segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O DRAMA DA VIDA NÃO PODE CONSTAR DE UM SÓ ATO


A onda da vida que rola suas águas através das idades para chegar ao ser humano, e que, em seu curso, é dirigida pela Lei grandiosa da Evolução, pode ir terminar na imobilidade? Por toda parte – na Natureza e na História – está escrito o princípio do Progresso. Todo movimento que ele imprime ás forças em ação no nosso Mundo vai ter ao Homem.
Pode, pois, pretender-se que a parte essencial do homem, o se “EU”, a sua consciência, escape à Lei de continuidade e progressão?
Não! A lógica, sem falar dos fatos, demonstra que a nossa existência não pode ser única.
É-lhe indispensável uma continuação, um prolongamento, pelos quais se explicam e esclarecem as incoerências aparentes e as obscuridades do presente; requer um encadeamento de existências solidárias uma das outras, realçando o plano e a economia que presidem aos destinos dos seres humanos.
A saída de cada vida terrestre a alma colhe o fruto das experiências adquiridas; aplica as suas forças e faculdades ao exame da vida íntima e subjetiva; procede ao inventário da sua obra terrestre, assimila as partes úteis e rejeita o elemento estéril.
É a primeira ocupação na outra vida, o trabalho por excelência de recapitulação e análise. O recolhimento entre os períodos de atividade terrestre é necessário, e todo ser que ergue a vida normal dele recebe, a seu turno, os benefícios.
Dizemos recolhimento porque, na realidade, o Espírito, no estado livre, ignora o descanso; a atividade é sua própria natureza. Essa atividade não é visível no sono? Só os órgãos materiais de transmissão sentem fadiga e pouco a pouco, correm perigo. Na vida no Espaço são desconhecidos esses obstáculos; o Espírito pode consagrar-se, sem incômodo e sem coração, até a hora da reencarnação, às missões que lhe cabem.
O regresso à vida terrestre é para o Espírito como que um rejuvenescimento. Em cada renascimento a alma reconstitui para si uma espécie de virgindade. O esquecimento do passado, torna a fazer dela um ser novo, que repete a ascensão vital com mais ardor. Cada vida realiza um progresso, cada progresso aumenta o poder da alma e aproxima-a do estado de plenitude.
Esta Lei mostra a vida eterna em sua amplitude. Todos nós temos um ideal a realizar – a BELEZA SUPREMA e a SUPREMA FELICIDADE.  Encaminhando-nos para este ideal com mais ou menos rapidez segundo a impulsão dos nossos ímpetos e a intensidade dos nossos desejos. Não existe nenhuma predestinação; nossa vontade e a nossa consciência, reflexo vivo da Norma Universal, são nossos árbitros.
Cada existência humana estabelece as condições do que se há de seguir. Seu conjunto a plenitude do destino, isto é, a comunhão como infinito.
Muitas pessoas já me perguntaram muitas vezes: - “Como podem a expiação e o resgate das faltas ser meritórios e fecundos para o Espírito reencarnado, se este, esquecido e inconsciente das causas que o oprimem, ignora atualmente o fim e a razão de ser de suas provações?”.
O sofrimento não é forçosamente uma expiação. Toda a Natureza sofre; Tudo o que vive, a plantas, o animal e o ser humano, está sujeito à dor. O sofrimento é, principalmente, um meio de evolução, de educação; mas, no caso em questão, é preciso lembrar que se deve estabelecer distinção entre a inconsciência atual e a consciência virtual do destino no Espírito Reencarnado.
Quando o Espírito compreende, à luz intensa do além, que lhe é absolutamente necessária uma vida de provações para apagar os lamentáveis resultados de suas existências anteriores, esse mesmo Espírito, num movimento de plena inteligência e plena liberdade, escolhe ou aceita espontaneamente a reencarnação futura com todas as consequências que ela acarreta, ai compreendido o esquecimento do passado, que se segue ao ato da reencarnação. Esta vista inicial, clara e completa, do seu destino no momento preciso em que o Espírito aceita o renascimento, basta amplamente para estabelecer a consciência, a responsabilidade e o mérito essa nova vida. Dela conserva ele neste Mundo a intuição velada, o instinto adormecido, que a menor reminiscência, o menor sonho bastam para acordar e fazer reviver.
É por esse laço invisível, mas real e possante, que a vida atual se liga à vida anterior do mesmo ser e constitui a unidade moral e a lógica implacável de seu destino. Se já o demonstramos, não nos lembramos do passado; é porque a maioria das vezes, nada fazemos para despertar as recordações adormecidas; mas, a ordem das coisas não deixa por isso de subsistir, nenhum elo da cadeia magnética do destino se destruiu e, ainda menos, se quebrou.
O homem de idade avançada não se lembra do que fez na infância. Deixa por isso de ser a criancinha de outrora e de lhe realizar as promessas? O grande artista cede ao cansaço e adormece, não retém durante o sono o plano virtual, a visão íntima da obra que vai prosseguir, que vai continuar, assim que acordar? Acontece o mesmo com o nosso destino, que é uma luta constante entrecortada. Muitas vezes, em seu curso, por sonos, que são, na realidade, atividades de formas diferentes, abrilhantadas, por sonhos de luz e beleza.
A vida do ser humano é um drama lógico e harmonioso, cujas cenas e decorações mudam, variam ao infinito, mas não se separam nunca, um só instante da unidade do objetivo nem da harmonia do conjunto. Só quando voltarmos para o mundo invisível é que compreenderemos o valor de cada cena, o encadeamento dos atos, a incomparável harmonia do todo em suas ligações com a VIDA e a UNIDADE UNIVERSAIS.
Meu amigo, minha amiga – Sigamos, pois, com fé e confiança, a linha traçada pela mão infalível do CRIADOR.
Dirijamo-nos aos nossos fins, como os rios se dirigem para o mar – fecundando a Terra e refletindo o céu.
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY


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