segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O HOMEM É LIVRE

Os gênios, enviados do ALTO, brilham como faróis na escuridão da noite. Sem remontarmos a mais alta antiguidade, sem falarmos dos HERMES, dos BUDAS, dos ZOROASTROS, dos KRISHNAS, desde aurora dos tempos cristãos vimos erguer-se a estatura enorme dos profetas, gigantes que avultam também na História. Foram eles, com efeito, que prepararam as vidas do Cristianismo, a religião dominadora, de onde faz nascer na evolução dos tempos, a FRATERNIDADE UNIVERSAL.
O Plano da História desenrola-se em suas linhas formidáveis. Deus envia à Humanidade seus Messias, seus novos reveladores, visíveis e invisíveis, os guias, os educadores de todas as ordens; mas o homem, na liberdade de seus pensamentos, de sua consciência, escuta-os ou desatende-os. O Homem é livre; as incoerências sociais são obra sua. Ele lança a sua nota confusa no comércio universal, mas, essa nota discordante nem sempre consegue dominar a harmonia dos séculos.
Vemos, então, o Cristo, o homem de dor, o homem de amor, cujo pensamento irradia, como beleza imperecível, o Drama do Gólgota, a ruina de Jerusalém, a dispersão dos Judeus. E eis que, após muitas vicissitudes, lutas e dilacerações, a despeito das perseguições religiosas, das tiranias civis e das inquisições, o pensamento se emancipa. O problema da vida que, com as concepções de uma Igreja que se torna fanática e cega, continuava impenetrável, esclarece-se de novo, então reaparece a Grande Lei. O mundo renasce para a vida do Espírito. A existência humana deixa de ser um escuro beco sem saída para se transformar em estrada largamente aberta para o futuro.
A História é um grande ensinamento, podemos ler em suas profundezas a ação de uma lei poderosa. Através da sucessão dos acontecimentos, sentimos, por vezes, perpassar como que um sopro sobre humano; no meio da noite dos séculos vemos luzirem, por um instante, como relâmpagos, as radiações de um pensamento eterno. Para os povos, como para os indivíduos, há uma justiça, no que diz respeito aos povos, podemos seguir-lhe a marcha silenciosa. Podemos vê-la muitas vezes manifestar-se através do encadeamento dos fatos. Não acontece o mesmo com relação ao indivíduo. Nem sempre ela é visível. Não se pode seguir a marcha quando sua ação, em vez de ser imediata, se exerce a longo prazo.
A reencarnação, o regresso ao corpo físico, o escuro invólucro da matéria que cai sobre a alma e produz o esquecimento, encobrem-nos a sucessão dos efeitos e das causas; mas, como vimos, particularmente, nos fenômenos do transe, desde que podemos erguer o véu estendido sobre o passado e ler o que está gravado no fundo do ser humano, então, na adversidade que o fere, nas grandes dores, nos reveses, nas aflições pungentes, somos obrigados a reconhecer a ação de uma ação anterior, de uma causa moral e a nos inclinarmos ante a majestade das Leis que presidem aos destinos das almas, das sociedades e dos mundos.
Assim como a Natureza se renova sem cessar em suas ressurreições, desde as metamorfoses dos insetos até o nascimento e a morte dos mundos, assim também as coletividades humanas nascem, desenvolvem-se e morrem senão para renascer e crescer em perfeições, em instituições, artes e ciências, cultos e doutrinas.
Nas horas de crises e desvario, surgem enviados que vêm restabelecer as verdades obscurecidas e encaminhar a Humanidade. E, não obstante a emigração das melhores almas humanas para as esferas superiores, as civilizações terrestres vão-se regenerando e as sociedades evoluem. A respeito dos males inerentes ao nosso Planeta, a respeito das múltiplas necessidades que nos oprimem, o testemunho dos séculos diz-nos que, em sua ascensão secular, as inteligências apuram-se, os corações tornam-se mais sensíveis, a humanidade, no seu conjunto, sobe devagar; a contar de hoje ela aspira à Paz na Solidariedade.
Em cada renascimento retorna o indivíduo à massa; a alma, reencarnando, toma nova máscara; as respectivas personalidades anteriores apagam-se temporariamente. Reconhecem-se, entretanto, através dos séculos, certas grandes figuras do passado; torna-se a encontrar KRISHNA no CRISTO e, em ordem menos elevada, César em Napoleão.
Nem os problemas da vida individual, nem os da vida social se explicam sem a Lei dos renascimentos; todo o mistério do ser se resume nela! É dela que nosso passado recebe sua luz e o futuro sua grandeza; nossa personalidade amplifica-se inesperadamente.
O passado, o futuro e toda a História tomarão aos nossos olhos um novo aspecto, um interesse profundo. Aumentará nossa admiração á vista de tão magníficos destinos. As leis Divinas parecer-nos-ão maiores, mais sublimes, e a própria vida tornar-se-á bela e desejável apesar de suas provas, de seus males.
As leis da Natureza e da História completam-se e afirmam na sua unidade imponente. Uma lei circular preside à evolução dos seres e das coisas, rege a marcha dos séculos e das humanidades. Cada destino gravita num círculo imenso, cada vida descreve uma órbita. Toda ascensão humana divide-se em ciclos, em espirais que se vão amplificando, de modo  a tomar um sentido cada vez mais Universal.
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A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUIZA CONY

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