A onda da vida que rola suas águas através das idades
para chegar ao ser humano, e que, em seu curso, é dirigida pela Lei grandiosa
da Evolução, pode ir terminar na imobilidade? Por toda parte – na Natureza e na
História – está escrito o princípio do Progresso. Todo movimento que ele
imprime ás forças em ação no nosso Mundo vai ter ao Homem.
Pode, pois, pretender-se que a parte essencial do homem,
o se “EU”, a sua consciência, escape à Lei de continuidade e progressão?
Não! A lógica, sem falar dos fatos, demonstra que a nossa
existência não pode ser única.
É-lhe indispensável uma continuação, um prolongamento,
pelos quais se explicam e esclarecem as incoerências aparentes e as
obscuridades do presente; requer um encadeamento de existências solidárias uma
das outras, realçando o plano e a economia que presidem aos destinos dos seres
humanos.
A saída de cada vida terrestre a alma colhe o fruto das
experiências adquiridas; aplica as suas forças e faculdades ao exame da vida
íntima e subjetiva; procede ao inventário da sua obra terrestre, assimila as
partes úteis e rejeita o elemento estéril.
É a primeira ocupação na outra vida, o trabalho por
excelência de recapitulação e análise. O recolhimento entre os períodos de
atividade terrestre é necessário, e todo ser que ergue a vida normal dele recebe,
a seu turno, os benefícios.
Dizemos recolhimento porque, na realidade, o Espírito, no
estado livre, ignora o descanso; a atividade é sua própria natureza. Essa
atividade não é visível no sono? Só os órgãos materiais de transmissão sentem
fadiga e pouco a pouco, correm perigo. Na vida no Espaço são desconhecidos
esses obstáculos; o Espírito pode consagrar-se, sem incômodo e sem coração, até
a hora da reencarnação, às missões que lhe cabem.
O regresso à vida terrestre é para o Espírito como que um
rejuvenescimento. Em cada renascimento a alma reconstitui para si uma espécie
de virgindade. O esquecimento do passado, torna a fazer dela um ser novo, que
repete a ascensão vital com mais ardor. Cada vida realiza um progresso, cada
progresso aumenta o poder da alma e aproxima-a do estado de plenitude.
Esta Lei mostra a vida eterna em sua amplitude. Todos nós
temos um ideal a realizar – a BELEZA SUPREMA e a SUPREMA FELICIDADE. Encaminhando-nos para este ideal com mais ou
menos rapidez segundo a impulsão dos nossos ímpetos e a intensidade dos nossos
desejos. Não existe nenhuma predestinação; nossa vontade e a nossa consciência,
reflexo vivo da Norma Universal, são nossos árbitros.
Cada existência humana estabelece as condições do que se
há de seguir. Seu conjunto a plenitude do destino, isto é, a comunhão como
infinito.
Muitas pessoas já me perguntaram muitas vezes: - “Como podem
a expiação e o resgate das faltas ser meritórios e fecundos para o Espírito
reencarnado, se este, esquecido e inconsciente das causas que o oprimem, ignora
atualmente o fim e a razão de ser de suas provações?”.
O sofrimento não é forçosamente uma expiação. Toda a
Natureza sofre; Tudo o que vive, a plantas, o animal e o ser humano, está
sujeito à dor. O sofrimento é, principalmente, um meio de evolução, de
educação; mas, no caso em questão, é preciso lembrar que se deve estabelecer
distinção entre a inconsciência atual e a consciência virtual do destino no Espírito
Reencarnado.
Quando o Espírito compreende, à luz intensa do além, que
lhe é absolutamente necessária uma vida de provações para apagar os lamentáveis
resultados de suas existências anteriores, esse mesmo Espírito, num movimento
de plena inteligência e plena liberdade, escolhe ou aceita espontaneamente a
reencarnação futura com todas as consequências que ela acarreta, ai
compreendido o esquecimento do passado, que se segue ao ato da reencarnação.
Esta vista inicial, clara e completa, do seu destino no momento preciso em que
o Espírito aceita o renascimento, basta amplamente para estabelecer a
consciência, a responsabilidade e o mérito essa nova vida. Dela conserva ele
neste Mundo a intuição velada, o instinto adormecido, que a menor
reminiscência, o menor sonho bastam para acordar e fazer reviver.
É por esse laço invisível, mas real e possante, que a
vida atual se liga à vida anterior do mesmo ser e constitui a unidade moral e a
lógica implacável de seu destino. Se já o demonstramos, não nos lembramos do passado;
é porque a maioria das vezes, nada fazemos para despertar as recordações
adormecidas; mas, a ordem das coisas não deixa por isso de subsistir, nenhum
elo da cadeia magnética do destino se destruiu e, ainda menos, se quebrou.
O homem de idade avançada não se lembra do que fez na
infância. Deixa por isso de ser a criancinha de outrora e de lhe realizar as
promessas? O grande artista cede ao cansaço e adormece, não retém durante o
sono o plano virtual, a visão íntima da obra que vai prosseguir, que vai
continuar, assim que acordar? Acontece o mesmo com o nosso destino, que é uma
luta constante entrecortada. Muitas vezes, em seu curso, por sonos, que são, na
realidade, atividades de formas diferentes, abrilhantadas, por sonhos de luz e
beleza.
A vida do ser humano é um drama lógico e harmonioso,
cujas cenas e decorações mudam, variam ao infinito, mas não se separam nunca,
um só instante da unidade do objetivo nem da harmonia do conjunto. Só quando
voltarmos para o mundo invisível é que compreenderemos o valor de cada cena, o
encadeamento dos atos, a incomparável harmonia do todo em suas ligações com a
VIDA e a UNIDADE UNIVERSAIS.
Meu amigo, minha amiga – Sigamos, pois, com fé e
confiança, a linha traçada pela mão infalível do CRIADOR.
Dirijamo-nos aos nossos fins, como os rios se dirigem
para o mar – fecundando a Terra e refletindo o céu.
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY
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