segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O HOMEM ESPIRITUAL DEVE SER PROFUNDAMENTE SOLITÁRIO COM DEUS – PARTE II


É opinião bastante comum entre os inexperientes que o ser humano espiritual deva evitar a publicidade e procurar o mais possível a obscuridade da solidão e do anonimato, a fim de não perder a sua sacralidade e cair vítima da profanidade. E, de fato, essa solidão e esse anonimato são necessários, embora num sentido diferente daquele que os profanos supõem. O ego físico - mental do ser humano comum deve desaparecer no anonimato, e o seu EU DIVINO deve viver em profunda solidão.
O homem espiritual deve ser profundamente solitário com Deus, para que possa ser vastamente solitário com todas as criaturas de Deus: assim não há perigo de profanação.
Ai daquele que perder a sua silenciosa sacralidade em Deus! De nada lhe servirá a sua ruidosa sociabilidade com os homens e o mundo.
Em suas relações com Deus é todo ser humano profundamente só e solitário; ninguém o pode acompanhar a essas alturas e profundezas, envoltas em eterno silêncio. Ninguém poderá saber jamais o que se passa entre a Alma e Deus, nas silenciosas alturas do Himalaia ou na taciturna vastidão do Saara onde se dá esse encontro entre Deus e a Alma humana.
A experiência mística se dá para além das barreiras do tempo e do espaço, no anonimato do “terceiro céu”, e por isto é essencialmente intransferível e incomunicável; o que é dito à alma, nessa luminosa escuridão, são “ditos indivisíveis”.
Essa solidão vertical é necessária e não pode jamais ser substituída pela sociedade horizontal. Esse santuário íntimo do ser humano é indevassável; nem as relações mais íntimas, de pai e filho, de mãe e filha, de esposo e esposa, de amigo a amigo, de irmão e irmã, podem desvendar esse mistério. Onde não existe e persiste essa solidão cósmica, esse profundo silêncio metafísico, esse indevassável anonimato místico entre a alma e Deus, toda a publicidade é um perigo e uma profanação, é uma deserção da Fé e portanto, uma infidelidade cometida contra a sacralidade do EU DIVINO. O ser humano que não possua suficiente fidelidade a seu EU DIVINO não deve arriscar-se à publicidade; não deve colocar-se no alto do candelabro ou no cume do monte; é preferível que fique debaixo do alqueire ou no fundo do vale, onde não há perigo de quedas catastróficas. Quanto mais alto o ser humano está, mais profundamente poderá cair, se essa altura lhe der vertigens.
O perigo da vertigem vem da ilusão de que essa sublime posição seja obra do seu ego personal, vem do erro fatal de que a criatura humana tenha criado essa glória no alto do candelabro ou no cume do monte. Duas vezes, diz um grande iniciado o oriental Brahman, se sorri do homem, da primeira vez, quando o homem afirma: “Eu faço isto, eu faço aquilo”, e da segunda vez quando o homem diz: “Eu vou morrer”.
Ambas, o homem confunde o seu verdadeiro Eu com o seu pseudo-EU.
Quando o homem  pensa que é ele – seu ego personal – que faz isto ou aquilo, e não o “Pai dos Céus” – o seu EU DIVINO: quando o homem pensa que o seu eterno e imortal EU DIVINO vai morrer – então se revela totalmente analfabeto no conhecimento de si mesmo.
Onde há ilusão há possibilidade de queda. Só quando a totalidade da ilusão cedeu à totalidade da verdade é que há segurança absoluta.
Tem-se dito que a experiência mística torna o homem orgulhoso e desprezador de seus semelhantes, os orgulhosos e desprezador de seus semelhantes, os “profanos” lá embaixo. Quem assim pensa e fala não sabe o que quer dizer experiência mística.
Esse orgulho é possível no caso da pseudo-mística, quando o homem atribui a sua espiritualidade ao mérito de seu ego personal, ignorando que “todo o dom perfeito vem de cima, do Pai das Luzes”, e que a iluminação espiritual é obra da graça divina. Mas ninguém pode orgulhar-se daquilo que é Deus, só se pode envaidecer de algo que seja do seu ego.

A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY

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