Bons Espíritos orem por mim. Eu sei, eu sinto que a prece, quando se muito religioso,  funciona para todos os estados de espírito, sobretudo a depressão.”
E continuava ali preso ao tronco da árvore, a correnteza ainda era assustadora, parecia que as poucos forças que ainda lhe restavam, logo acabariam. Mas seus pensamentos soletrava este pedido de salvação: -  “Deus é infinito em sua Misericórdia; tudo pode ter um fim, quando Ele quer. E eu posso querer ter fé Nele. Tenho certeza de que Deus me vê  no caminho do arrependimento. Eu tinha instrução espiritual e a luz para me guiar. Com o socorro de uma prece a brandura virá até mim porque verei o fim de todos os sofrimentos,  e a esperança me sustentará. Ainda praticarei o bem no lugar do mal que fiz. “
Inesperadamente, a oração plantou boas sementes no coração de Inácio. Invadiu num rápido  instante e formulou uma quantidade de bens que sugeriram  autoavaliações  mais profundas sobre si mesmo. Abriram-se as portas da fé com a chave poderosa e abençoada do Espiritismo Consolador, tão sublime e sábio com suas instruções iluminadas.
Embora estivesse beirando já a margem do córrego e a água cobrindo-o por inteiro,  Inácio sentiu a força renovadora de um silêncio tão benéfico  tocar-lhe e disse: - “Que graça hoje recebi. A fé veio visitar meu coração…  uma fé serena e segura com o poder de fazer-me enxergar os segredos escondidos em minha alma. A fé já está instalada em mim. Creio e confesso, que a partir de hoje, tudo muda na minha consciência e na compreensão da vida da matéria e do espírito. Pedi e obtive o que mais precisava: O entendimento da Lei do Amor para o meu espírito libertar-se do mal, do ódio e das obsessões.”
ORAÇÃO DA FÉ

Senhor, reconheci a Vossa Justiça , confiei na Vossa Bondade, e em silêncio admiti rogar para Vós a reparação. Orei com fé, não sabia que tinha tanta força nos sentimentos. Quando o Senhor estiver satisfeito comigo, ver-me bem fortalecido no Amor e na Benevolência, creio Senhor que alcançarei  entrever as divinas claridades que me conduzirão ao porto da salvação, e me receberá em Vosso seio, como filho pródigo. Humildemente rogo perdão. Tenho total confiança nos Vossos Emissários Divinos, que me ajudarão a cumprir a obra que o Senhor a mim designou, da qual  desviei-me seduzido pelos Espíritos  Obsessores  que atraí para o meu caminho. Agradeço Senhor, do fundo do meu coração, por permitir aos Bons Espíritos derramarem sobre mim os seus fluidos benfazejos, e por atender a minha prece, sem Vós, eu nada posso. Que a Vossa Santa Vontade seja feita para todo sempre.  Obrigado! Ainda não sou perfeito, mas farei todo o bem que me for possível, para recolher a felicidade. Assim se realize!
* * *
Assim que Inácio terminou esta bela oração de Fé, chegaram os bombeiros e salvaram-nos do perigo. Imediatamente foi conduzido ao pronto socorro mais próximo, e depois de ser examinado e tratado, pode tomar banho e vestir roupas secas doadas por um enfermeiro, comeu também fartamente. Como havia perdido os documentos e o pouco dinheiro, foi levado até a sala da contabilidade do hospital onde um médico de plantão deu-lhe uma pequena quantia para condução e refeição, pedindo que voltasse no dia seguinte para uma entrevista com o chefe de recursos humanos a fim de garantir, trabalho, moradia, plano de saúde. Ficou tão surpreso com toda a benevolência
Como podemos observar, em todo pensamento, em toda obra há ação e reação e esta é sempre proporcional em intensidade à ação realizada. Por isso pode-se dizer: O ser colhe exatamente o que semeou.
Enquanto Inácio usava de violência contra si mesmo, anulando-se no amor pela vida; vê-se num impulso rápido que está adquirindo o sentimento de sua impotência moral. Num acesso de perseverança da inteligência sobre o emocional ocorre a sua conversão mais fácil e destrói de vez os sofrimentos do homem viciado, passando a lembrar-se de sua criação nos moldes da Doutrina Espírita. Os lamentos do Espírito, suas preocupações com o futuro, faziam com que gritasse por socorro, e aguardava temeroso; pois sabia que as trevas são, para os Espíritos: ignorância, o vazio e o horror do desconhecido… eu não posso caminhar nesse compasso…
A respeito dessa obscuridade, temos a  seguinte explicação: - “ O períspirito (corpo espiritual) possui, por sua natureza, uma propriedade luminosa que se desenvolve sob o império da atividade e das qualidades da alma. Poder-se-ia dizer que essas qualidades são para o fluido perispiritual o que a fricção é para o fósforo. O brilho da luz está em razão da pureza do espírito; as menores imperfeições morais a obscurecem e a enfraquecem. A luz que irradia de um espírito é, assim, tanto mais viva quanto este seja avançado. O espírito sendo, de alguma sorte, o seu farol, vê mais ou menos segundo a intensidade da luz que produz; de onde resulta que aqueles que nada produzem estão na obscuridade.”
Inácio, como podemos observar, nas trevas psíquicas, e portanto, adormecia nos limbos da inconsciência. Uma verdadeira noite nebulosa da alma, comparável à obscuridade da qual está marcada a inteligência do idiota. Não é uma loucura da alma, mas uma inconsciência dela mesma e do que a cerca. Ele duvidou do destino do seu ser, acreditou no nada. Ignorante de si mesmo e de seu destino. No entanto, esse seu estado não seria permanente, devido a Lei do Progresso, todos tem direito de evoluir, - cedo ou tarde; na atual reencarnação ou numa futura. Quando Inácio redescobre Deus dentro de si, percebe que Deus, foco de inteligência e de amor, é tão indispensável à vida interior, quanto o sol à vida física! É Dele que emana essa força, ás vezes energia, pensamento, luz, que anima e vivifica todos os seres. Quando se pretende que a ideia de Deus  é inútil, indiferente, tanto valeria dizer que o sol é inútil, indiferente à natureza e à vida.
No momento que Inácio percebeu pela comunhão de pensamento, pela elevação da alma a Deus, produziu-se uma penetração contínua, uma fecundação moral do ser, uma expressão gradual das potências  nele encerradas, porque essas potências, pensamento e sentimento, não podem revelar-se e crescer senão por altas aspirações, pelos transportes do nosso coração. Fora disso, todas essas forças latentes dormitam em nosso íntimo, conservam-se inertes, adormecidas.
Inácio tornou-se um homem trabalhador, caridoso, um espírita convicto de suas tarefas na seara do bem e do amor ao próximo. Voltou para o lar e foi acolhido com alegria e amor por sua esposa, filhos e cunhados. Todos  festejaram o seu retorno e as mudanças conquistadas. Diariamente reuniam-se para o Culto do Evangelho no Lar, a pedido de Inácio, a fim de fortalecerem-se e avaliarem os resultados do trabalho realizado om os moradores de rua, na ONG de Dona Isaura, uma assistente social que trabalhava no hospital onde Inácio foi tratado e depois registrado como auxiliar administrativo. Fez amizade com Dona Izaura, deu muitas ideias para o tratamento dos drogados, ganharam um galpão, e ali recolhiam os moradores de rua para fazer as refeições e receberem ajuda psicológica com palestras, terapia ocupacional. Ao Inácio e família, coube a parte doutrinária com a leitura do Evangelho, passes e orações. Todos reconfortados, agradecidos e bem orientados.
Depois que Inácio descobriu sua fé em Deus, passou a orar muito. A oração diária e em silêncio era sua companheira inseparáveis. A nossa explicação a respeito da palavra oração é que ela é a forma, a expressão mais potente da comunhão universal. A oração não é o que tantas pessoas supõem: uma recitação frívola, um  exercício monótono e muitas vezes repetido. Não!  Toda prece sendo verdadeira na direção do Alto, mesmo a prece improvisada, faz com que a nossa alma se transporte às regiões superiores; aí encontra apoio, aí as forças do Amor Supremo transformam-se em luzes para a alma aquecer seu eterno elo com o Divino. Aqueles que desconhecem Deus, não podem conhecer, nem compreender esse apoio, essa potência.
Quando oramos, nós voltamos para o Ser eterno, expomos nossos pensamentos e nossas ações, para que seja  submetidos à sua Lei, e fazer da sua vontade a regra de nossa vida, é através da oração que encontramos a paz do coração, a satisfação da consciência. A oração é indiscutivelmente o maior bem interior, o mais imperecível de todos os bens.

Quem despreza a oração desconhece o que há de maior que é a comunhão com a ALMA DO UNIVERSO, com esse foco de onde irradiam para sempre a inteligência e o amor; despreza também as potências interiores que fazem a nossa verdadeira riqueza. Por isso digo e repito: “FELIZES OS QUE SABEM ORAR!” Pelo poder da oração fazemos nossa elevação, nossa glória, nossa ventura. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

CAPÍTULO II – O SILÊNCIO E A ORAÇÃO SEGUNDA PARTE AQUI E AGORA



Quando aceitamos cultivar as virtudes, o nosso mundo interior se aprofunda na oração, guiando-nos para o autoconhecimento até chegar o momento de expandir a luz para cooperar na bondade, no amor e na confiança das possibilidades humanas, no respeito pelos semelhantes e nas transformações morais. Sinceramente falando, é aqui e agora, que devemos praticar a verdade oculta na oração. Este é o momento ideal para ativarmos o nosso ser para dar de si, através da prece silenciosa que irá ecoar ao redor da Terra.

Todo tempo é tempo de orar.
Toda dor é feita para orar.
Todo ato de bondade deixa falar o amor da oração.
O mundo necessita da caridade de pessoas que vivem uma vida de oração.
Todo sofrimento recebe o amparo da luz divina e também de um simples pensamento em oração:
- Deus me ajude! Tenha piedade de mim!
Toda oração deve ser a própria paz.
Toda oração deve ter a profundidade da paz, pois é a  principal energia para irradiarem-se bons sentimentos que assegurem atitudes pacíficas, a fim de propagar paz para outros seres e deste modo criar um grande círculo humano/espiritual abraçando o nosso Planeta, envolvendo-o de paz.

A fartura de orações escritas em diversos livros cristãos e de outras religiões, nada impede que muitos de nós ocupemos os pensamentos com os atrativos das tentações do mundo material e das orgias. Planejamentos de férias como o “tal descanso merecido” na praia, nos barzinhos, nas casas noturnas, nos passeios pelo shopping, são fanatismos alarmantes porque incentivam o crescimento do alcoolismo na adolescência e na juventude, aumentam os casos de AIDS na terceira idade, e o Governo Federal ao tomar conhecimento dos inúmeros idosos contaminados pelo HIV resolve colaborar com um bilhão de preservativos (camisinhas), distribuindo para a população no próximo ano de 2009, como se sanasse o problema da relação sexual e das doenças sexualmente transmissíveis. O que o governo quer mesmo é diminuir os gastos com medicamentos e tratamentos da AIDS, PARA QUE O Brasil fique conhecido como o país que mais ajuda oferece no combate a AIDS. Só não enxerga quem não quer!

O compromisso maior para com a população é o fortalecimento cultural/educacional/moral, com a educação familiar recebendo apoio psicológico e terapêutico. As Universidades têm à sua disposição profissionais bem preparados nas áreas da Psicologia, Sociologia, Biologia, Psiquiatria, Sexologia e Religião, para atuarem interminavelmente no seio das famílias, nas escolas, em consultórios bem equipados e em grupos grandes ou pequenos, oferecendo atividades ocupacionais, estudos sobre sexo e sobre conhecimentos éticos/morais, sem limites de idade, pois o que estamos vendo por aí, retrata a verdadeira imagem da condição dos idosos sem estrutura para relacionarem-se sexualmente. O instinto primitivo agindo sem nenhum escrúpulo, apenas satisfazendo o apetite sexual, a sem vergonhice, o desrespeito pela própria pessoa e alma em evolução. O prazer, a necessidade do sexo como meio de saciar ansiedades reprimidas, traumas de infância, medos na adolescência, ausência materna ou paterna e também a falta de amor a si próprio e ao próximo, porque desconhece Deus e o verdadeiro sentido da vida e da fraternidade cristã. Aqui também queremos dar ênfase aos processos obsessivos tão presentes na paranoia da pedofilia, que vem se alastrando nestes últimos anos, sendo o Brasil o detentor do maior índice dessa gama de desequilíbrio sexual, mental, emocional, espiritual e cultural.

O “Tal descanso merecido” ou o “ Querer aproveitar a vida”, transtorna as mentes de mulheres e de homens que acabam violentando-se com o uso excessivo de drogas perigosas para o cérebro, para o corpo e para o espírito. Chega então a depressão que gera doenças, e por fim, a culpa recai sobre família, sobre os amigos e colegas de trabalho. Dessa classe de pessoas, ninguém quer tirar a máscara, só reclama da vida que Deus deu. Não busca a companheira fiel de todas as horas e situações: a oração. Quando ocasionalmente isso acontece, movem-se céus e terras para que alguém que saiba orar com fé execute a sentença de cura imediata. Aprendemos de longa data, que a dor é uma bênção que nos faz crescer moral e espiritualmente, e que de tanto sofrer o ser acaba encontrando o amor de Deus. Mas são muitas as dificuldades no caminho a percorrer, e, provavelmente centenas e milhares de pessoas acabam desistindo de lutar contra esses grandes males da sociedade moderna, perdem-se dentro de si mesmas sem avaliar a importância do desprendimento material a fim de que o espírito aproveite a ocasião para reerguer-se.
 E os bons
Quando Jesus diz: “Orai e Vigiai! Amai-vos e instruí-vos!” Ele nos afirma seguramente que a oração e os bons pensamentos devem andar juntos; e que o amor pela vida não tem valor se não existir o bom senso, a fé raciocinada e o constante aprimoramento das qualidades virtuosas que combatem esses fanatismos tão atuantes Por esse mundo afora. Uma oração com vigilância, - é amar-se, é instruir-se, é crescer, é progredir. Orar depois de anos de fanatismo compulsivo é transbordar a alma de grandes emoções, é evitar a queda, é assumir o compromisso de felicidade para o futuro espiritual. E quando a oração brotar da nova maneira de se viver depois das tristezas e das obsessões, olhar para dentro do próprio ser e enxergar a luz de Jesus numa alegria intensa e num silêncio ensurdecedor, dizendo: “Eis a casa de oração que Deves frequentar sem medo do fanatismo, porque este é o cômodo mais seguro para orar. Não ignores isso. O Pai concedeu-te o Reino dos Céus para conheceres. Ei-lo! Basta fazer a vontade do Senhor, cumprindo as leis Dele e se submeter, sem murmurar”.

É por esta razão, que nossa vida inteira se torna uma contínua oração e um contínuo agradecimento ao Supremo Senhor. Observemos com delicadeza que na oração, vemos a luz penetrar-nos o coração e a mente, o que nos confere a simplicidade de poder abrir frestas nas ilusões para curá-las. Devemos diariamente, comportarmo-nos com disciplina, amor e dedicação pela nossa concentração no mundo interior que vai nos ensinando a persistir na obediência às Leis de Deus. É este querer e poder tão especiais que faz com que o estado de oração seja alcançado pela fé.
O que mais esperamos de Deus devemos esperar de nós mesmos. Que bela  maneira encontramos para prepararmo-nos melhor para relaxar, meditar e escalar o nosso Eu mais profundo para chegarmos aos píncaros da oração. E o que Deus espera de nós? Sob a luz da Doutrina Espírita a resposta é: Que possamos cumprir as Leis Divinas, amá-lo acima de todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos. E mais: Que a Lei de Deus fosse praticada sobre toda a Terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências: Porque de que serviria ter estabelecido essa lei, se ela devesse permanecer privilégio de alguns ou mesmo de um único povo? Todos os homens, sendo os filhos de Deus, são, sem distinção, o objeto da mesma solicitude.

É através dessa ótica, que a oração nos toca e pode nos transformar em colaboradores da obra de Deus Pai. A oração pode levar-nos muito longe, onde o nosso ser se acalma e mantém um ritmo equilibrado. São momentos de quietude que constroem a ponte com Deus, e que nos garantem as ações sintonizadas com os bens espirituais e com virtudes, alinhando a nossa consciência com o ALTO, para cumprirmos metas amplas, tais como a de difundir amor, caridade e paz na face da Terra.


CAPÍTULO II – O SILÊNCIO E A ORAÇÃO PRIMEIRA PARTE O ESTAR A SÓS COM DEUS


Quando estamos no auge do nosso egoísmo, dificilmente exaltamos o silêncio e a oração.
Nesse momento, não sabemos ocupar os pensamentos com a intimidade do silêncio, porque o egoísmo se martiriza demasiadamente com o silêncio, pois o silêncio mostra  o caminho oculto da verdadeira oração. É o estar a sós com Deus que nos dá a força para fazer da prece esse intercâmbio secreto. A prece então, nada mais é, do que por pensamento conversarmos a sós com Deus. É a intimidade do nosso ser que erguemos a voz interior para dizer o amor pelo Pai, a sublime felicidade de podermos nos comunicar com Ele.
Quando estamos preocupados, o nosso Ego se agiganta, e fatalmente, leva-nos ao desespero. O Ego se ramifica em petitórios abusivos, deixando os pensamentos vagarem pelas esferas negativas que exibem tristezas, flagelos, desconfortos emocionais, amostras de uma infelicidade, que aos poucos, contagia-nos.
Se formos dar ouvidos às rudezas do nosso Ego, entraremos em pânico e, não abriremos o coração para Jesus, e com certeza, tudo se tornará um caos em nossa vida.

O egoísmo vicia nossos sentimentos e nos faz tão dependentes do negativismo, que somos fatalmente seduzidos pelos Espíritos Farsantes de categoria inferior que sugerem simpatias, benzimentos, rezas milagreiras, repetitivas e extensas.

A oração é a simples, a humilde conexão do nosso espírito com as Esferas Superiores. Entendemos desse modo, como é importante criarmos em nosso interior a vontade de falar a sós com Deus. Se não abrirmos o caminho de amor, de fé e de harmonia, dificultaremos a nossa intenção de orar, de centralizarmos nossa atenção na direção do silêncio interior, fugindo das interferências do Ego e das atrações fascinantes do mundo material, para glorificarmos o momento da prece como o ato mais iluminado da nossa existência. É a alma que está ensaiando as primeiras palavras na direção dos júbilos divinos. É o encontro sacro-santo com Deus.

Nossos destinos dependem também, do quanto colocamos de amor em nossas preces. Não é o pedir desregradamente para Deus atender nossos apelos nas dificuldades materiais, financeiras, familiares, profissionais ou nas doenças, que nos fará alcançar uma graça; mas a força do amor do nosso silêncio interior, livre de qualquer interrupção oriunda dos nossos desvarios.
Subjetivamente, a oração deve ser fiel companheira de todas as horas, no lar, no trabalho, no passeio, no diálogo com familiares e amigos. A prece se realiza por si só, quando a alma se liberta dos conflitos vulgares do mundo. Quem ama a vida tem como amiga a prece. Quem está doente tem com remédio a prece, e na bula não há contra-indicações e nem efeitos colaterais. Quem luta para sobreviver tem como companheira a prece.
Todos nós que nos conscientizamos sobre o poder da oração que ajuda a curar nossas dores físicas, mentais, emocionais e espirituais, sabemos que Deus presta grande atenção quando entramos em contato com o silêncio interior, e, com devotamento vemo-nos caminhando para os braços de Jesus que nos espera com o carinho de irmão, amigo e Mestre, e palavras simples e tão afáveis brotam de nossa alma como flores nascendo e crescendo, para serem oferecidas com o perfume, com a beleza pura da Natureza:




 ALMA EM ORAÇÃO

Senhor!  Eis minha alma em oração. Sou toda feita para amar-Te. O que queres que eu seja, assim o serei. Minha esperança está em Ti. Em relaxamento meditativo respiro calada. É sagrado em mim.
O ar não se vê. Mas minha alma Tu a vês. Eis o meu silêncio falando contigo Senhor. Esta é a minha forma de orar. Nela, entrego-me a Ti Senhor.

Nossas orações diárias, durante anos vêm aumentando muitas vidas angustiadas, aflitas e obsecadas pelos Espíritos Impuros. A oração sendo o alimento espiritual de amor, fé e paz, ampara encarnados e desencarnados, tratando-os com a Luz de Jesus para reinar a serenidade, o perdão e a vontade de ouvir os ensinamentos morais contidos nas obras básicas de Allan Kardec.
Cada oração deve ter o som da caridade entoando versos de ajuda ao próximo, de valores que representem mais humildade e sinceridade nos próprios atos. Cada minuto de oração deve ser vivido com alegria e felicidade, porque é Deus que está olhando e ouvindo nosso espírito expressar o que sente, o que quer realizar de melhor para a própria evolução moral. Orar é vibrar boas energias para a saúde física encontrar o alinhamento dos chacras, que irá acalmar os batimentos cardíacos, harmonizar o emocional para afastar as ansiedades, os medos, estes vilões que atemorizam a nossa consciência.

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Para muitas pessoas a oração significa fuga, isolamento, distanciamento da realidade, busca de soluções para os problemas do cotidiano, resgate de amores, apoio no convívio familiar. É muito difícil orar se não temos conhecimento de preces já preparadas pelos religiosos. Devemos ajudar a nós mesmos a aprender. O silêncio é um sábio mestre, por isso o mais importante de tudo é o silêncio. Silenciar a mente e o coração faz com que nasça a oração. Dá-se o início do aprendizado do poder interior, mas precisamos nos esforçar. Se desejamos sinceramente aprender a orar, devemos nos manter em silêncio. Procuremos a Deus no silêncio, estando sós ou acompanhados. Se prestarmos atenção ao silêncio será fácil orar. Então poderemos ouvir a Deus em todo lugar: na pessoa que precisa de nós, nas flores, nos pássaros, nos animais, e o mais importante é que descobrimos que aquele silêncio é universal, é meu, é seu, é nosso, é de todos e está em todos os lugares e em todos nós. É divino, é louvor, é eterno.

Amemos a prece. Saibamos enriquecer o nosso coração com o vocabulário divino que Jesus nos deixou de herança. Nada mais justo e honesto do que reaprendermos a oração dominical, não somente como prece, mas como símbolo, porque ela veio do próprio Jesus, é a verdadeira obra-prima de sublimidade na sua simplicidade, resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Dizê-la em intenção de alguém, é pedir para Deus o que se pediria para si.

Os Espíritos Superiores nos instruem: Para ser melhor, é preciso orar mais. Quanto mais oramos, mais fácil se torna orar e, quanto mais fácil, mais oramos. Ofereçamo-nos completamente a Deus. Ele nos utilizará para realizar grandes bens, com a condição de que acreditemos muito mais no amor Dele do que nas nossas próprias fraquezas. É fundamental não nos afastarmos dos princípios da oração que conhecemos. Após darmos início à prece, o coração passa a ser alimentado pelo amor puro que vem de Jesus, e para a nossa alma basta-lhe esse amor, não ambiciona sequer a perfeição.


Todos nós estamos assistindo o mundo em crise, por isso devemos cultivar o ato diário de orar. Manifestarmos condutas puras, envolvermos nossa vida de oração. A oração isenta de qualquer interesse pessoal é curadora, traz o equilíbrio espiritual que cada um de nós deve espargir para o nosso planeta. É fundamental não nos afastarmos dos princípios cristãos que o Espiritismo consolida através das instruções superiores, para nada nos abalar a fé de nossas orações. Quando não mais nos satisfizer falar de oração nem acumular conhecimento a seu respeito, então estaremos prontos para praticá-la. O conteúdo da oração muitas vezes está tão distante de nossa consciência, que levamos uma vida inteira para começar a praticá-la. Os sentimentos que nutrimos, os pensamentos que vibramos, o que dizemos e o modo como agimos no dia a dia, - Tudo pode ser oração. O nosso estado de espírito impulsiona o nosso estado de oração, se estivermos alegres a nossa oração deixará o mundo mais leve.

sábado, 21 de março de 2015

COOPERATIVA DA BONDADE SEGUNDA PARTE CONTATOS COMOVENTES



Enquanto isso, Rosemia começou a visitar alguns orfanatos. Ela entendeu com mais clareza o que tantas pesquisas tinham mostrado. As crianças que crescem em orfanatos, privadas da atenção constante e amorosa dos adultos, tendem a abandonar os próprios filhos, a levar a vida no crime e a tornar-se fardos para a sociedade, incapazes de manter empregos regulares ou de construir uma família.
Passado um ano, Rosemia e Lourival com a ajuda da Dra. Clarice, conseguiram formar uma equipe de especialistas infantis: Pediatras: Dra. Mirtes e Dra. Zilá; Psicólogos: Otávio e Marcondes; Pedagogas: Flávia e Mercedes: Assistentes Sociais: Filomena e Nina; Clínico Geral: Dr. Solano; Neuropsiquiatra Dr Douglas e as enfermeiras Soraia e Elvira. Todos com larga experiência em atendimentos infantis na rede pública de saúde, principalmente nas regiões mais pobres do país. Também viajaram por mais de 10 países, visitando orfanatos e estagiando em alguns, para adquirirem conhecimentos sobre os treinamentos dos funcionários. Formada a equipe, inicia-se a regularização da documentação legal para a abertura da “ COOPERATIVA DA BONDADE”, organização sem fins lucrativos. Lourival entrou com a maior parte de recursos e os demais com o restante, para ter um espaço adequado para a formação dos funcionários especializados nos cuidados com crianças órfãs. Dra Mirtes e Dra. Zilá como pediatras da rede pública, conseguiram assinar um acordo com o governo para trabalharem com os funcionários de um LAR INFANTIL, para possibilitar a integração com a COOPERATIVA DA BONDADE. Rosemia analisou com muita cautela e fez questão de ir ao LAR INFANTIL  AMADOS DE DEUS.
Separado da estrada movimentada por cerca de arame farpado, o “AMADOS DE DEUS” é uma favela com barracos coloridos em tons de laranja e azul, limpos, mas um tanto mal conservados, que abrigam 80 crianças órfãs, abandonadas ou agregadas por pais pedófilos, de recém-nascidos a 6 anos. Durante a visita de Rosemia, Dra Mirtes e Dra. Zilá, as crianças estavam ávidas de atenção que um grupo delas, de uns 5 anos, começou a gritar: “Visita! Visita! Oba, hoje temos docinhos!” Num barraco próximo, para meninas de 4 a 6 anos, as crianças pularam nos braços das visitantes, totalmente desconhecidas para elas. Dalí a cinco minutos, quando Rosemia e as pediatrias tentaram ir embora, as crianças agarraram-se mais e tiveram de ser separadas à força.

Na enfermaria, onde uma funcionária cuidava de 8 bebês, um menino de 10 meses estava em pé no berço, a fralda de pano caída nos joelhos. Dois bebês choravam enquanto a funcionária em silêncio, trocava a fralda do outro. Num barraco esburacado estavam muitas crianças de 2 anos. Alguns bem pequenos eram chamados com tão pouca frequência que nem sabiam o próprio nome. Um menino estava sentado sozinho no chão de terra batida sem fazer nada. Perto dele haviam prateleiras com dezenas de bichinhos de pelúcia e carrinhos de plástico, todos bem arrumados, guardados como recompensa especial em vez de serem usados todos os dias como objetos de brincar e aprender.

Rosemia dispôs-se a dar um curso na COOPERATIVA DA BONDADE, para a diretora, a assistente social e a pedagoga do “AMADOS DE DEUS” – para conhecerem os novos treinamentos especializados em lidar com crianças órfãs e demais abandonadas. As três voltaram cheias de entusiasmo, com intenção de implantar mudanças. E a pedagoga Ruth disse: - Percebi que o trabalho que fazemos no “AMADOS DE DEUS” é mecanizado. Estamos limitando as crianças. Precisamos ter novos desafios para levantar a nossa moral.

Rosemia e sua equipe iniciaram um programa de um ano na COOPERATIVA DA BONDADE, com sessões mensais de treinamento para os funcionários do “AMADOS DE DEUS”.
O psicólogo Otávio abriu o programa com o tema: “Como se desenvolve a Empatia entre o bebê e a funcionária.”
Hugo, de apenas nove meses, viu outro bebê levar um tombo, ficou com os olhos cheios d´água e engatinhou até a funcionária, procurando consolo, embora não fosse ela que tivesse levado o tombo. E Sérgio, com um ano e três meses, foi buscar seu ursinho de pelúcia para entregá-lo ao amigo Paulo, que chorava, como Paulo continuasse chorando, Sérgio se agarrou no cobertozinho “de segurança” do amigo. Esses pequenos atos de simpatia e solidariedade foram observados por funcionárias treinadas para registrar tais incidentes de demonstração de empatia. Os resultados do estudo sugerem que as origens da empatia podem ser identificados já na infância. Praticamente desde o dia em que nascem os bebês ficam perturbados quando ouvem outro bebê chorando – uma reação que alguns encaram como o primeiro indicador da empatia que se desenvolverá até a idade adulta.

Psicólogos do desenvolvimento infantil descobriram que os bebês são solidários diante da angústia de outrem, mesmo antes de adquirirem a percepção de sua individualidade. Mesmo poucos meses após o nascimento, os bebês reagem a uma perturbação sentida por aqueles que estão em torno deles, como se esse incômodo estivesse acontecendo neles próprios, chorando ao verem que outra criança está chorando. Em torno de um ano, começam a compreender que o sofrimento não é deles, mas de outro, embora ainda pareçam confusos sobre o que fazer.
Quando se vê crianças de um ano imitando a angústia de outras, possivelmente o fazem para melhor compreender o que elas estão sentindo, por exemplo, se outro bebê machuca os dedos, um bebê de um ano põe os seus dedos na boca, para ver se também doem. Ao ver a funcionária chorar, um bebê enxugou os próprios olhos, embora não tivessem lágrimas.

O significado técnico original da palavra EMPATIA, é denominado MÍMICA MOTORA. A nossa tese é de que a empatia vem de uma espécie de imitação física da angústia de outra pessoa, que então evoca os mesmos sentimentos em nós. Procuramos uma palavra distinta de simpatia, algo que sentimos pelo que o outro está vivenciando, sem, contudo, sentir o que esse outro está sentindo.
A mímica motora desaparece do repertório dos bebês por volta dos dois anos e meio, quando eles percebem que o sofrimento de outra pessoa e diferente do deles, e então podem melhor consolá-los.
Os funcionários do “AMADOS DE DEUS” tiveram uma reação tão positiva, que solicitaram estender o treinamento para a equipe da cozinha.

Meliza e Cíntia estavam, pouco a pouco, se integrando na COOPERATIVA DA BONDADE. Faziam pequenos serviços administrativos e procuravam incentivar os participantes dos cursos sobre a importância da oração de abertura das aulas. Todos aprovaram a ideia, então as duas adolescentes como gostavam de cantar, prepararam uma música para esta prece:

ORAÇÃO CAMINHOS DE LUZ

Dos céus vêm a Luz do Senhor, com seus raios de amor protegendo a vida.
Dos céus vêm a Paz do Senhor, para alegrar o nosso coração e deixar os caminhos da vida preparados para a prática do bem.
Aos céus enviamos o nosso agradecimento e que o nosso coração esteja tão iluminado para oferecer a Deus – nosso humilde raio de luz como prova do nosso eterno
Amor.
Nesta hora em que pensamos na Luz que nos guia a todos, vemos a Terra sendo banhada pelas Bênçãos Divinas. Eternamente a Luz esteja em nossas vidas, pois nossas almas necessitam dos Raios Divinos para cumprir o progresso, crendo nos bons ensinamentos recebidos, para darmos aos céus o que sempre nos ofereceu.
Assim será!


As Assistentes Sociais Filomena e Nina quando estiveram visitando alguns orfanatos do Brasil, perceberam que a rotatividade dos funcionários é alta. Eles têm salários baixos que mal bastam para sobreviver. A Cooperativa da Bondade já com 8 anos de atividades, está suplementando esse salário e pretende levantar recursos em grandes empresas para continuar a fazê-lo.

Rosemia pergunta para Lourival: - Como conseguir que o grupo mais mal pago e menos instruído da sociedade faça o serviço mais difícil do mundo?

Lourival, Rosemia e as filhas, agora adultas e formadas. Meliza é Psicopedagoga e Cintia diplomou-se em Artes Plásticas e Artes Cênicas, começaram a expandir o trabalho da Cooperativa da Bondade para Orfanatos do Paraguai, Argentina, Bolívia e tem planos para Colombia e Venezuela. E as irmãs gêmeas que, desde a infância socorriam as crianças de rua, hoje fazem um trabalho de apoio na Cooperativa da Bondade, com órfãos e abandonados menores, onde recebem refeições diárias, alfabetização, artesanatos, Evangelização infantil, educação moral e  emocional nos moldes da Doutrina Espírita. Programa implantado por Meliza, que diz com profundo respeito e amor: O mais importante na vida de uma criança é uma pessoa. E isso nós podemos dar a ela.

A disposição de conhecer-se a si mesmo pode surgir naturalmente como fruto de amadurecimento de cada um, de forma espontânea, nata, resultante da própria condição espiritual do indivíduo, ou poderá ser provocada pela ação do sofrimento renovador que, sensibilizando a criatura, desperta-a para valores novos do espírito. Uns chegam pela compreensão natural, outros, pela dor, que também é um meio de despertar a nossa compreensão.

Rosemia e Lourival tiveram grandes experiências nesse sentido. Todos os dias avaliavam-se e anotavam suas pontuações negativas e positivas. Para que os dois fizessem a lição de casa, Rosemia escrevia em letras grandes – COMO CONHECER-SE “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelo esforço que empreende no domínio das más inclinações.”

O CONHECER-SE NO CONVÍVIO COM O PRÓXIMO

“ Amar ao próximo como a si mesmo, fazer aos outros o que queríamos que os outros nos fizessem, é a mais completa expressão da caridade, pois que resume todos os deveres para com o próximo” ( Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo)

ORAÇÃO – OBRIGADO

Senhor, obrigado por nos deixar viver neste Planeta junto de nossa família e de amigos tão especiais.
Estamos unidos no trabalho de amor ao próximo, empenhados no progresso moral e espiritual das crianças órfãs e desamparadas.
Abençoe-nos com a humildade de Tua Alma, para que a nossa intenção de cooperar com essas crianças seja toda feita de humildade no coração e de sinceridade na ação.
Senhor, obrigado por nos dar todos os dias a esperança e a coragem para seguirmos em frente, mesmo sabendo que há inimigos encarnados e desencarnados tentando nos derrubar e nos desviar da prática da caridade.
Obrigado por enxugar nossas lágrimas com o teu amor e tua misericórdia, fazendo-nos mais fervorosos no poder da fé que cura dores físicas, morais e espirituais.
Senhor, obrigado por ouvir a nossa oração feita de coração. Porque orar é crer infinitamente na Luz Divina, é aprender a estreitar os laços fluídicos com os Espíritos Superiores que guiam nossos passos na senda do bem, fortalecendo o amor ao próximo, a alegria em cada dia quando estendemos nossas mãos para as crianças que nos pedem por caridade para sermos pai, mãe, irmão, irmã, amigo, amiga, simplesmente uma pessoa para amá-las e guiá-las na vida.
Senhor, obrigado por nos ensinar a saudar a nossa escola de vida – nossos irmãos de jornada.


quarta-feira, 18 de março de 2015

COOPERATIVA DA BONDADE PRIMEIRA PARTE


AS CRIANÇAS E JESUS

Meliza e Cintia irmãs gêmeas de 12 anos, mantinham sempre um grande sorriso, cantavam a qualquer hora do dia como hábito salutar da família. Rosemia e Lourival eram pais bastante atenciosos com a educação das duas filhas.
Rosemia, mãe vigilante no comportamento das meninas, procurava transmitir palavras colhidas nas obras espíritas, principalmente nas de Allan Kardec. Ela fazia anotações diárias sobre os acontecimentos mais marcantes. Já Lourival, era um pai alegre e descontraído, trabalhava como Diretor de Recursos Humanos numa grande rede de supermercados.
Estudava regularmente a Doutrina Espírita e se empenhava com todo amor e dedicação na auto avaliação, pois sua maior vontade era de tornar-se Dirigente do Centro Espírita que frequentava com a família.

Com o amor bem alicerçado nos ensinamentos do Mestre Jesus, tanto os pais como as filhas tinham certeza de que o enorme carinho e atenção que davam para as crianças pobres que perambulavam pelas ruas por não terem residência fixa, nem família, sinalizava o amor ao próximo em suas almas e a esperança de realizarem o grande sonho de fundarem a COOPERATIVA DA BONDADE.
Meliza era a que mais proximidade tinha com as crianças indefesas, assustadas, machucadas e famintas. Além de  levar sanduiches, suco de frutas, tortas, bolos, leite, também contava histórias sobre as vida de Jesus Cristo: enquanto Cintia ilustrava as páginas do Evangelho com desenhos bem coloridos dando um toque de alegria, interesse pelos assuntos abordados e descontração. Cíntia chamava uma por uma das crianças para formarem uma roda e todas sentadas no chão faziam a :

ORAÇÃO DA CRIANÇA E JESUS:
- Jesus, o Senhor é o maior bem na minha vida. Ampara-me no frio, agasalhando meu coração com o seu caloroso amor até meu corpo ficar bem quentinho. Quando a fome grita no estomago vazio, o Senhor vem e dá o alimento espiritual da esperança, logo depois surge uma boa alma trazendo um pedaço de pão e um copo de leite. Senhor como fico grato por estar olhando sempre para mim; vendo a minha dor por não ter mãe e nem pai, nem casa para morar, nem cama para dormir. Este chão duro fica macio quando falo com o Senhor.

Minha oração é simples mas sincera. Nela está a fé, fazendo-me acreditar e confiar nos céus e nas estrelas que guardam todos os mistérios da minha vida, que um dia descobrirei. E o Senhor, meu Bom Jesus sabe mais do que eu porquê estou vivendo nessa condição de penúria. Dói muito esta vida de criança abandonada e mendiga, mas o Senhor diz: “ A vida é Beleza, admire-a. A vida é desafio, enfrente-o”. Então Jesus, dá-me sua mão e guia-me na aventura da vida. Vou me arriscar, mas sei que o Senhor estará sempre comigo. Obrigado desde já!
***

Todas as 4as e 6as feiras, Meliza e Cíntia iam ao Centro Espírita e relatavam tudo com muita clareza e objetividade, até que um dia a Psicopedagoga Dra. Clarice que ministrava o Curso de Evangelização Infantil, perguntou para as gêmeas se gostariam de visitar o orfanato onde era uma das diretoras. As meninas se olharam, abraçaram a Dra. Clarice e falaram: - Temos muito interesse, sim, pois nossa mãe fala constantemente sobre as crianças que sofrem por não ter pais e nem lar. Meliza pronunciou-se de modo amoroso e imbuída de muita simpatia por aqueles que socorrem e dão afeto sem visarem recompensa.
- Dra Clarice quando iremos? A mamãe pode ir conosco?
- Claro Meliza, será muito bom e deixa-me feliz com esse gesto de amor.

Tudo combinado para o sábado à tarde, e lá foram as gêmeas lourinhas levando roupinhas, agasalhos, fraldas, toalhas de banho, sabonetes, bonecas, jogos educativos, lápis de cor, cadernos para desenhar, livros infantis espíritas. Rosemia estava muito feliz por ver as filhas tão dispostas para praticarem a caridade.
Dra Clarice as recebeu na recepção e logo foi mostrando as instalações. Tudo muito limpo e organizado. Em cada ala tinha um quadro de Jesus Cristo e uma mesa com o Evangelho Segundo o Espiritismo. Crianças de zero a quatro anos ficaram no andar térreo perto da enfermaria. As de 5 a 7 anos no 1° andar e as de 8 a 12 anos no 2° andar. Ao todo eram 100 crianças, incluindo as de 13  a 17 anos, que tinha uma ala independente do prédio principal, pois estudavam em escolas públicas e realizavam tarefas junto da administração. O prédio era grande e muito bonito, com refeitórios, salas de aula, áreas de lazer, quadras de esportes, piscinas, ambulatório médico e odontológico, e um local para pinturas e artesanatos.

Meliza e Cintia olhavam tudo como duas inspetoras e faziam muitas perguntas para Dra. Clarice. Rosemia queria saber  sobre as adoções e quantas crianças não conseguiam ser adotadas devido os impedimentos burocráticos da Justiça. Dra Clarice chamou a Socióloga Sofia e a Assistente Social Zélia para as informações. Sofia adiantou-se e disse: - Os especialistas em desenvolvimento infantil querem acabar com os orfanatos e recomendam a adoção ou pequenos lares coletivos. Hoje a própria palavra “orfanato” não é bem vista. A expressão preferida ( e mais exata) é “LAR INFANTIL”, já que muitas destas  crianças têm pais vivos que não podem ou não querem cuidar delas. Adoraria que todas as crianças morassem em lares felizes e aconchegantes. Mas enquanto isso não acontece, alguém precisa cuidar desse problema.
Zilda aproveitou o gancho e falou: - A dura realidade, é que a maioria das crianças em orfanato passará a infância toda em orfanatos. Isso torna difícil desenvolver um sentimento de docilidade, amizade, simpatia, carinho e estabilidade emocional. É uma batalha e nós estamos unidas para conservar os orfanatos e não acabar com eles.

Rosemia, que já fizera curso de Maternidade, comentou: - As aulas baseavam-se nas práticas de educação infantil do Instituto Plas, um orfanato da França. Fiquei fascinada. Soube na mesma hora que era aquilo que eu queria fazer. Voltei muitas vezes ao Instituto  Plas. O que vi ali mudou minha vida. Tive um convívio naquele Orfanato de 18 meses. Minha crença é de que as crianças órfãs só conseguem desenvolver bem se criadas, com carinho constante. Em vez de fazer rodízio de pessoal, como muitos orfanatos, o Instituto encarrega cada funcionário de cuidar de um pequeno grupo de crianças durante toda a permanência delas ali. Cada funcionário cuida de seis a oito crianças, em vez de até 30 delas em outros lugares. Os bebês podem engatinhar pelo chão, e não precisam ficar o dia todo confinados em berços. A hora do banho é ampliada  para confortáveis e divertidos  22 minutos por criança. O funcionário conversa com as crianças o tempo todo, fortalecendo o vínculo.
Dra. Clarice acrescentou: - Acredito que as crianças precisam desse tipo de relação para aprender a se desenvolver como adultos saudáveis. Os cuidados e o ambiente do Orfanato pretendem se aproximar dos encontrados em um lar, até onde for possível para uma instituição. Pode-se criar o ambiente certo sem prédios claros nem diplomas de mestrado.
Rosemia ficou radiante de felicidade por encontrar pessoas com pensamentos, atitudes e dedicação no trato com esse tipo de crianças, e confessou sua admiração e simpatia, colocando-se prontamente à disposição para iniciar algum trabalho com as crianças de zero a quatro anos.

Ao chegarem à casa, as gêmeas abraçaram a mãe e juntas fizeram uma linda oração pela oportunidade de conhecerem aquelas crianças abrigadas num local tão bom, limpo e com bons fluídos.

ORAÇÃO DE AGRADECIMENTO AO MEIGO NAZARENO

Ó Meigo Nazareno! Tu és a felicidade em nossos caminhos. Bendizemos o teu exemplo desde a infância. É tão gratificante tê-lo como modelo a ser imitado. Lindos ensinamentos pronunciados por tua voz ativa, deixam crianças e adultos conhecerem a tua vida, - única a ser seguida para nos prepararmos, a nós e ao mundo em que vivemos.
Com a sintonia espiritual recorremos ao apoio e à colaboração dos nossos Anjos Guardiães – nossos companheiros espirituais  estreitando os nossos laços vibratórios para melhor sintonia com eles para inspirarem nossos passos na existência presente.

Ó MEIGO NAZARENO! Por muito nos amar, prepara-nos a ser capazes de cumprir missões importantes como a de zelar pela educação moral e emocional de crianças órfãs. Nosso coração sensibilizado pelas fontes inesgotáveis de Teus ensinamentos,


agradece o amor que nos dedica. Desejamos de coração cultivar a humildade para sabermos trabalhar no campo fértil que é a vida da criança órfã. Juntos, instruindo-nos e transformando-nos, até chegar o dia em que possamos ser reconhecidos como verdadeiros cristãos – Teus discípulos – Ó Meigo Nazareno!

****

Rosemia contou para Lourival sobre o dia produtivo e disse-lhe que tem a intenção de divulgar o que vira, com a promessa de melhorar algum orfanato que esteja em estado precário. Lourival beija-me as mãos e diz: - Vamos poupar o máximo de nossas economias com o propósito de fazermos melhorias em orfanatos que estejam com dificuldades financeiras para contratar funcionários e prepará-los para uma qualificação idêntica ao que você quer divulgar. Vamos formar nossa equipe com especialistas infantis. Rosemia completou: - No estágio que fiz na França, tinha desenvolvido manuais de treinamento com o intuito de treinar os funcionários dos orfanatos, avaliar as condições de vida nos orfanatos antes e depois do treinamento.
- Bem pensado. Vamos pesquisar e acompanhar os resultados assim que tivermos atuando na nossa COOPERATIVA DA BONDADE. Essa será a força de que nos utilizaremos para implantar várias mudanças a serem defendidas pela nossa organização. Jesus está conosco. Ele nos tem guiado e nos iluminará para termos capacidade para o cumprimento do dever.
- Lourival, nós temos feito nossa avaliação, propondo-nos à realidade progressiva do nosso autoaprimoramento, temos estudado juntos as características básicas das virtudes, isto é, procuramos conhecer seus principais aspectos, o que muito facilitará a sua prática no nosso relacionamento com as pessoas de todas as áreas sociais a que pertençamos.

No Capítulo XII – Perfeição Moral – Livro dos Espíritos – está escrito: Qual a mais meritória de todas as virtudes? – “Todas as virtudes têm o seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtudes
 sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências; mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.”

Para nossa aferição individual, observemos o seguinte:
- Disposição firme e constante para a prática do bem;
- Sacrifício voluntário do interesse pessoal, renunciando pelo bem do próximo – abnegação;
- Prática da resistência voluntária ao arrastamento das más tendências;
- Prática da caridade desinteressada, empregada com discernimento para o proveito real dos que dela necessitam;
- Dedicação com sentimento de amor profundo e desprendimento – DEVOTAMENTO;
- Fazer o bem por impulso espontâneo, natural, por hábito, sem esforço ou dificuldade.


Lourival sorri para Rosemia e fala: - É minha esposa, somos felizes por ter encontrado o Espiritismo Redivivo que nos tem orientado e também ajudado na formação religiosa das nossas filhas que são devotas e se sentirão mais dispostas para a prática da caridade, durante a adolescência e no decorrer da existência presente.

TERCEIRA PARTE A ARTE DE ORAR EM FAMÍLIA



Deus proporcionou a todos nós, os meios de conhecermos a sua lei, mas nem todos compreendem; se nos esforçarmos na prática do bem e se desejamos pesquisá-la, seremos os que melhor a compreenderemos. Não obstante, toda a humanidade, um dia a compreenderá, porque é necessário que o progresso se realize.
A cada nova existência (reencarnação) a nossa inteligência se torna mais desenvolvida e passamos a compreender melhor o que é o bem e o que é o mal.
Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: são as leis físicas; seu estudo pertence ao domínio da Ciência. As outras concernem especialmente a nós seres humanos e às relações com Deus e com os nossos semelhantes. Compreendem as  regras da vida do corpo e as da vida da alma: são as Leis Morais. A Lei , Divina ou Natural, é eterna e imutável como o próprio Deus.
É no ambiente familiar que acontece um drama entre pais e filhos. Mas as tentativas ansiosas dos pais em “ajudar” os filhos só atrapalham. Conversas e mecanismos carinhosos trazem gritos, tensões, gritos, tensões, lágrimas e frustrações. Quando experiências desse tipo se repetem muitas vezes, transmitem algumas mensagens emocionais que levaremos por toda a vida – lições que podem determinar o curso de uma vida. A vida em família é simplesmente o começo do drama de uma criança e a aprendizagem emocional e moral. Se os pais não tiverem alicerçadas as Leis Divinas, transmiti-las aos filhos ainda pequenos, e provar com boas ações e a dedicação ao Evangelho no Lar  com orações límpidas que traduzam a ARTE DE ORAR em família, - esses pais são emocionalmente inábeis, não aproveitam o momento de uma aproximação maior com os filhos. É o descaso moral com a tempestade emocional dos filhos. Tentam aliviar todas as perturbações das crianças, comprando novos vídeo games, tênis e roupas de grife para que não fiquem tristes ou zangadas.
Há pais muito rigorosos e por isso não respeitam o que a criança sente. Geralmente desaprovam tudo o que o filho diz e quer fazer. Severos nas críticas e nos castigos, não percebem a fragilidade sentimental e emocional do filho. Isso é falta de caridade com o seu semelhante. O sentimento de justiça é natural em todos os seres. Falta a esse .... tal pai, o desenvolvimento em si do progresso moral. Esse sentimento, Deus o colocou no coração do homem. Mas esse pai se julga superior ao filho, em sua sabedoria, errando mais ainda, porque deveria explicar ao filho que as noções de Justiça, de Caridade e de Amor encontram-se frequentemente, entre os homens simples. Esse tipo de pai comete erros mais graves do que aquele que vê no filho, fazendo ver as atitudes do filho sob um falso ponto de vista.
Mágoas, tristezas, medos são sentimentos que uma criança não sabe lidar, e é preciso que o pai e a mãe como treinadores da aprendizagem emocional do filho, tornem-se eficientes, devendo ter uma compreensão profunda acerca desses rompantes emocionais e sentimentais da criança. Saber avaliar e lidar com cada um deles. Ser pai e mãe emocionalmente aptos, muito podem fazer para ajudar o filho em relação a cada um dos elementos básicos do emocional: aprender a reconhecer, controlar e canalizar os sentimentos, ter empatia e lidar com os sentimentos que afloram em seus relacionamentos.

É um impacto bastante significativo para os pais esforçarem-se meticulosamente na educação moral dos filhos. A aprendizagem deve começar nos pais, porque necessitam de treinamentos e lapidações no próprio emocional e na inteligência. Diríamos até, um amadurecimento moral como direito ao filho de encontrar nos seus tutores as legítimas práticas da Lei de Justiça, Amor e Caridade. Como o Cristo nos disse: “Querer para os outros o que queremos para nós mesmos”. O sublime da paternidade é ter o critério da verdadeira Justiça. Na incerteza do que deve fazer para o filho, em dada circunstância, que o pai pergunte a si mesmo como desejaria que agissem com ele.

A benevolência do pai, é indulgência para com as imperfeições morais dos filhos. Amar o filho é o complemento da Lei de Justiça, porque amar o filho é fazer-lhe todo o bem possível, que o pai desejaria que o filho lhe fizesse.

Em suma, a arte de orar em família nasce dos princípios morais que o Cristo ensinou a todos nós. O caráter da oração em família aí está, como os pais podem ver: É uma arte orar no Lar, e que vai revigorar a arte de educar o filho. Essa arte, vai preparar o filho para defender-se das agruras da vida; guiá-lo nos deveres morais que a própria vida necessita; torná-lo saudável na mente, no corpo e no emocional, pois estimulará alívio para as perturbações, ganhando respeito à sociabilidade e vantagens para a vida em geral, assegurando para o futuro do filho a persistência no devotamento à arte de orar em família, e a abnegação à Lei de Justiça, Amor e Caridade, que constitui virtude; sobrevive mesmo à própria morte, acompanhando o filho para além da vida terrena.

Com determinação, o pai deve reunir a família para a oração da união entre todos. Cumprir sistematicamente, para que os Bons Espíritos venham sempre trazer os fluidos regeneradores do Amor Divino:

ORAÇÃO EM FAMÍLIA

- Nesta hora sagrada, vamos nos dirigir a Deus com respeito por suas bênçãos em nossas vidas.
Que o nosso coração se uma de verdade aos elevados bens, para que possamos cumprir com amor as nossas tarefas.
Que possamos ser mais amigos uns dos outros, para que os bons sentimentos façam-se maiores do que o egoísmo, o orgulho, a inveja, o ciúme, a raiva, a cobiça, as revoltas, os desentendimentos entre os membros desta família.
Que possamos nos abraçar com sinceridade e ternura, e confiarmos na nossa força interior para que venhamos alcançar amanhã, - a boa troca de energias oriundas da nossa própria fé.
Que o PAI MISERICORDIOSO, pacifique nossa intenção de ajudarmo-nos uns aos outros, fazendo-nos crer que agiremos com inteligência emocional e harmonia.
Que possamos lembrar sempre, que o nosso lar é o abrigo de luz para as nossas almas reeducarem-se nas Leis Morais.


Finalizando esta prece, vamos nos dar as mãos num ato de amor comungando os mesmos sentimentos e o interesse pela preservação da UNIÃO FAMILIAR, com a esperança de que sempre haverá o fortalecimento moral, a vontade de ouvir e praticar os bons conselhos de Jesus contidos nas páginas iluminadas do Evangelho Segundo o Espiritismo.

sexta-feira, 13 de março de 2015

FELIZES OS QUE SABEM ORAR SEGUNDA PARTE A DIFÍCIL ESCOLHA DE UMA RELIGIÃO NA INFÂNCIA


Como criança criada por mãe católica, pai espírita kardecista, e estudando em colégio das freiras vicentinas, vi logo cedo, conflitos estamparem-se nos painéis da minha mente. Fazia verdadeiros exercícios aeróbicos para acompanhar a maratona da ginástica militar de meu pai, e usava táticas mais eficazes para não melindrar minha mãe com nossas idas semanais às missas da Igreja do nosso bairro. Acontecimentos muito marcantes na minha idade pré-escolar, pois constatava até  uma certa facilidade, que me encontrava num jogo de quebra-cabeça, prontamente qualificando-me como perdedora pois minha mãe e a freiras eram severas demais e cobravam respostas rápidas para perpetuar meus votos como católica apostólica romana.
Em meus sonhos, via um padre conversar comigo, sobre assuntos profundos do livro A Gênese de Allan Kardec, e acordar pela manhã, a imagem do padre estava clara ali bem perto da cama. Moreno, alto, magro, velhinho e muito sereno, pedia para que eu contasse ao meu pai, sobre as minhas visões, mas eu não entendia ou tinha medo de que minha mãe se zangasse comigo. Quando ia para a escola, gostava muito de conversar com duas freiras, a Irmã Inês e a Madre Superiora – Irmã Vicência. Brincavam comigo, liam a Bíblia e levavam-me ao Convento, lugar restrito somente às freiras que trabalhavam no colégio. Mas eu tinha um privilégio e sentia-me muito alegre e feliz. Estes cenários marcaram profundamente cada dia da infância, e assim fomentava o desejo interior de ser freira como aquelas duas amigas.

Era evidente que não sabia o que queria; contudo, algo mais sério estava por acontecer, e certo dia alguns amigos do papai, vieram à nossa casa para estudar o livro A Gênese de Allan Kardec. Sentaram-se nas cadeiras ao redor da mesa na sala de jantar e todos muito sérios, abriram seus livros, e meu pai começou a ler um trecho do livro que dissertava sobre a Existência de Deus. Aproximei-me e fiquei bem quietinha ouvindo atrás da porta. Nessa época eu tinha seis ou sete anos de idade. Já sabia ler razoavelmente, porque gostava de leituras religiosas que aprendera com papai. Atenta ao trecho que todos passaram a discutir, ouvi um dos amigos do papai falar: “Sendo Deus a causa primária de todas as coisas, o ponto de partida de tudo, o eixo sobre o qual repousa o edifício da criação, é o ponto que importa considerar antes de tudo”. Fiquei atordoada e corri para o colo do papai e disse: Quero saber mais, quero ficar aqui nessa sessão espírita. O meu amigo padre diz que eu sou médium e que ele vai trabalhar comigo, para ajudarmos muitas pessoas. Todos se olharam muito espantados. Lembro-me perfeitamente o que o Senhor Tomé, um dos presentes, disse ao meu pai: - É, Cony, sua menina traz na alma uma grande missão. É preciso orientá-la na Doutrina Espírita para que receba a evangelização infantil para educar a faculdade mediúnica de que é portadora. A vida dela fará esse pedido, essa cobrança. Cedo ou tarde, alguns sofrimentos poderão se fazer tão presentes, e talvez a Luizinha  terá  que suportar o turbilhão emocional que a vida nos impõe a todos, e de não se tornar uma “escrava dos rompantes mediúnicos”. O objetivo é contenção de excessos, precaução e inteligência na condução da própria vida;  equilíbrio e sabedoria, e não a supressão das emoções: cada sentimento tem um valor e significado.

A mediunidade deve ser equilibrada na dose certa, com o sentimento proporcional à circunstância. Quando as manifestações mediúnicas são sufocadas, geram embotamento e frieza; quando escapam ao nosso controle, extremadas e renitentes, tornam-se doentias, causando distúrbios patológicos, tal como ocorre na ansiedade que aniquila, na raiva demente e na agitação maníaca. O bem estar é fundamental para não minar nossa estabilidade emocional, na verdade, para manter sob controle, tanto o transe mediúnico como as emoções que nos afligem.  Altos e baixos são constatados na grande maioria  dos médiuns, mudanças de humor, episódios de insatisfação pessoal – tudo incomoda, sentimentos extremamente raivosos, uma verdadeira montanha russa emocional. O que evidencia grandes agitações, ansiedade crônica, ira descontrolada. O cérebro passa a trabalhar sob essa forte pressão emocional. No ponto mais severo é insuportável, para que sejam debeladas as perturbações  pode ser necessária a medicação, psicoterapia ou as duas coisas juntas.

Portanto, Cony, você como pai e espírita, tem o dever de auxiliar a Luizinha, esclarecê-la desde agora, para conhecer os propósitos de uma missão mediúnica, a prática da verdadeira caridade e do amor ao próximo. Explique o que diz o Livro dos Médiuns de Allan Kardec, no capítulo XIV: Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva. Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns tem, geralmente, aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas são as espécies de manifestações. As principais são: Médiuns de efeitos físicos, médiuns sensitivos ou impressionáveis, auditivos, falantes, videntes, sonâmbulos (animismo), curadores, pneumatógrafos, escreventes e psicógrafos.

Cony, fale com sua esposa Yolanda, ela precisa saber dessas manifestações na Luizínha, para que venha concordar com você, e juntos conduzirem a menina até o Centro Espírita Madre Joana.
- Tomé, é quase impossível, porque a Yolanda é católica fervorosa, e você sabe que ela não admite essas nossas reuniões, e quando a Luíza fica perto como agora, sai briga depois. A Yolanda contou que por diversas vezes, vê a Luiza com folhas de papel de embrulhar pão, e um lápis na mão esquerda – ela é canhota, tentando escrever coisas que nem consegue soletrar. Diz que o Padre está ditando uma carta de amor, como fazem nas novelas do rádio, e assim, fica sentadinha numa cadeira, segurando as folhas rabiscadas, só que depois, a Luiza quer guardar para mostrar-me, e aí a Yolanda joga tudo fora, coloca a menina de castigo e diz que Deus não gosta dessas estranhezas. Chorando sem parar, a Luiza também me revela seus sentimentos, e pede para orarmos juntos, o que o Padre – seu amigo espiritual, ensinou- me: Orar é estar com Jesus, é alegrar-se, é deixar o coração mais feliz. O Senhor é só bondade e sabe o que é melhor para a minha vida. Sou ainda uma criança, e com o tempo vou aplicar-me nas leituras espíritas, cultivarei cada aprendizado com meu amor. Minha alma é valente e, pacientemente aguardarei o momento propício para revelar-me uma obreira do Senhor. Por isso vou silenciar esta fase da minha existência, como uma oração que contenha a harmonia de nossa tão antiga amizade e união espiritual. Não guardarei no coração nada que possa ferir outro ser. Assim, minha alma será envolvida em pureza e fraternidade. Tomarei a minha cruz e seguirei Jesus. Não haverá perigo algum que não possa ser transformado em desafio de amor que eu, como serva fiel ampliarei como bens de autêntica caridade para enxugar as lágrimas dos que sofrem.

De hoje em diante, a sua vida e mediunidade integram-se à minha vida de Missionário do Cristo. Você crescerá, e mesmo na dor deverá estar ciente de tudo o que a Doutrina Espírita esclarece. Preste atenção! Sou seu irmão e Guia Espiritual. Acompanho-a há muitos e muitos séculos, e sei que você estará predisposta a ultrapassar toda e qualquer barreira, haja o que houver. Lembre-se, Luiza , estarei colocando minha mão na sua mão, para escrever (psicografia), para muitas pessoas,sobre os valores morais, as Verdades de Jesus. As pessoas carregam dentro delas, muitos obstáculos e limitações que parecem impedi-las de contatar a realidade, mas também tem dentro delas a semente da espiritualidade – a alma que contém nas profundezas a imagem de Deus.
Tome estas palavras  tão longas, hoje, e faça-as vibrar como Luz, além dos limites do que se pode ver ou saber. Essa Luz une os corações.
Pronuncie em silêncio, e fervorosamente:  O meu “AMÉM”, não será mais vazio, porque a oração é ato nobre quando move um sentimento intenso e ardente desejo de fazer o bem ao próximo sem nenhum objetivo pessoal nem egoísta.
- Papai, digamos juntos: Senhor, assim seja feita a Vossa Santa Vontade, e não segundo a nossa, porque quereis o nosso bem e sabeis melhor do que nós o que nos é útil.
Encerrada a prece, papai pergunta: - Luiza, você sabe o nome do seu Amigo Espiritual?
- Ele acaba de dizer que é mais conhecido como ABEL MONSENHOR.
- Ah! Minha filhinha, estou feliz por você. Lembrarei e sempre pronunciarei o nome dele, em nossas orações...

Alí,  fora declarada a minha escolha religiosa, num segredo quase divino, cuja chave para desvendá-lo, o Espiritismo deu-me, depois de muitos anos, já na vida adulta.