segunda-feira, 18 de julho de 2016


Conforme cita o dicionário, entende-se como Fé a confiança que se tem na realização de alguma coisa, para atingir determinado fim, ou a Fé que se tem em alguém ou em si próprio; fidelidade em honrar seus compromissos; lealdade; garantia; ter fé no futuro.
Filosoficamente, adotando-se o ponto de vista da escolástica (Escola Filosófica), a Fé é crença religiosa sem fundamento em argumentos racionais, embora, eventualmente, alcançando verdades compatíveis com aquelas obtidas por meio da razão.
Do ponto de vista religioso, a Fé é um sentimento inato que o homem possui da existência de Deus, bem como de sua própria trajetória evolutiva neste Planeta. Consiste, além da convicção no Supremo Arquiteto do Universo, na crença em dogmas especiais que quase todas as religiões adotam. A Fé, independentemente de religião, é confiança das criaturas em seus destinos, é o sentimento que as eleva à Infinita Potência da Divindade; é a certeza de estarem no caminho que vai ter à verdade.
A Fé esclarecida é foco poderoso que ilumina com brilhante luz a infinita estrada que todos nós temos a percorrer. A Fé religiosa pode ser raciocinada ou cega. A Fé cega é como farol cujo clarão não pode penetrar nem transpassar o nevoeiro. Nada examinando, a Fé cega aceita, sem verificação, tanto o falso quanto o verdadeiro, chocando-se, a cada passo, com a evidência e a razão, sem aceita-las.
Já a Fé religiosa, levada ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde desmorona. Somente a Fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada teme do progresso das luzes (ciências), dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é, à luz meridiana.
Há vários tipos de Fé: de ofício, pública, conjugal, patriótica, de citação, pérfida, falsa fé, artigo de fé, ato de fé, confissão de fé, profissão de fé, etc. em sentido moral, a confiança em suas próprias forças torna o homem capaz de executar coisas materiais, o que não consegue fazer quem duvida de si próprio.
A Fé robusta imprime perseverança e energia, obtendo-se os recursos que fazem com que se vençam os obstáculos pequenos ou grandes.
A Fé sincera e verdadeira é sempre calma, pois se apoia a inteligência e na compreensão das coisas para chegar ao objetivo visado.
Da Fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação, de que se aproveitam os adversários, tais como as dificuldades, resistências, má vontade, preconceitos, interesse material, egoísmo, fanatismo e paixões. A Fé vacilante não procura os meios de vencer porque não acredita que o possa conseguir.  Ela sente, de antemão, sua própria fraqueza.
A confiança na Fé da uma espécie de lucidez que permitir se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de lá chegar, dando a quem a possui a segurança necessária para a sua aspiração.
Não se deve confundir a Fé com a presunção, isto é, julgamentos baseados em indícios ou aparências. A Fé verdadeira atém-se à humildade. Aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio, pois somos, independentemente de querermos ou não, simples instrumentos de Deus.
A Fé não se prescreve nem se impõem. Quando se fala das verdades espirituais básicas e não de tal ou qual crença particular, a Fé se adquire e ninguém há que esteja impedido de possui-la, bastando procura-la sinceramente. As provas que propiciam a aquisição da Fé estão à nossa volta: da parte de uns, há descaso, da de outros, o temos de serem forçados a mudar de hábitos; da parte da maioria, há o orgulho, negando-se a reconhecer a existência de uma força superior, porque teria que se curvar diante dela.
Em certas pessoas, a Fé parece de algum modo inato; uma centelha basta para desenvolvê-la. Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais é sinal evidente de progresso anterior. Em outras, a Fé não está presente; são criaturas de natureza retardatária. As primeiras já creram e compreenderam; trazem, intuitivamente, o conhecimento. As segundas estão com o conhecimento por adquirir.
A Fé necessita que a inteligência apreenda perfeitamente aquilo em que se deve crer. E para crer, não basta ver, é preciso compreender. Os dogmas religiosos da Fé cega produzem, hoje, o maior número de incrédulos, porque, para se imporem, exigem a abdicação das maias preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. A Fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. Crê-se porque se tem certeza e tem-se certeza porque compreendeu. E, como diz Allan Kardec com respeito á Fe: - “Se todas as criaturas encarnadas estivessem suficientemente persuadidas da força que trazem consigo, e se quisessem pôr a sua vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o que até hoje chamais de prodígios e que é simplesmente o desenvolvimento das faculdades humanas”.
A futura Fé, a que todos nós aspiramos e que já está emergindo das espessas sombras que ainda nos envolvem, não será nem católica, nem evangélica, nem mulçumana, nem budista, ou de qualquer outra crença religiosa; será, sim, a Crença Universal das Almas, aquela que reinará em todas as sociedades adiantadas do mundo e do espaço sideral, aquela que fará cessar o antagonismo que separa atualmente a ciência da religião, porque com ela, a ciência se tornará cada vez mais religiosa, assim como a religião se tornará cada vez mais cientifica.
Um só pensamento me vem neste final de texto: - “Não há Fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face em todas as épocas da Humanidade”.


A “Varinha Mágica” de Luíza Cony

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