Alguns dizem
que Deus poderia ter criado as almas perfeitas e evitar-lhes assim as
vicissitudes da vida terrena. Sem indagar, por ora, se Deus poderia formar
seres iguais a si, diremos que a vida e a atividade universais, a verdade, o
trabalho e o progresso não ocorreriam, e o mundo ficaria cristalizado em
sua imóvel perfeição. A magnífica
evolução dos seres através dos tempos não é mil vezes preferível ao triste e
eterno repouso? Um bem gratuito e imerecido seria realmente um bem e aquele que
o ganha sem esforço lhe daria o justo valor?
Diante do
grande espetáculo de nossas existências, cada uma delas trava uma batalha para
a conquista da luz, diante desta ascensão grandiosa do ser que se eleva de
ciclo em ciclo para a perfeição, o problema do mal desaparece.
Libertar-se
das baixas regiões da matéria e subir todos os degraus da hierarquia
espiritual, emancipar-se do jogo das paixões e conquistar, uma a uma, todas as
virtudes, todo o saber, este é o fim pelo qual a Providência Divina criou as
almas e dispôs os mundos, campos predestinados de nossas lutas e de nosso trabalho.
Acreditemos nela, bendizendo-a; acreditemos nesta providência generosa que tudo
fez pelo nosso bem; recordemo-nos que se, em sua obra, se encontram lacunas,
elas derivam de nossa ignorância e de nossa limitada razão.
Acreditemos em
Deus, grande espírito da natureza, que preside ao triunfo definitivo da Justiça
no Universo; confiemos em sua sabedoria, que reserva prêmios para todos os
sofrimentos, alegrias para todas as dores, e prossigamos com determinação para
os destinos que Ele nos prefixou.
É belo,
consolador e de delicada doçura poder caminhar durante a vida com a fronte
erguida para os céus, sabendo que mesmo entre as tempestades, em meio às provas
mais duras, no cárcere como à beira dos abismos, uma Providência, uma Lei
Divina nos guia, rege nossos atos, e de nossas lutas, de nossas dores, de
nossas lágrimas, faz brotar a nossa alegria e o nosso bem; nesta crença o ser
humano encontra toda a sua força de caráter íntegro.
***
Não basta
arrepender-se – é necessário converter-se.
A palavra
grega que o Evangelho usa para “conversão” é Metanóia, que quer dizer
literalmente “transmentalização”. Alguns tradutores traduzem esta palavras por “arrependimento”,
outros, ainda pior, por “fazer penitência”. A única tradução exata é transmentalizar-se,
ou converter-se, isto é, ultrapassar a sua mente ego e entrar no seu espírito
EU. Judas arrependeu, mas não se converteu, e por isto se suicidou. Arrepender-se
é detestar o mal que se fez; converter-se é detestar o mal e fazer o bem.
*****
A “SENTINELA
DA EVOLUÇÃO HUMANA” POR LUÍZA CONY
Nenhum comentário:
Postar um comentário