Se nos abandonarmos à corrente da vida, indiferentes,
inertes, como uma folha levada pelas águas, os acontecimentos não deixarão de
ocorrer, influindo sobre nós de certa maneira; porém, levaremos um tempo muito
mais longo para realizar a tarefa evolutiva, que nos é obrigatória; mas se,
contrariamente, entrarmos na luta com coragem e decisão, enfrentando os
obstáculos resolutamente e procurando vencê-los face a face, nossa evolução
será mais rápida, nesse período de maior atividade, e colheremos os frutos
benéficos de nosso inteligente esforço.
Se deixarmos que o tempo resolva o caso da transformação
moral por que devemos passar para atingir um grau mais elevado na escala da
perfectibilidade, abandonando-nos cegamente à própria sorte, quando virá para
nós algum progresso? Dentro de quanto tempo poderemos obter alguma melhoria
espiritual?
Mas, ao contrário, se desde já nos esforçamos nesse sentido,
desde já iremos recebendo benefícios, melhorando nossa situação e apressando a nossa marcha. Porque está
escrito que “cada um receberá segundo suas obras”.
Para ser médium não basta servir de instrumento a
manifestação de Espíritos. É preciso, sobretudo, renovar-se moralmente,
espiritualizar-se dia por dia, com base no Evangelho Redentor.
A reforma liberta o indivíduo da escravidão das paixões. Os vícios
escravizam o Espírito na carne, continuam a escraviza-lo, depois da morte,
então, não podendo os viciados satisfazê-los inteiramente, pela ausência do
instrumento carnal, comparecem às sessões de falso espiritismo, assaltam os
médiuns que ai encontram, incorporam-se neles, e dessa forma, se satisfazem,
fumando e praticando outros atos ainda menos edificantes; satisfazem-se também de alguma forma,
vampirizando obsedados ou atacando, nos momentos de fraqueza ou desvario,
pessoas das mais diferentes condições, porém dotados de um certo grau de sensibilidade.
Os vícios afetam o corpo físico e envenenam as células orgânicas, mas as raízes
do desejo estão sempre no espírito e, por isso, quando este desencarna, carrega
consigo esses vícios; mas com as restrições e impedimentos que a nova esfera de
ação lhes favorece, passa a viver
inquieto, atormentado, e por causa disso não pode evoluir; permanece apegado à
Terra, desesperado por voltar e, se por qualquer circunstância não o consegue,
então se revolta e passa a engrossar as legiões de espíritos maléficos,
afundando-se assim, cada vez mais, nas sombras do umbral.
Os mundos de expiação como este nosso, não são o “habitat”
normal, natural, dos Espíritos – que é o Espaço Infinito – mas sim escolas
educativas, oficinas de trabalho forçado, estações provisórias de provações,
tudo dependendo da reforma de cada um.
Se não nos reformarmos, como expiaremos as faltas? E não o
fazendo, como podemos nos libertar das provações?
A reforma, pois, liberta o Espírito do círculo vicioso das
encarnações punitivas, arroja-o para fora dos limites dos mundos inferiores e
lhe abre as portas douradas dos mundos felizes.
***
A “VARINHA MÁGICA” DE LUÍZA CONY
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