sábado, 7 de outubro de 2017

BOM E MAU USO DA LIBERDADE – PARTE IV


Alguns dizem que Deus poderia ter criado as almas perfeitas e evitar-lhes assim as vicissitudes da vida terrena. Sem indagar, por ora, se Deus poderia formar seres iguais a si, diremos que a vida e a atividade universais, a verdade, o trabalho e o progresso não ocorreriam, e o mundo ficaria cristalizado em sua  imóvel perfeição. A magnífica evolução dos seres através dos tempos não é mil vezes preferível ao triste e eterno repouso? Um bem gratuito e imerecido seria realmente um bem e aquele que o ganha sem esforço lhe daria o justo valor?
Diante do grande espetáculo de nossas existências, cada uma delas trava uma batalha para a conquista da luz, diante desta ascensão grandiosa do ser que se eleva de ciclo em ciclo para a perfeição, o problema do mal desaparece.
Libertar-se das baixas regiões da matéria e subir todos os degraus da hierarquia espiritual, emancipar-se do jogo das paixões e conquistar, uma a uma, todas as virtudes, todo o saber, este é o fim pelo qual a Providência Divina criou as almas e dispôs os mundos, campos predestinados de nossas lutas e de nosso trabalho. Acreditemos nela, bendizendo-a; acreditemos nesta providência generosa que tudo fez pelo nosso bem; recordemo-nos que se, em sua obra, se encontram lacunas, elas derivam de nossa ignorância e de nossa limitada razão.
Acreditemos em Deus, grande espírito da natureza, que preside ao triunfo definitivo da Justiça no Universo; confiemos em sua sabedoria, que reserva prêmios para todos os sofrimentos, alegrias para todas as dores, e prossigamos com determinação para os destinos que Ele nos prefixou.
É belo, consolador e de delicada doçura poder caminhar durante a vida com a fronte erguida para os céus, sabendo que mesmo entre as tempestades, em meio às provas mais duras, no cárcere como à beira dos abismos, uma Providência, uma Lei Divina nos guia, rege nossos atos, e de nossas lutas, de nossas dores, de nossas lágrimas, faz brotar a nossa alegria e o nosso bem; nesta crença o ser humano encontra toda a sua força de caráter íntegro.
                                                           ***
Não basta arrepender-se – é necessário converter-se.
A palavra grega que o Evangelho usa para “conversão” é Metanóia, que quer dizer literalmente “transmentalização”. Alguns tradutores traduzem esta palavras por “arrependimento”, outros, ainda pior, por “fazer penitência”. A única tradução exata é transmentalizar-se, ou converter-se, isto é, ultrapassar a sua mente ego e entrar no seu espírito EU. Judas arrependeu, mas não se converteu, e por isto se suicidou. Arrepender-se é detestar o mal que se fez; converter-se é detestar o mal e fazer o bem.
                                                           *****
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” POR LUÍZA CONY



Nenhum comentário:

Postar um comentário