domingo, 5 de novembro de 2017

A ALMA É NASCIDA PARA O BEM – PARTE I


Um dos problemas que mais preocupam os filósofos e os teólogos  é do livre arbítrio: conciliar a vontade e a liberdade do homem com o fatalismo das leis naturais e com a vontade divina, parecia tanto mais difícil quanto um cego acaso parecia pesar, aos olhos de muitos, sobre o destino humano. O ensinamento dos espíritos esclareceu o problema: a fatalidade aparente que semeia de males o caminho da vida, não é mais que a consequência lógica do nosso passado, um efeito por nós mesmos aceito antes de renascer, e que nossos guias espirituais nos sugerem para nosso bem e nossa elevação.
Nas camadas inferiores da criação, o ser não tem ainda consciência, apenas a fatalidade do instinto o obriga, e não é senão nos tipos superiores da animalidade que surgem, timidamente, os primeiros sintomas das faculdades humanas. A alma, unida ao ciclo humano, desperta para a liberdade moral, o juízo e a consciência desenvolvem-se cada vez mais no curso de sua imensa parábola: colocada entre o bem o e mal, ela faz o confronto e escolhe livremente, tornada sábia pelas quedas e pela dor; e na prova, sua experiência forma-se e sua força mental se firma.
A alma humana, livre e consciente, não pode mais recair na vida inferior: suas encarnações sucedem-se na dos mundos até que, ao fim de seu longo trabalho, tenha conquistado a sabedoria, a ciência e o amor, cuja posse a emancipará para sempre das encarnações e da morte, abrindo-lhe a porta da vida celeste.
A alma alcança seus destinos, prepara suas alegrias ou dores, exercendo sua liberdade, porém, no curso de sua jornada, na prova amarga e na ardente  lutas das paixões a ajuda superior não lhe será negada e, se ela mesma não a afasta, por parecer indigna dela, quando a vontade se afirma para retomar o caminho do bem, o bom caminho, a providência intervém e propicia-lhe ajuda e apoio.
Providência é o espírito superior, o anjo que vigia na desventura, o consolador invisível cujas inspirações aquecem o coração enregelado pelo desespero, cujos fluidos vivificadores fortalecem o peregrino cansando; providência é o farol aceso na noite para salvação daqueles que erram na tempestade marítima da existência; providência é, ainda e sobretudo, o amor divino que se derrama sobre suas criaturas. E quanta solicitude, quanta providência neste amor! Não suspendeu os mundos no espaço, acendeu os sóis, formou os continentes, os mares, para servir de teatro à alma, de campo aos seus progressos?
Esta grande obra da criação cumpre-se somente para a alma, para ela combinam-se as forças naturais, os mundos deixam as nebulosas.
A alma é nascida para o bem, mas para que ela possa apreciá-lo na justa medida, para que possa conhecer-lhe todo o valor, deve conquista-lo desenvolvendo livremente as próprias potencialidades: - A liberdade de ação e a responsabilidade aumentam com sua elevação, pois quanto mais ela se ilumina mais pode e deve conformar a sua obra pessoal às leis que regem o Universo.
A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY


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