É necessário termos o maior cuidado em nossos
julgamentos, porque somos naturalmente propensos a praticar injustiças, pela
simples razão de que nos deixamos guiar, sem que o saibamos, mais pelas nossas
afeições do que dominar os nossos ímpetos e organizar um sólido julgamento dos
nossos semelhantes.
Quando estamos afeiçoados a alguém, é muito natural que
seus atos sejam classificados pelo aspecto mais positivo e nobre. Quando porém,
rompem-se essa afeição, nosso julgamento
atualiza o que havíamos virtualizado: o lado mau ressalta poderosamente e
torna-se mais forte e mais evidente em quem não devotamos mais as nossas
afeições. Quando se quer bem a uma pessoa, julgamo-la altiva, certos gestos
enérgicos e decididos são para nós varonilidade, uma viril arrogância. Mas quando
ela perde a nossa afeição, aquela altivez já não é mais altivez, mas vaidade,
mera vaidade, aquela varonilidade passa a ser arrogância e frio orgulho, a
delicadeza é, então, fingidez; enfim, tudo quanto era positivo no seu caráter
passa a ser negativo. É óbvio que tal maneira de julgar não é justa. E não é
justa porque apreciamos o que antes virtualizávamos.
Como tal modo de proceder é comum, nunca seremos
suficientemente cautos em nossas apreciações, quando julgamos negativas as
qualidades que antes julgávamos positivas. Desta forma, temos aqui uma regra
agora que nos poderá ser imensamente prática: Quando gostamos de alguém
julgamos elogiáveis as suas atitudes, e passamos posteriormente a julga-las
negativamente, é que alguma coisa houve entre nós e essa pessoa, que nos levou
à quebra de nossa afeição. E se examinarmos melhor, veremos que o que levou a
essa quebra de afeição cabe mais a nós do que poderíamos pensar.
É sempre um mau julgador aquele que só vê os aspectos
negativos de uma pessoa, porque, na verdade, o “diabo não é tão mau como se
pinta”. Não há maus perfeitos, e quando só vemos numa pessoa defeitos, e todas
as suas qualidades são por nós interpretadas negativamente, devemos nos colocar
de sobreaviso e examinar as nossas apreciações e a nós mesmos, para evitarmos
as injustiças, que tantas vezes fazemos. É que alguma coisa virtualizamos,
escamoteamos, ou, então, torcemos, desviamos, para satisfazer, consciente ou
inconscientemente, a nossa má vontade, disposição agressiva ou desafetiva, que
nos provoca essa pessoa. Em suma, precisamos ser equânimes em nosso julgamento. E quando nos cegamos por
um sentimento forte, não somos justos, como não é justo o enamorado que só vê
virtudes na pessoa amada.
Por outro lado, não devemos considerar como “perdido”
quem quer que seja. Nunca, nem entre os maiores criminosos, a predominância das
más qualidades é total. Há sempre um resquício humano, uma pequena chama de
qualidade positiva que pode ser despertada.
Em nossa vida, conhecemos inúmeros casos dessa espécie, e
cada um pode testemunhar muitos exemplos. Para despertar o que há de bom nas
pessoas e por meio desse bom sentimento consolidar uma vida futura, eis uma das
tarefas mais difíceis, como também das mais nobres.
Não é fácil dar regras especiais, porque os casos são tão
diversos, há tamanha variedade nos sentimentos, que as regras gerais pecam pela
sua extensão exagerada e pela fraqueza de seu conteúdo.
Assim é preciso colocar o caso em suas condições reais. Uma
das primeiras atitudes é a compreensão simpática, isto é, sentir com a pessoa,
procurar viver a sua falta sem uma atitude agressiva e punitiva. Recebê-la
sempre como algo que acontece, mas que é remediável.
Depois de conquistar certa confiança, e essa confiança
nasce quando a outra pessoa se convenceu de uma simpatia sincera que lhe é
devotada, então meio caminho já foi andado. A sinceridade de nossa atuação é
uma arma poderosa. Se para tanto houver cálculo, manejamento de atitudes falsamente simpáticas,
podem estar certos que malograremos. A simpatia sincera irradia uma força que
não sabemos ainda aquilatar e para a qual temos sentidos que ainda não conhecemos.
Há pessoa que conquistam facilmente a confiança de
outras, mas essas pessoas quase sempre a merecem.
*
Se ouvimos a Palavra do Cristo dentro de nós, mas não a
colocamos em prática, é sinal de que o nosso coração ainda não assimilou nada. Escuta
e prática andam sempre juntas. Escute e
veja o que você faz, e você vai ver que há ação de Deus ali.
*
Se você se aflige temendo infortúnios, é porque não
acredita no amor de Deus.
*
Servir de exemplo também dá uma energia para seguir fazendo
a coisa certa.
*
Anda o ser humano tão solitário que em todas as coisas
busca o Cristo no mundo interior.
*
O esquecimento do passado é bênção concedida perante a
Lei Divina. No entanto, o ser humano é atingido por grande tristeza, desânimo,
pressentindo o sofrimento reparador durante a existência e, dessa forma, atrai
o espírito desencarnado que se considera na condição de vítima, ou não,
enveredando no caminho da anormalidade, perda de controle e loucura.
*
Quando o homem tolera a si mesmo, graças a uma profunda
paz de consciência, todas as coisas e pessoas do mundo são toleráveis, não se
tolera a si mesmo, nada lhe é tolerável.
*
A paz nasce de uma profunda sabedoria, do conhecimento da
verdade sobre si mesmo.
Quem conhece essa verdade é livre de todo ódio, tristeza,
rancor, sendo de perda e frustração.
*
O perdão exige coragem e determinação. Cave fundo e você
encontrará a força de que necessita.
*
Procuro no silêncio interior ouvir a voz do Cristo
amavelmente dizendo: “não te preocupes... conheço as tuas necessidades”. Isto é programa de um futuro alicerçado sobre
o Amor do Senhor.
*
“A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é
invejosa, não trata com leviandade”. Paulo de Tarso (I Coríntios, 13:4)
Quem dá para mostrar-se é vaidoso.
Quem dá para torcer o pensamento dos outros, dobrando-os
aos pontos de vista que lhe são peculiares, é tirano.
Quem dá para livrar-se do sofredor é displicente.
Quem dá para exibir títulos efêmeros é tolo.
Quem dá para humilhar é companheiro das obras malignas.
Quem dá para sondar a extensão do mal é desconfiado.
Quem dá para afrontar a posição dos outros é soberbo.
Quem dá para situar o nome na galeria dos benfeitores e
dos santos é invejoso.
Quem dá para prender o próximo e explorá-lo é delinquente
potencial.
Em todas essas situações, na maioria dos casos, quem dá
se revela um tanto melhor que todo aquele que não dá de mente cristalizada na
indiferença ou na secura; todavia, para aquele que dá, irradiando o amor
silencioso, sem propósitos de recompensa e sem mescla de personalismo inferior,
reserva o Plano Maior o título de irmão.
***
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” POR LUÍZA CONY
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