Quando desejamos enveredar definitivamente pelos caminhos
certos, se já recebemos em grande quantidade a revelação espiritual,
permite-nos o Senhor conhecer os erros do passado. Isto, porém, só é permitido àqueles
que, tendo recebido em doses muito grandes a Benevolência do Eterno Pai, têm
elementos para sentir Lhe a Generosidade e resistir ao sentimento de culpa,
neutralizando seus efeitos deprimentes com a certeza, evidente aos olhos do
aprendiz, de que não existe culpa capaz de ultrapassar a Benevolência com que o
Senhor o envolve. Para isso terá que meditar profundamente e com a frequência possível,
sobre a extensão das Bênçãos que recebe e, estudando os erros que carrega
consigo, concluir pela vitória do bem em sua vida, já que o Senhor o ampara e a
todos os homens culpados com a mesma dedicação de Pai Carinhoso.
Precisará resistir ao convite que lhe fazem as trevas para
que desanime descrendo da Benevolência do Pai em relação a si mesmo. Que se
rejubile com a contemplação majestosa do amparo recebido, tendo em vista as
dividas que possui diante da Lei de Deus.
Deverá elevar constantemente o pensamento ao Senhor da vida
dizendo:
- “Pai Misericordioso, maior surge Tua grandeza diante de
meus olhos agora que vejo quão generoso é o Teu cuidado carinhoso para comigo.
À proporção que identifico minhas culpas sinto-me fortalecido numa Fé robusta
na vitória, pois intensificaste o amparo em torno de mim, que mergulhei na
incompreensão de Teus desígnios e, mesmo sem eu perceber, desceste Tua
Misericórdia a socorrer-me.
Sinto que, embora não me pudessem demover da incompreensão,
os Espíritos Guardiões continuam a amar-me em TEU SANTO NOME. Elevo meu
pensamento para glorificar-Te em Tua Sabedoria e não serei feliz pelo
conhecimento de minhas culpas. Ao contrário, tenho agora elementos para julgar
com mais acerto a Tua Benevolência e assim sentir-me solidamente amparado por
TEU AMOR sem limites.
Sei que a consciência de meus erros representa o atestado de
minha maioridade espiritual. Que TU me chamas como o PAI que convoca seu filho
na idade da compreensão e examina com ele pacientemente o panorama de suas
ações, contando com sua colaboração consciente na solução dos problemas e
oferecendo-lhe ao mesmo tempo o amparo de sua mão segura e experiente. Sabes
que podes despertar a compreensão com o intuito de evitar novas quedas e
amorosamente me reavivas a memória dos erros que não me invalidaram para
receber o TEU AMPARO”.
No trabalho de recordação do passado, há necessidade de
desenvolver um sentimento de humildade tão grande que permita a visão da
realidade sem revolta, sintoma de amor próprio a impedir o aproveitamento do
que é lembrado.
O espírito submetido a essa prova recebe uma Bênção de
esclarecimento, mas deve mostrar-se digno dela pela capacidade de tolerar a
verdade por mais que ela lhe seja desfavorável.
Em seu próprio benefício, deve elevar-se a um plano de
compreensão tal que possa olhar-se com isenção de ânimo e mostrar que no
presente, além de repudiar as atitudes tomadas anteriormente, tem o valor de
aceitar a verdade e de tirar proveito. Que não se envergonhe diante de seus
amigos espirituais. Aceite humildemente a realidade de ter errado, sentido a
alegria de, mesmo assim, contar com amigos zelosos, que por sua vez também já
necessitaram de amparo semelhante e estão como ele, o aprendiz, envoltos no
manto da Misericórdia Divina, a renovar-lhes as oportunidades de trabalho,
nesta cadeia interminável de amparo, que vai de Deus ao mais pequenino dos
seres viventes!
Que se precavenham, os que recordam de se revoltarem contra
si mesmos e contra seus próprios atos. Esta prova de humildade decidirá do
maior ao menor aproveitamento do trabalho. Confiança no Amparo Divino, aliada
ao sentimento de humildade diante da verdade chocante, produzirá a força de
superação que dará ao Espírito, a consciência de sua vitória no presente, pois
que pisa destemido o dragão do erro e da revolta contra si mesmo, mostrando-se
diante da vida tal qual é, sem se perturbar, na certeza íntima da vitória.
Alimentar o sentimento de culpa é demonstrar falta de fé na
possibilidade de renovação que o Senhor nos oferece com a vida radiosa de
Bênçãos. É negar-se à reação ao erro e acomodar-se na indiferença diante da
vida mais alta. É desprezar os meios que o Senhor nos oferece a cada instante para
o aprendizado feliz do Bem Maior.
O sentimento de culpa é uma acusação do espírito a si mesmo.
Deus porém não acusa. Se nos unirmos a Ele seremos auxiliados e não acusados. É
ainda uma rebeldia diante da necessidade de renovar-se e adquirir com esforço
novas possibilidades de ação. É um desejo subconsciente de permanecer inativo, acomodado
às situações que viveu e das quais teria que se esforçar para afastar-se.
Nós não somos culpados. Negamos a admiti-lo! A culpa é um
sentimento negativo estático. Erramos e podemos corrigir hoje com desembaraço
os atos impensados do passado. Diante de Deus não existe culpa; existe
invigilância e erro temporário e após, a renovação através do ressurgimento da
verdade cristalina que desperta a Alma e a induz a desfazer o engano.
Jesus, em sua passagem pela Terra, bem demonstrou qual a
atitude do Pai diante do homem que erra. Não teve uma palavra de recriminação
para a pecadora, não se afastou da samaritana, não se negou a comer com o
publicano. Que significa isto? Que não existe para quem errou a possibilidade
de estar separado do AMOR a não ser que, por si mesmo, dele se afaste.
Guardemo-nos da revolta subconsciente contra nossa própria
condição espiritual. Vamos suportá-la sendo generosos para conosco mesmos, como
generoso é o Nosso Pai que nos assiste. Sejamos humildes diante Dele. Aceitemos
o seu ETERNO AMOR como doente que se submete docilmente aos cuidados de quem o
deseja curar.
Sejamos pacientes e seremos vitoriosos. Suportemos a nós
mesmos tal qual somos, com humildade, porque o NOSSO PAI está providenciando a
nossa renovação através da grande tarefa do AMOR SEM LIMITES .
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A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” - POR LUÍZA CONY
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