sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O TEMPO CERTO PARA A TRANSFORMAÇÃO INTERNA NO SER HUMANO – PARTE II



A sensível forma de perceber o mundo,  deixa o coração sem sossego, toda vez que a vida não acontece do jeito e no tempo que havíamos programado.
O inevitável movimento das horas, da dinâmica existencial que nos faz sofrer a demora das esferas, de nossa confessável incapacidade de lidar com o entrelaçamento  do passado, presente e futuro. Sim, a vida nos mostra. É preciso sabedoria para que não sejamos estrangulados pelo peso desse encontro. É compreensível.
São três tempos disputando o espaço de um coração. O passado, com sua facilidade de nos atribuir a responsabilidade de culpas, tornando nossa vida um eterno tribunal, cujo julgamento nunca poderá nos conceder uma sentença satisfatória.
O presente, com suas pressões que nos cegam, com urgências que nos privam de saborear as escolhas. E o futuro, esse senhor misterioso tecido de névoas, esperanças e incertezas.
O ser humano nunca foge a esse conflito. É no trevo desse encontro que nos descobrimos cronológicos. O relógio nos comanda. A estrutura de nossa vida passa por agendas repletas de compromissos. Eles cumprem o ofício de nos dar a breve sensação de utilidade. Quanto mais cheia, melhor. Grifamos os dias no calendário, e nos grifos nos equivocamos. Reservamos horas preciosas às futilidades. Maquiamos o frívolo, damos a ele uma falsa essencialidade. Posicionamos na convergência os três tempos –  passado, presente, futuro, - sofremos as consequências de não sabermos as consequências de não sabermos articula-los com sabedoria. Presenteamos pelo presente, renunciamos ao dom que ele representa.. Focados em passados e futuros, colocamos nosso empenho em terrenos ardilosos, gastamos nosso sangue com questões que só o distanciamento nos mostrará que eram inúteis. Mas nunca é tarde para reformular essa relação. Há um ponto de onde podemos partir. A sabedoria bíblica nos ensina que “para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu”.
Viver sabiamente talvez seja isso.
Alcançar a serenidade que nos permite sorver bem um dia de cada vez. O preceito é sugestivo. Nele está latente a articulação harmoniosa da cronologia. Passado e futuro se prestando a banhar o presente com a luz do discernimento.
As vozes humanas quebram os grilhões das horas, a prece desfaz o condicionamento que aprisiona o Universo. Não é noite nem dia. É eterno.
É a partir dessa mística que descobrimos o tempo que não é tempo – o Kairós  - como os gregos chamavam – o tempo certo. O momento que quebra o determinismo dos outros momentos, a luz que desfaz o monocromático da rotina e banha com novo sentido novas cores a cronologia que nos envolve. E então compreendemos a espera como preparo do “momento oportuno”. A oração nos ajuda a compreender os limites humanos.
O estado psicológico se mistura à nossa vida, assim como a gota de água, símbolo de tudo o que é humano, se mistura a tudo o que é da alma – símbolo de tudo o que é Divino. Muita coisa está em jogo, mas estamos inteiros. Deus e nós. Distintos, mas unidos.
E após esta experiência tão íntima, pura e verdadeira, sentimos o Cristo dentro de nós. E escondido, revela-se. É o processo da transformação. Na cronologia que nos cerca, Ele semeia – o SEU tempo de graças.
Envolvidos por SUA ação generosa, avançamos na SUA direção. A mentalidade antiga e tão marcada por posicionamentos mesquinhos vai dando espaço a uma aperfeiçoada forma de olhar para o mundo. E então seremos modificados na mais simples percepções. Compreendemos que Deus diz sim mesmo quando nos nega o que pedimos. Que nos livra de sofrimentos maiores quando nos frustra.
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A “SENTINELA DA EVOLUÇÃO HUMANA” – POR LUÍZA CONY

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