segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SIMPLIFICANDO A MEDITAÇÃO


Meditar é voltar para casa, “a sua casa”. Muita gente que está praticando meditação em centros médicos nos Estados Unidos não está interessada nem um pouco em Yoga, gurus, mestres zen, ou iluminação. O segredo é desmistificar inteiramente a meditação do seu conteúdo exótico, já que os pacientes estão sofrendo, buscando um alívio. Meditação só tem a ver com concentração de uma determinada maneira. O que todos somos capazes de fazer.
A prática de meditação e yoga na clínica de redução do stress e parece fazer sentido para as pessoas porque tentam penetrar no âmago do que significa trabalhar com a mente agitada, entrando em estados profundos de relaxamento. Uma das formas de ver a meditação é como uma espécie de tecnologia intrapsíquica, que vem sendo desenvolvida há milhares de anos por tradições que conhecem profundamente a relação mente/corpo. Vamos começar de maneira inusitada?
Vejam bem, o primeiro exercício de meditação que faremos não é respiratório, tampouco sentar-se na postura completa de lótus, nem fingir que estamos num museu de belas artes, ou plantar bananeira, ou alguma coisa estranha. Vamos apenas comer uma uva-passa – mas comê-la atenta e conscientemente. A pessoa olha a uva-passa, sente-a, cheire-a com atenção, leva-a devagar, reparando que logo a saliva começa a ser secretada pelas glândulas salivares. Depois põe a passa dentro da boca e começa a saborear essa coisa que em geral se come automaticamente, um punhado de cada vez, ás vezes passando para o punhado seguinte antes de acabar de mastigar o primeiro. Nesse exercício as pessoas compreendem: “Meu Deus, eu nunca saboreio passas, estou tão ocupado comendo que nem sinto o sabor”.
A partir daí você pode perceber que pode não estar realmente em contato com muitos momentos da vida, pois está tão ocupado de um lado para outro que não vive o presente. E a vida de uma pessoa é a soma de seus momentos presentes. Perde-se grande parte deles, talvez se percam realmente grande parte da infância e da juventude dos filhos, magníficos pores-do-sol, a beleza do próprio corpo. Pode-se estar alheio a todos os tipos de experiências internas e externas apenas porque está demasiado ocupado com - onde se quer chegar, o que se espera que aconteça ou não aconteça. Quando se presta atenção no ato de comer, percebe-se que ele inclui numerosas coisas diferentes: o mastigar, o saborear, o funcionamento da língua, - tudo isso tendo a ver com a concentração no ato de comer, no momento presente.
A maioria de nós faz um monte de coisas enquanto come. Come e lê jornal. Come e conversa. Come e assiste televisão. E às vezes, come tão depressa que fica completamente desligado da comida... comer devagar e degustar ajudam a nos trazer para o momento presente . Depois, transferimos a consciência da comida para a respiração da mesma forma”. A respiração é essencial em qualquer aspecto do treinamento da meditação. Quando se experimenta o fluxo da respiração, com frequência surge a mesma reação verificada ao se comer a passa com consciência: - “Puxa, não imaginava que respirar fosse uma experiência tão boa”. A mente voa, divaga, distrai-se. Divagação é o estado normal da mente. A mente vai ara algum lugar, o corpo fica aqui. Nesse estado a pessoa não atua em sua melhor forma. Qualquer atleta sabe disso. Quando se sobre num trampolim, a 13 metros do solo, a mente e o corpo têm de estar juntos naquele lugar. Não pode estar pensando m como vai aparecer na televisão ou se vai bater com a cabeça no trampolim. Tem de estar inteiramente calmo e presente, concentrado naquele momento. A mente não desenvolvida nem treinada é geralmente muito dispersa. A mente parece ter vida própria, ela quer circular por lugares diferentes e é muito difícil concentrar-se.
Meditação é uma forma de olhar em profundidade a conversa da mente com o corpo e se tornar mais consciente de seus padrões. Observando-a, a pessoa liberta-se da conversa interior e se acalma.
Meditar significa perceber que a mente conversa constantemente. E essa conversa termina sendo a força que nos impulsiona a maior parte do dia, em ermos do que fazemos, ao que reagimos e como nos sentimos. Se a mente se desgarra um milhão de vezes, simplesmente a trazemos de volta um milhão de vezes. Pode-se concluir que o relaxamento fisiológico profundo que acompanha a meditação é em si mesmo uma cura.
O primeiro instrumento criado na índia foi a flauta, simbolizando a voz humana. Para o Hindu a música não é um divertimento nem uma distração. Ela responde aos mais profundos anseios da alma. Além da beleza da música há ainda, a ternura, que traz vida ao coração. Para a pessoa de sentimentos educados, de pensamentos ajustados, a vida neste mundo é dura. É conflitiva, e, algumas vezes, tem um efeito enregelante. Faz com que o coração, por assim dizer, congele. Em tal situação, a pessoa experimenta depressão, e sua vida inteira torna-se sem graça. E a própria vida que nos foi dada, para ser um céu torna-se um lugar de sofrimento. Se pudermos focalizar nosso coração na música, isso funcionará como algo que vem aquecer o que está congelado. O coração volta à sua condição natural e o ritmo regula suas batidas, o que o ajuda a restaurar a saúde do corpo, da mente e da alma, trazendo-os à sua verdadeira afinação.
A alegria de viver depende da perfeita sintonia da mente e do corpo.
Os músicos indianos dedicam 12 ou mais horas do dia à prática de diferentes ritmos, improvisando em suas vinas. Ao cabo desse tempo, conseguem produzir um efeito psicológico que já não é mais música mas magia. Uma magia que pode emocionar as pessoas e penetrar no coração do homem. É uma meditação, um sonho, um paraíso. O que existe de maravilhoso na música é que ela ajuda o homem a concentrar-se e a meditar independente do pensamento. A música assemelha-se a uma ponte posicionada sobre um golfo existente entre a forma e a não forma.
A “Varinha Mágica” de Luíza Cony

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