O exame de consciência é uma constatação de fato do que
somos, sendo uma análise inicial para tomar conhecimento das nossas qualidades,
com o objetivo de prever as consequências que dai derivam: a direção em que
lançaremos as forças de um acontecimento, a trajetória que seguirão e o ponto
de chegada.
Trata-se de um exame preventivo para tomar conhecimento das
causas que, segundo sua natureza, o nosso EU nos leva a movimentar na fase
inicial de um acontecimento, permitindo a previsão de seu desenvolvimento como
consequência dessas causas, até o resultado final com o qual o fato se conclui.
A finalidade deste exame, pois, é saber, dado o que
colocamos em evidência, como dirigir e corrigir o fenômeno em fase de
desenvolvimento, para leva-lo a bom termo.
Diferentemente do exame de consciência comum; neste não
interessam as apreciações sobre o valor das próprias qualidades, o que leva a estabelecer uma comparação com os outros
indivíduos, tomados como modelo. O julgar não serve para quem usa a técnica da
intervenção.
É necessário, ao contrário, olhar somente para si mesmo,
porque é só o próprio EU que entra em ação durante o desenvolvimento do caso. O
objetivo do exame é estabelecer uma trajetória justa e não vencer o próximo em
competição de virtudes.
Dir-se-á: “Devemos, no entanto, examinar também as nossas
boas qualidades”. Sim, mas com este exame de consciência procuramos não as
virtudes, mas os defeitos. Porque são estes que nos levam a cometer erros,
originando o sofrimento com o qual devemos pagá-los, enquanto o trabalho que
querermos fazer é antes o de saber evitar os erros e os sofrimentos. Daí se
conclui que julgar os outros nos levaria para fora do caminho.
Se possuímos boas qualidades, ninguém pode impedir que
produzam bons frutos. Mas, não devemos
lutar por isto, porque será automático, enquanto a nossa luta deslocar-se para
o lado dos defeitos, que acarretam erros, causadores das nossas dores. A finalidade
da técnica da intervenção é exatamente evitar dores, sendo o problema que nos
interessa e, por isso, o estamos examinando.
Dir-se-á ainda: “Em julgamento de si mesmo, no entanto, deve
existir e cada um deve possuí-lo.” Mas quem o faz? A Lei de Deus o faz e o homem o vê escrito no
resultado que ELA o conduz. O exame é o ponto inicial, o julgamento o ponto
final. A Lei de Deus fala com fatos e o seu julgamento será a posição boa ou
má, na qual o indivíduo se encontrará no fim da experiência.
O julgamento é evidente e se processa segundo os métodos da
Lei Divina, pelos quais cada erro é pago com o próprio dano no campo moral. A Lei
de Deus age do mesmo modo porque é a mesma em todos os campos.
Terminado o exame de consciência, ponto por ponto, veremos
que entre todos os defeitos há um dominante que define o tipo de cada
indivíduo. Pode ser o avarento, o sensual, o egoísta, o dilapidador, o
violento, o hipócrita, etc. Cada um destes tipos é exposto aos perigos ligados
ao seu defeito. Eis a necessidade de que se coloque em guarda, pondo-o bem no
foco e vigiando-o, para não leva-lo a cometer os erros correspondentes.
Devido ao seu tipo, é natural que cada um tente a lançar a
trajetória de sua vida ao longo de uma rota assinalada por excessos, naquela
direção, e cometa, à vista, erros daquele gênero.
Esta é a razão pela qual os indivíduos têm necessidade de se
controlar, especialmente nos seus pontos fracos, perigosos para eles. Dai a
necessidade de não entrar nesses caminhos, não se lançando por essas rotas,
mesmo que sejam as mais atrativas. O desastre com o qual elas terminam não é
necessário experimentá-lo pessoalmente, porque se pode constatá-lo nos outros,
a cada dia, observando quais são as consequências dos atos positivos e
negativos. Controlar-se, então, em primeiro lugar, para se expor no ponto que for mais vulnerável.
Parece um calcanhar de Aquiles que atrai as maiores
dificuldades. Por que exatamente naquele ponto? Porque é ali que, levados pelo
impulso imoderado, o ser se excede, vai contra a Lei de Deus, erra e deve
pagar. Trata-se de um desequilíbrio que atrai, como força corretiva, a dor.
Se naquele ponto se localiza o maior perigo, é necessária
toda a atenção para contê-lo, dominá-lo, enfim, submetê-lo à disciplina da
razão. Assim, o violento deve conter sua agressividade, o sensual deve
frear-se, o avarento deve ser generoso, etc., porque reduzindo os próprios
impulsos aos limites do normal, quando se excede, está pronto a receber o golpe
corretivo.
O exame corretivo prolonga-se por toda a vida, devendo-se
observar frente a qualquer circunstância. A cada ato deve se perguntar: - “Por
que o fiz?” E, então, examinar qual é a verdadeira natureza dos impulsos que o
fizeram mover. É necessário buscar, por a nu o subconsciente que se esconde e
nos engana para satisfazer-se.
Estamos em um campo de forças negativas, feitas de traição. É
delas que nos devemos defender, não das positivas. Assim, se fulano não é
ladrão, isso não lhe merece atenção, porque ele não o é. Ele sabe e isso basta.
A oportunidade de sê-lo não lhe é perigosa e nem o atinge. Pode ser, porém,
muito mais perigoso para ele um defeito que tenha.
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É preciso entender que o exame de consciência, que se faz
diante da Lei de Deus, é diferente do
que se faz diante das Leis Humanas. Estas
golpeiam quando o indivíduo executou o delito. A Lei de Deus golpeia também
mesmo que não tenha passado de pensamento ou desejo, porque, com isso,
demonstrou-se capaz de fazê-lo, ainda que não o tenha realizado porque os fatos
o impediram.
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A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” POR LUÍZA CONY