Dante, no “Inferno”,
estudou a ação específica corretiva das trajetórias erradas, caso por caso, a
elas opondo a revirada para a correção da posição negativa ocasionada pela
culpa. Cada pecado é um caso de
negatividade, eliminada pela reabsorção na positividade, conquistada por meio
da dor. Por isso, a dor é um instrumento de libertação. A Lei de deus usa o
método da dor para fazer o pecador compreender o seu erro, a fim de que não o
repita.
Isso é
necessário porque quem está em posição negativa não se apercebe, pelo fato de
ver com forma mental negativa, o que lhe impede uma correta visão das coisas. Ele
é o seu próprio ponto de referência e baseando-se numa correspondente visão
distorcida, acredita estar com a verdade tendo direito a satisfazer-se, a seu
modo negativamente. Então, choca-se com a Lei.
A reação
desta é para eliminar a negatividade, e com a dor incluída em tal operação,
salvar.
Por isso,
quem é negativo, fatalmente provoca, por si, a reação corretiva de sua
negatividade, funcionando automaticamente o processo de sua libertação.
Compreendendo
esse mecanismo, dentro do qual funciona a vida do indivíduo, que conduta deverá
ele ter para alcançar com o menor dano e maior vantagem possível, o caminho da
evolução libertadora para sua salvação imposta pela vida? Dado que ninguém pode
fugir a esse dever, pois é para seu bem, o indivíduo inteligente, como é
natural, procura cumpri-lo, pelo modo mais conveniente e lucrativo. Isso é o
que queremos aqui explicar.
Trata-se de
saber executar este trabalho eliminando o mais possível a dor e conquistando o
máximo de felicidade. A dor cumpre uma função muito importante em nossa
evolução. Ela é a campainha de alarme que nos adverte onde está o erro, isto é,
a negatividade, que é necessário corrigir. Ela tem a finalidade defensiva,
portanto, salutar, porque toda negatividade é uma ameaça contra a vida. Mesmo quando
nos faz sofrer, ela nos protege e é para proteger-nos que nos faz sofrer. Se o
fogo não queimasse não seria evitado, mesmo quando nos matasse.
Dessa forma,
a vida consegue manter-nos na ordem, fixando os limites ao gozo que provém do
uso das coisas. Se nos excedemos, como somos levados a acreditar que,
aumentando a dose, obtêm-se o aumento de prazer, acontece o contrário:
encontramos a sua diminuição, até tornar-se sofrimento. Com este procedimento,
a vida nos avisa do erro, forçando-nos a corrigi-lo. Eis que a dor representa
um sistema defensivo, usado pela vida para nos proteger contra o mal, a nós prejudicial.
É ainda um aspecto da sabedoria e bondade da vida, exatamente onde parece mais
difícil vê-la.
Este é o
rendimento útil da dor. Mas de onde deriva a sensação dolorosa? Que fato a
produz? O que a produz é o fato de se tratar de uma operação cirúrgica de
correção necessária da trajetória executada em direção errada por um feixe de
forças, que não tencionam ceder a mudar de direção.
A negatividade,
lançada como tal, que permanecer como é, como faz o câncer, continuando a desenvolver-se.
Chega-se a sua diminuição ou eliminação, atacando-se sua vitalidade, ainda que
negativa, significando andar em direção à morte.
A dor
resulta da asfixia provocada por este tipo de vida. De fato, a negatividade
busca o prazer no aumento de si mesma, isto é, do erro e do vício. Esta, porém,
é uma vitalidade invertida, que leva à morte; é prazer doentio que leva à dor. Então,
a vida deve corrigir com a dor este prazer doentio, para salvar o indivíduo,
levando-o ao gozo verdadeiro, que é somente o positivo, segundo a ordem da Lei
de Deus. Eis como dois elementos opostos do bem e do mal universal
entrelaçam-se em um jogo de compensações. Em vista disso, vejamos como o
indivíduo deve comportar-se dentro desse mecanismo para evitar a dor o mais
possível e vice-versa. Eis como poderemos nos comportar logicamente.
O primeiro
passo consiste em individualizar, com um severo exame de auto psicanálise, os
pontos de negatividade da própria personalidade, sem se deixar enganar pelo
astuto subconsciente que procura escondê-los. Nessa operação, é necessário
procurar ver e julgar, não com a visão distorcida da negatividade, mas com a
correta, da positividade.
Infelizmente,
fazer esse exame não é coisa fácil, porque pressupõe qualidades introspectivas
e uma certa maturidade psicológica, razão pela qual o momento de correção e
salvação, frequentemente não pode ser iniciado. Por isso, a vida, não podendo
por imaturidade do indivíduo usar o método inteligente da compreensão, nem
podendo renunciar à salvação dessa pessoa, é obrigada a usar, com esta
finalidade, o duro método da provação que nada mais é do que situação aflitiva,
penosa.
O segundo
passo consiste em preparar-se para executar, espontaneamente, a operação
dolorosa de correção da trajetória errada, se esperar a intervenção enérgica
por parte da Lei de Deus, que é tanto mais dolorosa quanto maior a força
imposta, devido à rebeldia do indivíduo. Trata-se de trabalhar de acordo com a
Lei, secundando lhe a ação corretiva, em vez de resistir-lhe.
É necessário
compreender que a Lei nos protege e que é de nosso interesse segui-la, sendo
nosso prejuízo resistir-lhe, porque ela não nos constrange a fazer à força o
que poderíamos fazer pacificamente, obedecendo-lhe. É necessário compreender
que, se não a seguimos, arruinamo-nos. Para não acontecer isso, ela nos
constrange.
Nisso, um
cérebro de tipo negativo, exatamente por ser assim, pode ver maldade e
vingança.
Perguntamos:
é mau cirurgião que nos opera para nos salvar, nos dando vida e saúde? É exatamente
porque o indivíduo está doente de negatividade, não compreende a bondade do
cirurgião, resistindo-lhe. Este, sabendo que a operação é necessária para
salvar o doente, amarra-o ao leito e opera-o à força deixando-o gritar, mas
salvando-o.
Com um ser
que não quer se salvar, mas a Lei Divina quer salva-lo, que pode fazer esta
senão salvá-lo à força?
Com o
sistema de compreensão do problema e espontânea adesão à Lei, consegue-se o
resultado de correção com muito menos trabalho. O esforço evolutivo, então, dá
muito maior rendimento. Não somos mais penitentes encarcerados, mas seres
livres e conscientes, colaboradores da Lei de Deus. Este sistema de
autodirigir-se, vivendo uma vida planejada por si mesmo, seguindo a Lei com
conhecimento, leva a percorrer, como menos fadiga, o caminho da evolução. Sistema
inteligente que será seguido pelo ser humano evoluído do futuro.
Assim esperamos
que esse futuro ocorra de modo sensivelmente amoroso, fervoroso, para que o
Espírito encarnado consiga vencer mais inteligentemente, neste século XXI de
grandes transformações.
***
A “SENTINELA
DA EVOLUÇÃO HUMANA” POR LUÍZA CONY
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