sexta-feira, 8 de julho de 2016

“ALEGRAI-VOS, PORQUE OS VOSSOS NOMES ESTÃO ESCRITOS NO LIVRO DA VIDA ETERNA”



Certo dia, regressaram os discípulos de Jesus de uma excursão apostólica e referiram ao mestre, cheios de jubiloso entusiasmo, que os próprios demônios lhes estavam sujeitos. O Mestre, porém, replicou calmamente: “Não vos alegreis pelo fato de que os demônios vos estão sujeitos; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos no livro da vida eterna”. Com outras palavras: O alvo principal do apostolado não está nos resultados visíveis da atividade externa, mas sim na invisível realidade da santidade interna. – SER É MAIS IMPORTANTE QUE FAZER.
Até os dias atuais são em mais numerosos os homens que põem maior ênfase nas atividades externas do que na atitude interna; dificilmente compreendem que esta é a mais importante do que aquelas.
A atividade social não tem valor autônomo em si mesma, se não brotar da atividade mística do homem. Pouco importa, e muitíssimo, é o que o homem é. Podem os trabalhos de Maria ser bons e louváveis em si mesmos, mas se não forem o natural eflúvio e a  manifestação espontânea da atitude interna de Maria são outros tantos zeros, pequenos e grandes, cuja soma ou produto será igual a zero.
1 – Essas atividades, facilmente, embalam seu autor numa falsa segurança, criando nele uma complacente auto suficiência, em face dos resultados colhidos, impedindo-o de passar para além daquilo que já realizou, ou julga ter realizado. Essa  suave autoilusao e complacente suficiência é o maior desastre espiritual para o homem externamente ativo e internamente passivo, porque o faz entrar numa zona de estagnação espiritual. Ai do homem plenamente satisfeito com seus trabalhos externos!
O único fator que pode preludiar a sua redenção é uma profunda insatisfação consigo mesmo – incomparavelmente mais importante que os mais gloriosos trabalhos no plano horizontal é a intensificação do ser vertical. Pouco vale o fazer, o dizer e o ter no mundo dos objetivos quantitativos, se no mundo do sujeito qualitativo não existir um profundo ser.
2 – O segundo perigo está em que esse homem exteriorizado julgue influir sobre seus semelhantes com o que faz e diz – quando é impossível promover a verdadeira conversão de outrem se eu mesmo não sou um genuíno e autêntico convertido, isto é, um homem intimamente unido a Deus. Só o meu Ser é que pode influir sobre o ser de outros; mas se o meu Ser é fraco não poderia dar força aos fracos. Só um poderoso positivo é que pode atuar sobre os negativos em derredor! Se eu mesmo não for 100% positivo, por uma intensa e profunda experiência de Deus, não poderei exercer influência real sobre os outros, igualmente negativos. Podem os meus ouvintes ou leitores admirar-me, sim, e aplaudir-me; mas não se sentirão com forças para abandonarem o mundo noturno das suas misérias morais e entrar no mundo diurno da virtude e santidade, porque não veem esse mundo concretizado em minha pessoa. E mesmo no caso favorável que julgassem esse mundo divino realizado em mim, não se converteriam realmente a Deus, pois não são as aparências que atuam, mas sim a realidade, realidade essa, que, nesse caso, estaria ausente em mim. Posso sim, dizer mil vezes, com grande eloquência, que esse  mundo do espírito é grandioso e belo, e os leitores e ouvintes, na melhor das hipóteses crerão nas minhas palavras – mas do Crer ao Ser vai distância enorme.
Crer – é uma teoria longínqua e vaga – Ser – é uma realidade propínqua e forte. É dificílima a transição do Crer para o Ser, e se ninguém vir esse ser concretizado numa pessoa humana, dificilmente passará a encarnar o seu longínquo Crer num propínquo Ser, isto é, não se converterá porque não me convertido. O convertido é aquele que pode, em verdade dizer: “Eu e o Pai somos um”. Já não sou eu que vivo, o Cristo é que vive em mim”.

A “Varinha Mágica” de Luíza Cony

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