sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O ENTENDIMENTO DE SI MESMO


O homem é um ser muito complexo. Somatório das suas experiências passadas tem, no inconsciente, um completo arquivo da raça, da cultura, das tradições que lhe influem no comportamento. Por outro lado, a educação, os hábitos, os fenômenos psicológicos e fisiológicos estão a alterá-lo a cada momento.
O inconsciente, como efeito, está sempre a ditar-lhe o que fazer e o que não realizar, inclinando-o numa ou noutra direção. Todavia, o mecanismo essencial da vida impulsiona-o para o progresso, para a evolução, mediante programas de autoburilamento, de orientação, de trabalho. O resultado natural  deste processo é uma mente confusa, buscando claridade; são problemas psicológicos, aguardando solução. Torna-se imperiosa a adoção de propósitos para saber o motivo da confusão mental e entender os problemas, antes de tentar solucioná-los superficialmente, deixando em aberto novas dificuldades deles decorrentes.
A solução de agora pode satisfazê-lo por momentos, porém se não são entendidos, eles retornam por outro processo, permanecendo na condição de conflitos a resolver.
Para que se mantenha o propósito de entendimento de si mesmo e da vida, faz-se necessário adquirir um conhecimento integral de cada fato, sem julgamento, sem compaixão, sem acusação. Examiná-lo com imparcialidade, na sua condição de fato que é, com uma mente inocente, sem passado, sem futuro, apenas presente, mediante uma honesta compreensão, é a forma segura de o entender, portanto, de o  perceber e digeri-lo convenientemente, sem dar margens a novos comprometimentos.
O entendimento de si mesmo, a fim de encontrar as raízes dos problemas, para extirpá-los, exige uma energia permanente, um propósito perseverante, mantidos com inteireza moral e psicológica. Em caso contrário, desejam-se apenas, informações verbais, sem consequências mais profundas. Todos os problemas existentes no homem, dele mesmo procedem, das suas complexidades, do domínio do seu ego.
Normalmente, em razão do próprio passado, as tentativas de manter os propósitos de autoconhecimento, sem acumulação de dados especulativos, mas de real identificação de si mesmo, redundam em insucesso pela falta de perseverança, pelo desânimo diante das dificuldades do começo da busca pessoal e pelo desinteresse de libertar-se dos conflitos.
O homem se queixa que o autoconhecimento exige  despesa de energia face ao desgaste que o esforço provoca. Talvez não seja necessária uma luta como a que se trava em outras atividades. A manutenção dos conflitos produz mais consumo de forças. Basta uma atitude de desvalorização dos problemas, como quem deixa cair um fardo simplesmente, ao invés de empenhar-se por atirá-lo fora.
A manutenção dos propósitos de renovação e auto-aprimoramento e resultado de uma aceitação normal e de todo momento da necessidade de autodescobrir-se , morrendo para as contradições e ansiedades os medos e rotinas se impregna, o homem se plenifica interiormente, sem neurose ou outros quaisquer fenômenos psicóticos, perturbadores da personalidade e da vida.

A “VARINHA MÁGICA” DE LUÍZA CONY

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