sábado, 21 de março de 2015

COOPERATIVA DA BONDADE SEGUNDA PARTE CONTATOS COMOVENTES



Enquanto isso, Rosemia começou a visitar alguns orfanatos. Ela entendeu com mais clareza o que tantas pesquisas tinham mostrado. As crianças que crescem em orfanatos, privadas da atenção constante e amorosa dos adultos, tendem a abandonar os próprios filhos, a levar a vida no crime e a tornar-se fardos para a sociedade, incapazes de manter empregos regulares ou de construir uma família.
Passado um ano, Rosemia e Lourival com a ajuda da Dra. Clarice, conseguiram formar uma equipe de especialistas infantis: Pediatras: Dra. Mirtes e Dra. Zilá; Psicólogos: Otávio e Marcondes; Pedagogas: Flávia e Mercedes: Assistentes Sociais: Filomena e Nina; Clínico Geral: Dr. Solano; Neuropsiquiatra Dr Douglas e as enfermeiras Soraia e Elvira. Todos com larga experiência em atendimentos infantis na rede pública de saúde, principalmente nas regiões mais pobres do país. Também viajaram por mais de 10 países, visitando orfanatos e estagiando em alguns, para adquirirem conhecimentos sobre os treinamentos dos funcionários. Formada a equipe, inicia-se a regularização da documentação legal para a abertura da “ COOPERATIVA DA BONDADE”, organização sem fins lucrativos. Lourival entrou com a maior parte de recursos e os demais com o restante, para ter um espaço adequado para a formação dos funcionários especializados nos cuidados com crianças órfãs. Dra Mirtes e Dra. Zilá como pediatras da rede pública, conseguiram assinar um acordo com o governo para trabalharem com os funcionários de um LAR INFANTIL, para possibilitar a integração com a COOPERATIVA DA BONDADE. Rosemia analisou com muita cautela e fez questão de ir ao LAR INFANTIL  AMADOS DE DEUS.
Separado da estrada movimentada por cerca de arame farpado, o “AMADOS DE DEUS” é uma favela com barracos coloridos em tons de laranja e azul, limpos, mas um tanto mal conservados, que abrigam 80 crianças órfãs, abandonadas ou agregadas por pais pedófilos, de recém-nascidos a 6 anos. Durante a visita de Rosemia, Dra Mirtes e Dra. Zilá, as crianças estavam ávidas de atenção que um grupo delas, de uns 5 anos, começou a gritar: “Visita! Visita! Oba, hoje temos docinhos!” Num barraco próximo, para meninas de 4 a 6 anos, as crianças pularam nos braços das visitantes, totalmente desconhecidas para elas. Dalí a cinco minutos, quando Rosemia e as pediatrias tentaram ir embora, as crianças agarraram-se mais e tiveram de ser separadas à força.

Na enfermaria, onde uma funcionária cuidava de 8 bebês, um menino de 10 meses estava em pé no berço, a fralda de pano caída nos joelhos. Dois bebês choravam enquanto a funcionária em silêncio, trocava a fralda do outro. Num barraco esburacado estavam muitas crianças de 2 anos. Alguns bem pequenos eram chamados com tão pouca frequência que nem sabiam o próprio nome. Um menino estava sentado sozinho no chão de terra batida sem fazer nada. Perto dele haviam prateleiras com dezenas de bichinhos de pelúcia e carrinhos de plástico, todos bem arrumados, guardados como recompensa especial em vez de serem usados todos os dias como objetos de brincar e aprender.

Rosemia dispôs-se a dar um curso na COOPERATIVA DA BONDADE, para a diretora, a assistente social e a pedagoga do “AMADOS DE DEUS” – para conhecerem os novos treinamentos especializados em lidar com crianças órfãs e demais abandonadas. As três voltaram cheias de entusiasmo, com intenção de implantar mudanças. E a pedagoga Ruth disse: - Percebi que o trabalho que fazemos no “AMADOS DE DEUS” é mecanizado. Estamos limitando as crianças. Precisamos ter novos desafios para levantar a nossa moral.

Rosemia e sua equipe iniciaram um programa de um ano na COOPERATIVA DA BONDADE, com sessões mensais de treinamento para os funcionários do “AMADOS DE DEUS”.
O psicólogo Otávio abriu o programa com o tema: “Como se desenvolve a Empatia entre o bebê e a funcionária.”
Hugo, de apenas nove meses, viu outro bebê levar um tombo, ficou com os olhos cheios d´água e engatinhou até a funcionária, procurando consolo, embora não fosse ela que tivesse levado o tombo. E Sérgio, com um ano e três meses, foi buscar seu ursinho de pelúcia para entregá-lo ao amigo Paulo, que chorava, como Paulo continuasse chorando, Sérgio se agarrou no cobertozinho “de segurança” do amigo. Esses pequenos atos de simpatia e solidariedade foram observados por funcionárias treinadas para registrar tais incidentes de demonstração de empatia. Os resultados do estudo sugerem que as origens da empatia podem ser identificados já na infância. Praticamente desde o dia em que nascem os bebês ficam perturbados quando ouvem outro bebê chorando – uma reação que alguns encaram como o primeiro indicador da empatia que se desenvolverá até a idade adulta.

Psicólogos do desenvolvimento infantil descobriram que os bebês são solidários diante da angústia de outrem, mesmo antes de adquirirem a percepção de sua individualidade. Mesmo poucos meses após o nascimento, os bebês reagem a uma perturbação sentida por aqueles que estão em torno deles, como se esse incômodo estivesse acontecendo neles próprios, chorando ao verem que outra criança está chorando. Em torno de um ano, começam a compreender que o sofrimento não é deles, mas de outro, embora ainda pareçam confusos sobre o que fazer.
Quando se vê crianças de um ano imitando a angústia de outras, possivelmente o fazem para melhor compreender o que elas estão sentindo, por exemplo, se outro bebê machuca os dedos, um bebê de um ano põe os seus dedos na boca, para ver se também doem. Ao ver a funcionária chorar, um bebê enxugou os próprios olhos, embora não tivessem lágrimas.

O significado técnico original da palavra EMPATIA, é denominado MÍMICA MOTORA. A nossa tese é de que a empatia vem de uma espécie de imitação física da angústia de outra pessoa, que então evoca os mesmos sentimentos em nós. Procuramos uma palavra distinta de simpatia, algo que sentimos pelo que o outro está vivenciando, sem, contudo, sentir o que esse outro está sentindo.
A mímica motora desaparece do repertório dos bebês por volta dos dois anos e meio, quando eles percebem que o sofrimento de outra pessoa e diferente do deles, e então podem melhor consolá-los.
Os funcionários do “AMADOS DE DEUS” tiveram uma reação tão positiva, que solicitaram estender o treinamento para a equipe da cozinha.

Meliza e Cíntia estavam, pouco a pouco, se integrando na COOPERATIVA DA BONDADE. Faziam pequenos serviços administrativos e procuravam incentivar os participantes dos cursos sobre a importância da oração de abertura das aulas. Todos aprovaram a ideia, então as duas adolescentes como gostavam de cantar, prepararam uma música para esta prece:

ORAÇÃO CAMINHOS DE LUZ

Dos céus vêm a Luz do Senhor, com seus raios de amor protegendo a vida.
Dos céus vêm a Paz do Senhor, para alegrar o nosso coração e deixar os caminhos da vida preparados para a prática do bem.
Aos céus enviamos o nosso agradecimento e que o nosso coração esteja tão iluminado para oferecer a Deus – nosso humilde raio de luz como prova do nosso eterno
Amor.
Nesta hora em que pensamos na Luz que nos guia a todos, vemos a Terra sendo banhada pelas Bênçãos Divinas. Eternamente a Luz esteja em nossas vidas, pois nossas almas necessitam dos Raios Divinos para cumprir o progresso, crendo nos bons ensinamentos recebidos, para darmos aos céus o que sempre nos ofereceu.
Assim será!


As Assistentes Sociais Filomena e Nina quando estiveram visitando alguns orfanatos do Brasil, perceberam que a rotatividade dos funcionários é alta. Eles têm salários baixos que mal bastam para sobreviver. A Cooperativa da Bondade já com 8 anos de atividades, está suplementando esse salário e pretende levantar recursos em grandes empresas para continuar a fazê-lo.

Rosemia pergunta para Lourival: - Como conseguir que o grupo mais mal pago e menos instruído da sociedade faça o serviço mais difícil do mundo?

Lourival, Rosemia e as filhas, agora adultas e formadas. Meliza é Psicopedagoga e Cintia diplomou-se em Artes Plásticas e Artes Cênicas, começaram a expandir o trabalho da Cooperativa da Bondade para Orfanatos do Paraguai, Argentina, Bolívia e tem planos para Colombia e Venezuela. E as irmãs gêmeas que, desde a infância socorriam as crianças de rua, hoje fazem um trabalho de apoio na Cooperativa da Bondade, com órfãos e abandonados menores, onde recebem refeições diárias, alfabetização, artesanatos, Evangelização infantil, educação moral e  emocional nos moldes da Doutrina Espírita. Programa implantado por Meliza, que diz com profundo respeito e amor: O mais importante na vida de uma criança é uma pessoa. E isso nós podemos dar a ela.

A disposição de conhecer-se a si mesmo pode surgir naturalmente como fruto de amadurecimento de cada um, de forma espontânea, nata, resultante da própria condição espiritual do indivíduo, ou poderá ser provocada pela ação do sofrimento renovador que, sensibilizando a criatura, desperta-a para valores novos do espírito. Uns chegam pela compreensão natural, outros, pela dor, que também é um meio de despertar a nossa compreensão.

Rosemia e Lourival tiveram grandes experiências nesse sentido. Todos os dias avaliavam-se e anotavam suas pontuações negativas e positivas. Para que os dois fizessem a lição de casa, Rosemia escrevia em letras grandes – COMO CONHECER-SE “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelo esforço que empreende no domínio das más inclinações.”

O CONHECER-SE NO CONVÍVIO COM O PRÓXIMO

“ Amar ao próximo como a si mesmo, fazer aos outros o que queríamos que os outros nos fizessem, é a mais completa expressão da caridade, pois que resume todos os deveres para com o próximo” ( Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo)

ORAÇÃO – OBRIGADO

Senhor, obrigado por nos deixar viver neste Planeta junto de nossa família e de amigos tão especiais.
Estamos unidos no trabalho de amor ao próximo, empenhados no progresso moral e espiritual das crianças órfãs e desamparadas.
Abençoe-nos com a humildade de Tua Alma, para que a nossa intenção de cooperar com essas crianças seja toda feita de humildade no coração e de sinceridade na ação.
Senhor, obrigado por nos dar todos os dias a esperança e a coragem para seguirmos em frente, mesmo sabendo que há inimigos encarnados e desencarnados tentando nos derrubar e nos desviar da prática da caridade.
Obrigado por enxugar nossas lágrimas com o teu amor e tua misericórdia, fazendo-nos mais fervorosos no poder da fé que cura dores físicas, morais e espirituais.
Senhor, obrigado por ouvir a nossa oração feita de coração. Porque orar é crer infinitamente na Luz Divina, é aprender a estreitar os laços fluídicos com os Espíritos Superiores que guiam nossos passos na senda do bem, fortalecendo o amor ao próximo, a alegria em cada dia quando estendemos nossas mãos para as crianças que nos pedem por caridade para sermos pai, mãe, irmão, irmã, amigo, amiga, simplesmente uma pessoa para amá-las e guiá-las na vida.
Senhor, obrigado por nos ensinar a saudar a nossa escola de vida – nossos irmãos de jornada.


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